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quarta-feira, 20 de setembro de 2017

AS MUHERES DE ATENAS NÃO ERAM COMO AS DE ESPARTA


A vida adulta pré-conjugal dos homens de Atenas era bem animada. Curtiam longos anos com amigos, prostitutas, escravos (ou escravas). Já às mulheres era reservado outro destino na sociedade: casavam-se aos 15 anos, com um desconhecido com o dobro de sua idade. Tinham filhos e passavam o resto da vida no papel de esposas e mães.

O casamento arranjado entre as famílias tinha seus rituais. Primeiramente, como o objetivo maior era a manutenção do patrimônio familiar, sem ter de o dividir com outra família de fora do círculo mais próximo, em geral, dava-se entre parentes. O solo rochoso e infértil da região da Grécia fez valorizar muito a propriedade de terras.

As mulheres atenienses não tinham todos os direito de cidadania, não tinham acesso à educação formal, não podiam realizar transações comerciais de valores mais elevados – em geral, possuíam apenas roupas e jóias. A herança era transmitida pela linhagem masculina.

O governante grego Sólon decretou até que nenhum fato realizado sob influência feminina seria reconhecida pela Justiça. A medicina grega cria que a energia reprodutiva era exclusiva do homem. A mulher seria apenas uma espécie de terra fértil em que se depositava a semente.

A vida das mulheres se alternava entre dois guardiões que elas deveriam respeitar: o pai; depois, o marido. Se o marido morresse, a função era transmitida ao filho.

O pai da noiva deveria pagar o dote: espécie de seguro-caução, que deveria ter devolvido em caso de divórcio.

A libertinagem no universo masculino grego ajudou na criar a reclusão doméstica a que as mulheres viviam submetidas. Para sua presença em visitas a familiares e em celebrações religiosas, era imprescindível que estivessem bem veladas. No resto do tempo elas circulavam pelos ambientes femininos da casa. Até mesmo aparecer na janela deveria ser evitado por elas. Os quartos das mulheres geralmente ficavam distantes da rua e nos andares superiores, preferencialmente. Quando uma visita chegava, imediatamente se recolhiam a seus aposentos.

A educação feminina girava em torno de atividades domésticas: cuidar da casa e da família, gestar filhos, preparar refeições, tecer roupas... e não desperdiçar o dinheiro do esposo.

Como a história grega foi escrita por e para homens, os registros femininos quase que se resumem a pedidos, escritos em plaquinhas de metal, no Oráculo de Zeus. Lêem-se verdadeiras maldições voltadas contra outra pessoa, em geral contra outras mulheres. Pedidos para que Zeus impedisse um casamento do homem amado com outra mulher, desejos de mortes terríveis a uma concorrente a pretendente de alguém e muito mais. Uma delas dizia: “Eu amaldiçôo Aristóclides e qualquer mulher que tire a roupa para ele. Zeus, nunca deixe que ele se case com outra mulher!”

Todo esse arcabouço cultural poderia ter alterado por alguns fatores, como guerras prolongadas. Em Esparta, por exemplo, a mais belicosa cidade grega, as mulheres tinham um espaço na sociedade invejável em relação às atenienses - resultado do decréscimo avassalador da população masculina, em função de inúmeros conflitos. As famílias espartanas eram matriarcais, as mulheres poderiam possuir terras e desfilavam muitos outros direitos civis.
     

Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “Luxúria: como ela mudou a história do mundo”


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