Sempre precisei de um
pouco de atenção
Acho que não sei quem
sou
Só sei do que não
gosto
E destes dias tão
estranhos
Fica a poeira se
escondendo pelos cantos
É um fato e é bastante fácil de perceber: quanto mais
populosas se tornam as cidades, conforme mais pessoas nos cercam, mais
sozinhos, solitários nos sentimos. A vida em comunidades com número reduzido de
pessoas costuma dedicar mais atenção e cuidados ao indivíduo.
Os segundo e terceiro versos falam de algo bem comum:
pessoas que se definem por meio de negação. Não consegue explicar quem é, sabe
apenas enumerar aquilo que a desagrada.
Os dois últimos versos lembram apenas tédio e solidão,
claramente o tema por trás da primeira estrofe.
Esse é o nosso mundo
O que é demais nunca
é o bastante
E a primeira vez é
sempre a última chance
Ninguém vê onde
chegamos:
Os assassinos estão
livres, nós não estamos
Os dois primeiros versos da estrofe acima falam de uma
constatação simples e moderna: quando a vida se torna vazia, as pessoas tendem
a acumular bens, buscando preencher aquele vazio. Rapidamente ela percebe que poucas
coisas são capazes de suprimir o vazio d`alma... e nenhuma delas se relaciona a
bens.
O terceiro verso também traz um ensinamento para nosso
cotidiano: a vida nos permite apenas uma chance de abraçar uma oportunidade.
Não a desperdice.
Os dois versos que fecham a estrofe fazem clara menção à
violência urbana. Seria ela resultado dos tantos vazios apontados
anteriormente?
Ou seria um protesto contra um eventual cerceamento de uma relação homossexual? Afinal, Renato era assumidamente gay, e a letra deixa transparecer, mais à frente, que existe um romance entre dois homens. Estariam pessoas contra esse relacionamento livres, enquanto os verdadeiros apaixonados se viam presos em sua sexualidade?
Ou seria um protesto contra um eventual cerceamento de uma relação homossexual? Afinal, Renato era assumidamente gay, e a letra deixa transparecer, mais à frente, que existe um romance entre dois homens. Estariam pessoas contra esse relacionamento livres, enquanto os verdadeiros apaixonados se viam presos em sua sexualidade?
Vamos sair, mas não
temos mais dinheiro
Os meus amigos todos
estão procurando emprego
Voltamos a viver como
há dez anos atrás
E a cada hora que
passa
Envelhecemos dez
semanas
Vazio interior, violência que o cidadão presidiário em seu
imóvel. Bom, pelo menos podemos encontrar os amigos e desabafas com alguém que
nos compreende, certo? Errado. Crise econômica, inflação galopante (lembre-se, essa
letra vem de anos bastante tumultuados.
A situação financeira regrediu aos anos de adolescência: sem
dinheiro para nada. Mas, quando isso ocorre na idade adulta, o efeito
psicológico é semelhante a um envelhecimento acelerado. Não se trata de
amadurecer, mas de desenvolver uma personalidade repleta de rusgas e mal humor:
é quase uma dose cavalar de depressão direto na corrrente sanguínea.
Vamos lá, tudo bem -
eu só quero me divertir
Esquecer dessa noite,
ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo
e a artilharia
Comparamos nossas
vidas
E esperamos que um
dia
Nossas vidas possam
se encontrar
A estrofe acima começa procurando achar ânimo e atitude:
apesar de tudo, vou em frente. Não demonstrar querer entender ou resolver
problemas, mas esquecer por um momento que eles existem.
O terceiro verso aponta para uma rendição frente aos problemas,
que se avolumam, mas está fora de nosso alcance resolvê-los. A mensagem é
clara: desisto de lutar pelo que desejo e aceito de bom grado qualquer coisa
que vier.
Conversar, explicar o que aconteceu desde o último encontro,
expor desejos e planos... comparando vidas que se distanciaram, por um motivo
ou outro. Seria esse distanciamento o motivo do vazio existencial do primeiro
verso? Seria esse amigo aquele cujas dificuldades da vida o fizeram dez anos
mais velho do que a passagem natural do tempo o faria?
Quando me vi tendo de
viver
Comigo apenas e com o
mundo
Você me veio como um
sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito
O início da vida adulta é sempre marcante e amedrontador:
escolhas definitivas de coisas que muito pouco entendemos, a escolha da
carreira que o definirá profissionalmente pelos próximos 30 ou 35 anos, muitas
coisas se somam em um curtíssimo espaço de tempo.
O que ajudou o autor a levar adiante essa montanha de
problemas e desafios? Claramente ele fala do amor por alguém, certamente referência
às estrofes anteriores.
Mas os versos finais falam da insegurança do relacionamento,
do medo de decepcionar quem se ama.
Eu não esqueço
A riqueza que nós
temos
Ninguém consegue
perceber
E de pensar nisso
tudo, eu, homem feito
Tive medo e não
consegui dormir
Apesar dos defeitos, que todos temos e conhecemos melhor do
que ninguém, também temos qualidades, que somente quem nos conhece muito bem
pode notá-las.
Mesmo com o passar dos anos e, claro, da idade, pensar no
amor da juventude causa calafrios.
Vamos sair, mas não
temos mais dinheiro
Os meus amigos todos
estão procurando emprego
Voltamos a viver como
há dez anos atrás
E a cada hora que
passa
Envelhecemos dez
semanas
Vamos lá, tudo bem -
eu só quero me divertir
Esquecer, dessa noite
ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo
e a artilharia
Comparamos nossas
vidas
E mesmo assim não
tenho pena de ninguém
Rubem L. de F. Auto
Nenhum comentário:
Postar um comentário