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terça-feira, 11 de abril de 2017

SUÉCIA: FROM CRADLE TO GRAVE... AND THE SOCIETY IN THE BETWEEN


Trechos do livro “Suécia: um país sem excelências e mordomias”, de Cláudia Wallin.

“Cuidar das tarefas domésticas e ser independente é coisa que se aprende cedo, nos bancos escolares. Nas escolas da Suécia, aprender a cozinhar, costurar, lavar roupa e pregar botão é matéria obrigatória do currículo escolar – tanto para meninas como para meninos.
Nas cozinhas das escolas, os alunos preparam uma receita nova a cada semana. Descobrem a diferença entre pepinos e abobrinhas, aprendem o valor nutritivo dos alimentos e têm aulas de economia doméstica. Na aula de lavar a roupa, eles são treinados para selecionar o ciclo correto da máquina para a lavagem de tecidos diferentes, como lã e algodão. Na hora de limpar, os alunos aprendem que produtos utilizar para lavar a louça, o chão ou a geladeira. Meninas e meninos têm também aulas de mecânica e carpintaria.
No ateliê de costura, as professoras ensinam a fazer bainhas de calças e a costurar peças de roupa. Os alunos suecos têm até aula de tricô. E o trabalho de casa dos rapazes pode ser tricotar um cachecol.

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Quando uma criança nasce na Suécia, os pais têm direito a uma licença parental remunerada de 480 dias. Desse total, sessenta dias devem ser usados exclusivamente pelo pai, e outros sessenta dias exclusivamente pela mãe, o que significa que esses dias não podem ser transferidos para o outro progenitor. O valor da licença, nos primeiros 390 dias, corresponde a 80% dos rendimentos da pessoa, dependendo de quanto ganha. O teto Maximo para o subsídio parental é de 874 coroas suecas (cerca de 140 dólares) por dia. Para os demais noventa dias de licença, o valor do subsídio é de 180 coroas suecas (cerca de 27 dólares) por dia. Os 480 dias da licença parental podem ser solicitados em prazos variáveis, até a criança completar oito anos de idade. O pai de um bebê recém-nascido pode tirar uma licença extra de dez dias, a partir do nascimento da criança. Se forem filhos gêmeos, o período da licença é dobrado: vinte dias. Pais adotivos têm os mesmos direitos à licença parental.

As creches pré-escolares são largamente subsidiadas pelo governo, e os pais pagam apenas 8% do custo mensal. Há também um teto máximo a ser pago por criança que freqüenta a creche – para a primeira criança de um casal, este limite é de 1.260 coroas suecas (cerca de 190 dólares). O valor da taxa cai gradualmente até o quarto filho de um casal, que pode freqüentar a creche gratuitamente. O salário médio de um sueco é de 35,8 mil coroas, segundo estatísticas de 2012. É também comum os pais se unirem em cooperativas para criar e gerir suas próprias creches, que são financiadas pelo governo no mesmo sistema.

A partir do momento em que nasce, cada criança recebe um subsídio mensal do governo no valor de 1.050 coroas suecas (aproximadamente 160 dólares), até completar dezesseis anos de idade. Quanto maior é o número de filhos do casal, maior torna-se o valor do benefício: o subsídio aumenta progressivamente a partir do nascimento do segundo filho, até atingir o máximo de 10.014 coroas suecas mensais (cerca de 1,5 mil dólares) para uma família com seis filhos.

Após completar dezesseis anos de idade, cada criança passa a receber um subsídio mensal do governo no valor equivalente a 160 dólares mensais, como assistência financeira enquanto completa seu período de estudos. A contribuição é paga durante dez meses por ano, ou seja, não cobre o período das férias escolares.

O tratamento é gratuito para crianças e adolescentes até os dezoito anos de idade. Eles também podem ter aparelhos dentários financiados pelo governo regional: quando os especialistas julgam necessária a correção dos dentes, o paciente recebe um “cheque saúde dos dentes” para custear os gastos com ortodontia de sua escolha.
Quando as crianças têm problemas graves de visão, também é o governo regional que paga os óculos de grau.

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O sistema de educação é financiado majoritariamente pela arrecadação de impostos, e a Suécia é um dos países que mais gasta neste setor. Não existem mensalidades escolares. A partir dos seis anos de idade, todas as crianças têm acesso gratuito à educação, que é obrigatória até o último ano do ensino médio. As escolas fornecem ainda todo o material escolar, incluindo livros, apostilas e cadernos. A merenda escolar também é gratuita, e consiste em geral de um bufê que inclui dois pratos quentes e uma opção vegetariana, além de saladas, legumes, pães e frutas.

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Se decidem cursar a universidade – que também é gratuita – os estudantes suecos têm direito a uma assistência financeira mensal, até completar os estudos. Esta assistência é composta de um subsídios de 3.066 coroas suecas (cerca de 463 dólares) por mês, além de um empréstimo no valor de 6.710 coroas suecas (cerca de mil dólares) mensais. Em caso de necessidade, o estudante pode se candidatar a um suplemento na ajuda financeira. O prazo para o reembolso do empréstimo é o dia em que o estudante completa sessenta anos de idade.

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O sistema de saúde é também amplamente subsidiado, e a taxa de internação em um hospital é de 80 coroas suecas (cerca de 12 dólares) por dia, As taxas para atendimentos básicos variam entre 100 e 200 coroas suecas, dependendo da municipalidade. Para consultas a especialistas, a taxa máxima é de 300 coroas suecas (45 dólares). O sistema aplica ainda um limite máximo para as despesas de uma pessoa com saúde: a partir do momento em que um paciente desembolsa 900 coroas suecas o período de um ano, todas as consultas médicas tornam-se gratuitas por um ano, todas as consultas médicas tornam-se gratuitas por um prazo de doze meses. Existe ainda um teto semelhante para as despesas com medicamentos – o que significa que ninguém gasta mais de 1,8 mil coroas com despesas de saúde no período de um ano (cerca de 270 dólares).

Em 2005, os conselhos municipais e o governo central decidiram introduzir uma garantia no atendimento à saúde. Isso significa que nenhum paciente deverá esperar mais de noventa dias, uma vez determinado o tipo de atendimento que ele necessita. Se o prazo expirar, os pacientes têm a opção de receber os cuidados necessários em outro local. O custo, incluindo as despesas dom transporte, é pago pelo governo municipal.  
Isso significa que nenhum paciente deverá esperar mais de noventa dias, uma vez determinado o tipo de atendimento que ele necessita. Se o prazo estabelecido expirar, os pacientes têm a opção de receber os cuidados necessários e outro local. O custo, incluindo as despesas de transporte, é pago pelo governo municipal.

Os sistema de seguro social sueco também inclui subsídios de auxílio-doença. Durante os primeiros catorze dias de afastamento do funcionário, cabe aos empregadores pagar o benefício. Nos casos de enfermidades com tratamento mais longo, o sistema paga o auxílio-doença durante um período máximo de 364 dias, no valor de 80% da renda do funcionário. Após esse prazo, o paciente tem direito a receber o auxílio-doença por um período adicional de 550 dias, num valor correspondente a 75% de seus rendimento. O cálculo é feito com base em rendimentos anuais de no máximo 333.700 coroas suecas (cerca de 50 mil dólares). O benefício pode ser estendido em caso de doenças graves também a estudantes e desempregados. Pais de crianças doentes também têm direito a receber subsídios a fim de permanecer em casa para cuidar dos filhos.

Portadores de deficiências têm direito a assistência pessoal e gratuita, incluindo transporte de táxis ou veículos especialmente adaptados. Para os idosos, também é oferecida assistência social em domicílio – com taxas cobradas de acordo com a possibilidade de cada um pagar. Para os idosos com recursos limitados, o serviço pode ser gratuito. Todos têm a alternativa de escolher entre obter atendimento em casa até o fim da velhice, ou nas casas de repouso administradas pelos governos municipais.
O sistema de aposentadoria sueco é constituído por três partes – uma pensão nacional, uma pensão trabalhista que e financiada pelo empregador, e um plano de previdência privada. Um total de 18,5% do salário e outros benefícios tributáveis do trabalhador são destinados à sua aposentadoria pública. Desse total, 16% vão para a conta de aposentadoria pública, cujo valor cresce de acordo com a evolução dos rendimentos e do desempenho da economia na Suécia. Os 2,5% restantes vão para a chamada pensão Premium, que varia segundo o desempenho dos fundos nos quais o trabalhador escolhe investir.

Já o seguro-desemprego é voluntário – ou seja, o trabalhador deve se inscrever em instituições específicas para ter direito ao benefício, e pagar uma mensalidade. Essas instituições são conhecidas como A-Kassa, e muitas são administradas por sindicatos. No pacote básico, a mensalidade é de 90 coroas suecas mensais (cerca de 13 dólares). Para poder usufruir de um salário-desemprego maior do que o básico, o trabalhador deve fazer um seguro suplementar, com contribuições mensais proporcionais ao salário. Quando perde o emprego, um trabalhador pode receber o salário-desemprego por até 300 dias úteis. Nos primeiros 200 dias, o benefício é equivalente a 80% do valor do antigo salário – a um teto máximo, porém, de cerca de 100 dólares por dia. Nos demais 100 dias, essa porcentagem cai para 70%. Os trabalhadores que perdem o emprego e não são afiliadas à A-Kassa podem, ainda assim, obter benefícios – mas podem em um nível básico, e não superior a cerca de 48 dólares por dia útil.

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Os índices são invejáveis: a Suécia aparece entre os primeiros na lista de rankings globais como o Índice de Desenvolvimento Humano da ONU (IHD), o Índice de Prosperidade do britânico Legathum Institute, o índice de Democracia elaborado pela The Economist Unit, o Índice de Qualidade de Vida e o Índice Glocal de Inovação, além de encabeçar o novo Índice de Progresso Social e o Web Index, que mede o nível de conectividade e utilização da internet.   



Rubem L. de F. Auto    

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