O período conhecido como Estado Novo coincidiu, quase
integralmente, com os anos da II Guerra Mundial.
Internamente, a valorização da cultura nacional empreendida
pelo Estado passava pela restrição do exercício de outras formas culturais
estrangeiras. Em 1937 foi promulgada uma legislação de proteção à língua e à
cultura brasileiras. O alvo principal eram as comunidades de alemães, italianos
e japoneses instaladas especialmente na região Sul do país, antes mesmo que .
Tais comunidades possuíam escolas próprias e vivam de maneira a praticar a
língua e o folclore praticados na terra natal. A partir das leis citadas, tais
práticas estavam vedadas.
Seguiram-se protestos de embaixadores, ameaças de rompimento
diplomático com o Brasil, mas o governo brasileiro conseguiu contornar tais crises.
Uma das táticas usadas foi a manutenção da posição de neutralidade nos anos
iniciais do conflito, até 1941.
Outra característica de Vargas que o protegeu contra as
animosidades dos países do Eixo foi sua clara simpatia por valores nazifascistas.
O que era suspeita, tornou-se certeza a bordo do encouraçado Minas Gerais, em
discurso pronunciado a 11 de junho de 1940. Comemorava-se o aniversário da
batalha do Riachuelo, uma das contendas da Guerra do Paraguai. Nesse dia,
Vargas foi agraciado com uma missiva enviado por Benito Mussolini, na qual Il
Duce deixava transparecer toda sua simpatia pelo líder brasileiro.
Mas o ataque japonês à base naval de Pearl Harbor, em 7 de
dezembro de 1941, não deixou opção ao Brasil que não se juntar às tropas
Aliadas contra os países do Eixo. Em janeiro de 1942, o Brasil sediou a III
Conferência de Chanceleres das Repúblicas Americanas.
Presidiram a Conferência, Oswaldo Aranha, representante
brasileiro, e Sumner Welles, representante yankee. Pela declaração final, os
países signatários se comprometiam a romper relações com o Eixo. Recusaram-se a
firmar tal declaração, Argentina, à época governada por Perón, e o Chile. A 27
de janeiro, o Brasil cumpria formalmente o compromisso assumido, mas ainda não
era uma Declaração de Guerra.
Insuflado por manifestações diversas, como as lideradas pela
UNE, em favor da democracia e contra valores fascistas, o Brasil iniciou uma
aproximação irresistível com os EUA. Após vistoriarem as regiões e torno de
Belém, Recife, Natal e Fernando de Noronha decidiram-se pro construir uma base
militar que servisse de apoio para as operações aéreas na Europa.
Em troca da cessão da área, o Brasil receberia o
financiamento externo necessário para a construção da Companhia Siderúrgica de
Volta Redonda, a CSN. Outra vantagem econômica negociada pelo governo incluía
as exportações de borracha, matéria-prima essencial para a fabricação de
armamentos e insumos de guerra. Essa atividade levou a um intenso influxo de
trabalhadores em direção à Amazônia: eram os soldados da borracha.
Em agosto, noticiou-se o ataque de submarinos alemães contra
embarcações brasileiras. Os brasileiros, já relativamente preparados para entrar
em guerra, cobraram ações do governo contra os alemães. Em 31 de agosto de
1942, o governo brasileiro comunicava oficialmente à Itália e à Alemanha sua
decisão de entrar em estado de guerra.
A partir de então, quaisquer símbolos ou alusão à Itália ou
à Alemanha estavam vedados. Os clubes de futebol Palestra Itália de Minas
Gerais e de São Paulo tiveram de mudar seus nomes: Cruzeiro Esporte Clube e
Sociedade Esportiva Palmeiras.
Em Conferência realizada em Natal, em 28 de janeiro de 1943,
acordou-se o enviou de tropas brasileiras aos campos de batalha da II Guerra
Mundial. Criava-se, assim, a FEB – Força Expedicionária Brasileira. 25 mil
soldados brasileiros, comandados pelo general João Batista Mascarenhas de
Morais, combateram na Itália, a partir de julho de 1944: Nápoles, Monte Castelo
e Fornovo di Taro viram os pracinhas brasileiros empunhando armas.
A mais significativa vitória brasileira ocorreu durante a
retomada de Monte Castelo. Lá, ocorreram a maioria das baixas brasileiras. No
total, o conflito vitimou 460 soldados tupiniquins, cujos corpos descansam no
Cemitério de Pistóia, na Toscana.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: Livro “Dossiê Getúlio Vargas”
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