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terça-feira, 25 de abril de 2017

PRACINHAS NA II GUERRA MUNDIAL: QUANDO SOLDADOS BRASILEIROS GUERREAVAM EM CAMPOS DE BATALHA, NÃO EM FAVELAS


O período conhecido como Estado Novo coincidiu, quase integralmente, com os anos da II Guerra Mundial.

Internamente, a valorização da cultura nacional empreendida pelo Estado passava pela restrição do exercício de outras formas culturais estrangeiras. Em 1937 foi promulgada uma legislação de proteção à língua e à cultura brasileiras. O alvo principal eram as comunidades de alemães, italianos e japoneses instaladas especialmente na região Sul do país, antes mesmo que . Tais comunidades possuíam escolas próprias e vivam de maneira a praticar a língua e o folclore praticados na terra natal. A partir das leis citadas, tais práticas estavam vedadas.

Seguiram-se protestos de embaixadores, ameaças de rompimento diplomático com o Brasil, mas o governo brasileiro conseguiu contornar tais crises. Uma das táticas usadas foi a manutenção da posição de neutralidade nos anos iniciais do conflito, até 1941.

Outra característica de Vargas que o protegeu contra as animosidades dos países do Eixo foi sua clara simpatia por valores nazifascistas. O que era suspeita, tornou-se certeza a bordo do encouraçado Minas Gerais, em discurso pronunciado a 11 de junho de 1940. Comemorava-se o aniversário da batalha do Riachuelo, uma das contendas da Guerra do Paraguai. Nesse dia, Vargas foi agraciado com uma missiva enviado por Benito Mussolini, na qual Il Duce deixava transparecer toda sua simpatia pelo líder brasileiro.  
Mas o ataque japonês à base naval de Pearl Harbor, em 7 de dezembro de 1941, não deixou opção ao Brasil que não se juntar às tropas Aliadas contra os países do Eixo. Em janeiro de 1942, o Brasil sediou a III Conferência de Chanceleres das Repúblicas Americanas.

Presidiram a Conferência, Oswaldo Aranha, representante brasileiro, e Sumner Welles, representante yankee. Pela declaração final, os países signatários se comprometiam a romper relações com o Eixo. Recusaram-se a firmar tal declaração, Argentina, à época governada por Perón, e o Chile. A 27 de janeiro, o Brasil cumpria formalmente o compromisso assumido, mas ainda não era uma Declaração de Guerra.
Insuflado por manifestações diversas, como as lideradas pela UNE, em favor da democracia e contra valores fascistas, o Brasil iniciou uma aproximação irresistível com os EUA. Após vistoriarem as regiões e torno de Belém, Recife, Natal e Fernando de Noronha decidiram-se pro construir uma base militar que servisse de apoio para as operações aéreas na Europa.

Em troca da cessão da área, o Brasil receberia o financiamento externo necessário para a construção da Companhia Siderúrgica de Volta Redonda, a CSN. Outra vantagem econômica negociada pelo governo incluía as exportações de borracha, matéria-prima essencial para a fabricação de armamentos e insumos de guerra. Essa atividade levou a um intenso influxo de trabalhadores em direção à Amazônia: eram os soldados da borracha.

Em agosto, noticiou-se o ataque de submarinos alemães contra embarcações brasileiras. Os brasileiros, já relativamente preparados para entrar em guerra, cobraram ações do governo contra os alemães. Em 31 de agosto de 1942, o governo brasileiro comunicava oficialmente à Itália e à Alemanha sua decisão de entrar em estado de guerra.

A partir de então, quaisquer símbolos ou alusão à Itália ou à Alemanha estavam vedados. Os clubes de futebol Palestra Itália de Minas Gerais e de São Paulo tiveram de mudar seus nomes: Cruzeiro Esporte Clube e Sociedade Esportiva Palmeiras.

Em Conferência realizada em Natal, em 28 de janeiro de 1943, acordou-se o enviou de tropas brasileiras aos campos de batalha da II Guerra Mundial. Criava-se, assim, a FEB – Força Expedicionária Brasileira. 25 mil soldados brasileiros, comandados pelo general João Batista Mascarenhas de Morais, combateram na Itália, a partir de julho de 1944: Nápoles, Monte Castelo e Fornovo di Taro viram os pracinhas brasileiros empunhando armas.

A mais significativa vitória brasileira ocorreu durante a retomada de Monte Castelo. Lá, ocorreram a maioria das baixas brasileiras. No total, o conflito vitimou 460 soldados tupiniquins, cujos corpos descansam no Cemitério de Pistóia, na Toscana.         


Rubem L. de F. Auto


Fonte: Livro “Dossiê Getúlio Vargas”   

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