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terça-feira, 18 de abril de 2017

MOVIMENTO TENENTISTA – A PANELA DE PRESSÃO DA DÉCADA DE 1920


A década que antecedeu a Era Vargas foi pontuada por movimentos difusos e, aparentemente, desconexos. Mas era só aparentemente mesmo. Havia um fio condutor que os conectava entre si, dando provas de que o Brasil da República Oligárquica do café-com-leite estava com seus dias contados.

Arte, poder e política adquiriam feições modernas, embora não houvesse uma ideologia claramente preferida. A direita surgia representava por nomes como Cassiano Ricardo e Plínio Salgado. No pólo oposto, os comunistas militavam ao lado de Patrícia Galvão, a Pagu, e Oswald de Andrade.

Nos quartéis, o ambiente de sublevação deixava de lado um romantismo quixotesco de outrora e passava a emitir gritos cada vez mais altos de mudanças. No período de 1922 a 1924, o Movimento Tenentista (ou Tenentismo), surgia como o farol dos descontentes. O foco das exigências dos tenentes era a modernização das estruturas de poder. O voto secreto, por exemplo, fazia parte da lista de reivindicações.

Os Tenentistas protagonizaram uma batalha histórica, chamada Revolta dos 18 do Forte de Copacabana. Os principais nomes foram o capitão Euclides Hermes da Fonseca, comandante do Forte de Copacabana e filho do marechal Hermes da Fonseca. Ao seu lado, o capitão contava com os tenentes Antonio de Siqueira Campos e Eduardo Gomes.

Em 4 de julho de 1922, Fonseca mobilizou suas tropas para que contivessem a arremetida das forças federais contra o Forte que guarnecia. O conflito inevitável se iniciou no dia seguinte. OS insurgentes do Forte de Copacabana resistiam atirando seus canhões contra o Forte do Leme, localizado no extremo oposto da praia de Copacabana. Contaram-se quatro vitimados neste ultimo Forte.

A resposta das forças legais foi um bombardeio a partir da Fortaleza de Santa Cruz da Barra, em Niterói. Do lado Tenentista, as tropas se desesperaram com o contra-ataque e pediram para que pudessem bater em retirada. O capitão Fonseca consentiu com o pedido e sua tropa ficou reduzida de 301 homens para 18 míseros revoltosos. Esta quantidade motivou o nome da batalha.

Pretendendo uma saída razoável, capitão Fonseca decidiu negociar com o governo. Para tanto, deixou o Forte de Copacabana e se dirigiu para o Palácio do Catete, sede do governo federal na época. Chegando ao Catete, Fonseca recebeu ordem de prisão.

Ao receberem a notícia, seus homens remanescentes saíram em marcha pela Avenida Atlântica, via que banha a praia de Copacabana, no dia 6 de julho.

No caminho, rasgaram uma bandeira do Brasil em 29 pedaços, ficando cada um com alguns retalhos, tendo sido um deles guardado para ser entregue ao capitão detido.

Ainda durante a marcha, Otávio Correia, engenheiro civil e amigo de Siqueira Campos, juntou-se à marcha decidida, após pegar sua pistola.

No entanto suas pretensões se mostrariam exorbitantes. Apenas Siqueira Campos e Eduardo Gomes sobreviveram, ainda que feridos. Todos os demais foram mortos.

Do episódio, restou a lição. Rarissimamente algum movimento conseguiu criar reivindicações de massa, que contagiassem a população em nome de uma causa comum. Seguimos nossa história, quase exclusivamente, de quartelada em quartelada, de golpe em golpe, assistindo passivamente grupos de poder disputando pedaços do orçamento público para si e para os seus.          


Rubem L. de F. Auto


Fonte: Livro “Dossiê Getúlio Vargas”

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