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terça-feira, 25 de abril de 2017

O ESTADO NOVO MORREU DE VELHO?


Finalizado o conflito na Europa, todas as atenções se voltaram para o cenário interno do país. Após tantos tiros e tanto sangue com o fito de exterminar governos de raízes fascistas, restou a contradição de o Brasil continuar a ser governado por uma ditadura de evidentes cores antidemocráticas e pouco afeita a políticas liberais.

Apesar dos acordos pré-conflito, que garantiram grandes e relevantes investimentos no país, o bolso dos brasileiros começava a reclamar cada vez mais alto. Havia inflação (a média anual de 6,6%, registrada entre 1934 e 1940, saltou para 27,3% em 1944), aumento da dívida pública e o Brasil passou a registrar elevados déficits na balança comercial.

O Brasil também passou a conviver com a possibilidade de sofrer uma crise financeira, devido aos valores astronômicos sacados do Banco do Brasil, desde outubro de 1942. Foi decretada uma semana de feriado bancário.

Somando-se a tudo isso, surgiam notícias de medidas revoltantes tomadas pelo governo, como a do grupo de oito estudantes de Direito do Largo do São Francisco que, após participarem de uma passeata contrária ao Estado Novo, foram convocados para desarmar bombas na Itália, pela FEB.

Pelo lado dos intelectuais também se avolumavam demonstrações de descontentamento. Juristas mineiros lançaram o “Manifesto dos Mineiros”, documento que daria nascimento à UDN – União Democrática Nacional.

Mesmo a censura inaugurada pelo Estado Novo não mais se mostrava capaz de manter as manchetes domesticadas. Matérias diárias atacavam o governo. A deposição do “velho” aguardava apenas um estopim, que não tardou.

Vargas nomeou Benjamin Vargas, o Bejo, para a chefia de polícia do Rio de Janeiro. Em face da insatisfação provocada, em 29 de outubro de 1945, Getúlio foi deposto por uma junta militar composta por pessoas que eram, até então, de sua confiança.

Getúlio ainda contava com apoio popular, o suficiente para se iniciar um movimento em seu apoio: o Queremismo, “Queremos Getúlio”. Os partidários desse movimento pediam a instauração de uma Assembléia Constituinte e uma eleição posterior, com a participação de Getúlio entre os candidatos. Não foram bem sucedidos.

Logo após deixar o Palácio da Guanabara, Getúlio foi substituído pelo presidente do STF, José Linhares. Este se incumbiu da tarefa de organizar as eleições presidenciais de 2 de dezembro de 1945.

O resultado daquele pleito trouxe os seguintes números:
1º Eurico Gaspar Dutra (PSD/PTB)
2º Eduardo Gomes (UDN)
3º Iedo Fiúza (PCB)
4º Mariano Rolim Teles (Partido Agrário)

Dutra, ex-Ministro de Getúlio e repudiado pelo “velho” por causa da traição que protagonizou, era o novo presidente da República.

Em paralelo, as eleições para a Assembléia Nacional Constituinte (Congresso reunido como se fosse apenas uma Casa), o PSD foi agraciado com 177 votos, enquanto os trabalhistas obtiveram 24.
Luis Carlos Prestes foi eleito senador pelo PCB.      


Rubem L. de F. Auto

Fonte: Livro “Dossiê Getúlio Vargas”  


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