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terça-feira, 4 de abril de 2017

GOLPE DE 1964: NÃO ERA UMA CHUVA, ERA UMA TEMPESTADE


O governo de Castelo Branco deixou atrás de si desânimo e ranger de dentes. Poucos ainda criam que de fato se tratava de um democrata e liberal. Antes de deixar o posto ainda editou mais um Ato Institucional, de nº 2. Este visava a reverter o quadro eleitoral após a derrota dos candidatos afeitos ao governos nos estados de Minas Gerais e da Guanabara, em 1965.

O que antes parecia grassar com a ditadura agora se revestia de todos os seus caracteres: milhares foram cassados (no total, mais de 3.500 pessoas foram vitimadas por tais arbitrariedades), políticos eleitos foram depostos, o recesso foi posto em recesso, partidos foram extintos, governadores e presidente passariam a concorrer em eleições indiretas e muito mais.

Como se abrisse a Caixa de Pandora, Castelo Branco perdeu o controle até mesmo sobre sua sucessão: teve de aceitar a candidatura de Costa e Silva, imposta pelo regime.

No campo das medidas legais, Castelo Branco promulgou uma nova Constituição, uma nova Lei de Imprensa e uma nova Lei de Segurança Nacional. O Congresso que restou após os expurgos não ofereceu resistência a nenhuma delas.

Quando das eleições legislativas de 1966, encenou-se o triste espetáculo mambembe no qual dois partidos apenas disputaram o pleito: Aliança Renovadora Nacional, a infame ARENA, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Impossível alcançar legitimidade política: os votos brancos e nulos bateram todos os recordes anteriores.   

E assim se encerrava o primeiro governo pós-golpe. Não demonstrava quaisquer ares daquele movimento que, pouco tempo antes, arrebatara multidões contra um governo impopular.


Rubem L. de F. Auto


Fonte: livro “Ditadura Militar, Esquerdas e Sociedades”

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