Letra da música Catatau:
Catatau, chegou legal no vidigal
Ia haver uma blitz naquele local
(catatau, catatau, catatau)
Catatau, como
veremos, é aparentemente um morador de alguma comunidade , talvez do próprio
morro do Vidigal. Chegou para visitar alguém, ou à sua própria casa, naquela
comunidade.
Chegou pouco antes de
uma invasão policial, ou de uma operação da PM no morro.
Catatau, chegou legal no vidigal
Ia haver uma blitz naquele local
(o malandro)
O malandro pinoteou,
Pouco antes da hora que a justa chegou
Por onde está, por onde andou ?
Ninguem dedou,
Por onde está, por onde andou ?
Ninguem dedou.
Essa segunda estrofe
esclarece: a PM estava atrás de alguém, provavelmente com mandado de prisão
expedido. Fica claro que os moradores defendem o procurado, não denunciando
onde está escondido.
De repente no beco da grande favela
Um vulto surgiu na viela
O soldado deu voz de prisão, com decisão
O soldado deu voz de prisão, com decisão
O soldado deu voz de prisão, com decisão.
(do outro lado)
Em dado instante, o
nosso amigo Catatau surgiu numa das infinitas vielas existentes em qualquer
favela. Talvez por estar escuro, talvez por não saber exatamente quem estava
procurando, o policial dá voz de prisão.
Do outro lado, nego desempregado
Bastante desesperado, se rende correndo e cai
Do outro lado, nego desempregado
Bastante desesperado, se rende correndo e cai.
Esse evento dá início
a um tumulto, as pessoas entram em polvorosa e os bandidos correm da "dura". Interessante notar que a letra
chama as pessoas desesperadas de “desempregados”, não de bandidos, o que desvenda
uma crítica de fundo social.
Mais caiu com a mão na cabeça
Para que ninguem esqueça
O quanto pediu clemência
E não foi ouvido, por causa da violência
Que fez chorar o soldado
Que muito mau orientado, não pode evitar o mal
E nem a sorte daquele inocente lá do vidigal
Que fez chorar o soldado
Que muito mal orientado, não pode evitar o mal
E nem a sorte daquele inocente lá do vidigal.
Detalhe fúnebre, a
vítima caiu na posição em que se encontrava: mãos na cabeça. Fica claro que quem
o matou foi o policial. Porém parece ter sido uma morte involuntária, pois o
policial chora ao perceber que não deveria ter feito o que fez.
A letra faz ainda uma
crítica ao treinamento policial, colocando esse fator como um dos causadores da
tragédia no morro do Vidigal.
Rubem L. de F. Auto
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