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terça-feira, 30 de maio de 2017

JOVELINA PÉROLA NEGRA E A VIOLÊNCIA URBANA – CATATAU


Letra da música Catatau:


Catatau, chegou legal no vidigal
Ia haver uma blitz naquele local
(catatau, catatau, catatau)

Catatau, como veremos, é aparentemente um morador de alguma comunidade , talvez do próprio morro do Vidigal. Chegou para visitar alguém, ou à sua própria casa, naquela comunidade.
Chegou pouco antes de uma invasão policial, ou de uma operação da PM no morro.

Catatau, chegou legal no vidigal
Ia haver uma blitz naquele local
(o malandro)

O malandro pinoteou,
Pouco antes da hora que a justa chegou
Por onde está, por onde andou ?
Ninguem dedou,
Por onde está, por onde andou ?
Ninguem dedou.

Essa segunda estrofe esclarece: a PM estava atrás de alguém, provavelmente com mandado de prisão expedido. Fica claro que os moradores defendem o procurado, não denunciando onde está escondido.

De repente no beco da grande favela
Um vulto surgiu na viela
O soldado deu voz de prisão, com decisão
O soldado deu voz de prisão, com decisão
O soldado deu voz de prisão, com decisão.
(do outro lado)

Em dado instante, o nosso amigo Catatau surgiu numa das infinitas vielas existentes em qualquer favela. Talvez por estar escuro, talvez por não saber exatamente quem estava procurando, o policial dá voz de prisão.

Do outro lado, nego desempregado
Bastante desesperado, se rende correndo e cai
Do outro lado, nego desempregado
Bastante desesperado, se rende correndo e cai.

Esse evento dá início a um tumulto, as pessoas entram em polvorosa e os bandidos correm da "dura". Interessante notar que a letra chama as pessoas desesperadas de “desempregados”, não de bandidos, o que desvenda uma  crítica de fundo social.

Mais caiu com a mão na cabeça
Para que ninguem esqueça
O quanto pediu clemência
E não foi ouvido, por causa da violência
Que fez chorar o soldado
Que muito mau orientado, não pode evitar o mal
E nem a sorte daquele inocente lá do vidigal
Que fez chorar o soldado
Que muito mal orientado, não pode evitar o mal
E nem a sorte daquele inocente lá do vidigal.

Detalhe fúnebre, a vítima caiu na posição em que se encontrava: mãos na cabeça. Fica claro que quem o matou foi o policial. Porém parece ter sido uma morte involuntária, pois o policial chora ao perceber que não deveria ter feito o que fez.
A letra faz ainda uma crítica ao treinamento policial, colocando esse fator como um dos causadores da tragédia no morro do Vidigal.



Rubem L. de F. Auto

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