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segunda-feira, 29 de maio de 2017

COLOMBO – O HOMEM E SEUS CONFLITOS


O grande navegador genovês, por estranho que possa parecer nos nossos dias, não falava italiano, apenas o dialeto genovês. Era fluente em espanhol (dialetos castelhano e andaluz), e deveria arranhar no português (viveu em Portugal por algum tempo). Na verdade, Colombo deveria falar uma espécie de mistura de genovês, castelhano e português.

Curiosidade: o navegador possuía um olfato extraordinário – fareja terra a quilômetros de distância.
Seu sonho de chegar às Índias deveria ter sido aventado desde a juventude. Visitas a Constantinopla e à costa turca da Iônia, assistindo a caranás de especiarias do Oriente, teriam despertado essa vontade de lá chegar excluindo intermediários.

Colombo carregou por muito tempo a pecha de ter iniciado a escravidão nas Américas – primeiro com índios, depois com negros africanos. Mas o tráfico de escravos só se iniciou muito tempo após suas viagens – só em meados do século XVI. Em sua primeira viagem, em 1492, havia na tripulação quatro estrangeiros: dois genoveses, um português e um negro, Juan Moro, que percebia o mesmo soldo que os demais.

Mas Colombo era homem rico, e como tal possuía escravos. Em sua segunda viagem, Colombo enviou centenas de indígenas para a Espanha, como escravos. Os reis católicos convocaram uma comissão de teólogos, para avaliarem a possibilidade de escravizá-los.

A crueldade contra as populações ameríndias também não foi uma marca do período de Colombo. Os capitães e governadores portugueses nas Índias não ficaram muito atrás de Cortez ou Pizarro. Utilizavam o mesmo método. Martim Afonso de Souza, vice-rei das Índias entre 1542 e 1545, usou muito do expediente. A corrupção também esteve sempre presente.

Os bombardeios contra Calicute, por Vasco da Gama e Cabral, foram apenas o começo da barbárie.

Afonso de Albuquerque, criador do fugaz império português, certa feita mandou cortar as orelhas e narizes de todos os prisioneiros, para que fossem cobertos de sangue dar a notícia da chegada dos portugueses.
Saqueou-se desmesuradamente as Índias, mas dominá-la inteiramente seria um feito além das possibilidades lusas. Quando Portugal caiu aos pés da Espanha, em 1580, o país viu-se em meio a guerras contra Holanda e Inglaterra. Foram expulsos rapidamente das índias.

Os Holandeses herdaram quase tudo o que era português naquela região. O império desabou espetacularmente. Restaram alguns enclaves: Goa, Damão, Diu, Timor e Macau. Resistiram até meados do século XX nessa condição.  


Rubem L. de F. Auto


Fonte: Livro “Histórias Depois da Glória: Ensaios sobre personalidades e episódios controversos da história do Brasil”     

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