Em 1805 foi preso no armazém de Manuel Ferreira de Santana o
preto Domingos. Estava comprando pólvora e chumbo. A suspeita se devia à
ocorrência de diversos crimes em Cabo Frio , e ao fato de que diversos quilombolas
estavam atacando engenhos, fazendas e pessoas nas estradas.
Após preso, confessou: era quilombola e estava levando
aquelas encomendas à sua gente, que se escondia num quilombo, que contava com
rei e rainha. Indicou também sua localização.
Quanto ao crime misterioso, Domingos revelou uma trama bem
complexa. Disse que foi Manuel Ferreira quem pediu ao rei do quilombo, o preto
Joaquim, que eliminasse o filho do soldado Miguel da Silva. Dizia que se
tratava de sujeito desaforado e que o traía com outro homem. A recompensa ao
bando seria a manutenção do comércio regular com eles.
Os quilombolas delegaram a tarefa a Geremias. Certa noite,
entraram no quintal de Miguel da Silva e espantaram suas galinhas. O jovem
abriu a porta de sua casa para saber o que estava ocorrendo, quando foi
fuzilado. No entanto, o morto foi o pai, não o filho conquistador.
O comandante do regimento, Feliciano José Victorino de Souza
fez, então, seus dois primeiros prisioneiros: o preto Domingos e o mandante,
Manuel Ferreira de Santana. Foram enviados à Corte, para demais providências.
Feliciano empreendeu guerra contra o quilombo. Fez diversos
presos, todos enviados à Capital. Alguns foram presos quando tentavam assaltar
o engenho do capitão Antônio Gonçalves. Seis quilombolas conseguiram fugir.
Joaquim, conhecido como rei entre so quilombolas, foi morto
numa por seus próprios súditos.
Após inquiridos, os prisioneiros confessaram que Miguel da
Silva fora morto por Geremias e Domingos. Confessaram também que tinham matado
outros quilombolas, além do rei Joaquim.
A rainha Maria, Geremias, Pedro e mais um tanto de
quilombolas foram enviados à “Sala” do vice-rei.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: Livro “Histórias de Conflitos no Rio de Janeiro
Colonial”
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