Qualquer livro razoável sobre drogas descreve experiências
milenares, de tribos que descobriram determinados compostos existentes em
substâncias facilmente encontradas nos arredores, capazes de provocar sensações
e alucinações, mormente utilizadas em rituais e cerimônias de fundo religioso.
Mas o LSD, pouco menos de 30 anos após sua descoberta, foi
eleito a droga oficial do “Verão do Amor”, em San Francisco, em meados da década
de 1960. Até sua proibição, em meados de 1966, seu consumo atingiu escala
industrial e embalou multidões em shows ao ar livre. Difícil crer que tudo isso
começou a partir de um acaso.
Albert Hoffman era um químico empregado no Laboratório Sandoz,
em Basiléia, na Suíça. Trabalhava pesquisando sobre um fungo chamado ergotina.
Na Idade Média, esse mesmo fungo costumava atacar plantações de trigo,
provocando em quem os consumisse a temida síndrome do “fogo de Santo Antão”.
Além de gangrenar os dedos das mãos, por força da má circulação sanguínea – o que
levava à mutilação dos mesmos -, ainda provocava contrações musculares
fortíssimas. Em geral, levava a vítima à morte.
Contudo, já no período do Renascimento, mulheres descobriram
que pequenas doses de ergotina auxiliavam no trabalho de parto, na medida em que
aumentava a força das contrações uterinas. Hoffman direcionou seu trabalho para
a descoberta de um remédio para enxaqueca a partir da ergotina, e para tanto
necessitava sintetizar o ácido lisérgico, presente na ergotina.
Em 1938, Hoffman sintetizou sua 25ª fórmula do ácido
lisérgico, a qual trazia uma molécula de dietilamida. Embora o composto
sintetizado fosse considerado definitivo, a droga isolada não mostrou qualquer
efeito nos testes de laboratório e o trabalho de Hoffman foi deixado de lado.
Entretanto, após cinco anos de ocaso, Hoffman resolveu
trazer seu experimento à luz novamente. O cientista preparava seu LSD-25, mas
não vestia luvas apropriadas naquele momento. Sua pele absorveu um pouco da
substância e Hoffman foi então “tomado por um estranho, mas não desagradável
estado de intoxicação, caracterizado por um intenso estímulo de imaginação e
alterado estado de consciência do mundo”, em suas próprias palavras. “Enquanto
eu me deitava numa agitada condição, de olhos fechados, surgiu a mim uma
sucessão de fantásticas imagens, rapidamente mutantes, de uma realidade
chocante e profundamente alterada, como um vívido e caleidoscópico mosaico de
cores. Essas sensações cessaram após três horas.”
Três dias depois, um novo teste. Hoffman dissolveu 250
microgramas de LDS em água e bebeu. Embora cresse que os efeitos seriam agora mitigados,
seu volta para casa, de bicicleta, é considerada a primeira viagem de ácido da
história. Embora pedalasse com a sensação de que seu corpo estava imobilizado,
seu assistente, que vinha sóbrio e na bicicleta de trás testemunhou que Hoffman
pedalava em alta velocidade. O cientista também relatou que “via” o asfalto
subindo e descendo à sua frente, como ondas no mar; os prédios ao seu redor
pareciam destorcidos, como se houvesse um espelho de refração entre si e a
paisagem urbana. Ao chegar a casa, o assustado Hoffman ligou para seu médico,
pois parecia que estava enlouquecendo. “Ocasionalmente eu me sentia como se
estivesse fora do meu corpo... achei que tivesse morrido. Meu ego parecia
suspenso em algum lugar no espaço. Eu vi eu corpo estirado, morto no sofá.” Aliás,
a palavra “psicodélico” é um neologismo formado pelas palavras gregas “psyche”
(mente ou alma) e “delein” (o que se mostra, se manifesta).
Ao ser informado sobre o andamento das pesquisas, o
Laboratório Sandoz decidiu realizar uma série de experimentos em ratos, gatos e
chimpanzés. Mas um grupo de cientistas, que incluiu o próprio autor dos
experimentos, o Hoffman, resolveu usar a substância diretamente em si – tudo pela
ciência!
Não tardou para que o tal LSD-25 se popularizasse. O filho
do dono do Laboratório Sandoz, o psiquiatra Howard Stoll, passou o usá-lo em
testes com esquizofrênicos, obtendo ótimos resultados.
Em 1947 foi a vez do próprio Werner Stoll, o dono do Sandoz,
que anunciou que os resultados impressionantes obtidos por meio da droga o
levaram a se prontificar a enviar a substância a qualquer professor do planeta
que a requisitasse. Os testes também despertaram o interesse da CIA, que exigiu
que o Sandoz não atendesse a pedidos que partissem da órbita comunista e ainda encomendou
100 gramas de LSD por semana. A droga seria usada no âmbito do programa
MK-ULTRA, de desenvolvimento de agentes químicos e biológicos a serem usados
como arma durante a Guerra Fria.
Na década de 1950, o LSD chega finalmente aos EUA. Ao
contrário de seu ambiente natal, composto por cientistas e pesquisadores
enfurnados em laboratórios, a chegada do LSD em solo americano se deu por meio
de intelectuais e pensadores do porte de Aldous Huxley, Alan Watts, Oscar
Janiger, dentre outros. Este último, desde as primeiras horas, defendia o
efeito positivo da droga na realização de trabalhos artísticos.
O foi justamente no meio do cinema que o LSD ganhou entusiastas
mais rapidamente. O ator Cary Grant foi um deles. Jack Nicholson, que vivera um
pouco da atmosfera do Flower Power, assinou o roteiro de “The Trip” (Viagem ao
mundo da alucinação), em 1967.
Aldres Hubbard, em militar da Marinha americana na Segunda
Guerra e, posteriormente, milionário atuante no setor de urânio, teve sua
primeira experiência psicodélica após os 50 anos. O que sentiu fez-lhe decidir
levar a boa-nova ao resto da humanidade como se fosse uma missão de via.
Adquiriu 400 frascos e os distribuiu por toda a costa leste, até o Canadá.
Recebeu o apelido de “Johnny Aplessed of LSD”, ou Johnny Semeador de Ácido.
Outro ambiente fecundo para o LSD foi o dos escritores beatniks,
cujos primeiros frascos provieram das doações de Hubbard.
Em Harvard, o professor de física Timothy Leary se tornou
apóstolo dos efeitos do LSD sobrea “expansão da mente”. Seu colega,o professor
Richard Alpert chegou a escrever o livro “A experiência psicodélica”, base
inspiradora de John Lennon para a canção “Tomorrow Never Knows”.
Leary e Alpert foram expulsos da Universidade, mas levaram
consigo diversos alunos de pós-graduação que apoiavam as ideias da dupla para a
o uso construtivo da droga. Terminaram por fundar a Federação Internacional
para a Liberdade Interior. Visavam a “estabelecer centos de pesquisa por todo
os Estados Unidos para que nele fossem conduzidas sessões de treinamento com
drogas psicodélicas.”
Foi então que surgiu o “breaking bad” seminal: Augustus
Owsley Stanley III. Filho de um procurador da República e neto de um senador,
Augustus chegou a ser aclamado o “prefeito extraoficial da Height-Ashbury”, área
que congregava os hippies nos anos 1960, em San Francisco. Era popularmente
conhecido como o mago do LSD.
Owsley recebeu uma bolsa de estudos para cursar engenharia
química na Universidade da Virgínia, mas foi para Berkley, onde morava com sua
namorada, também estudante de química. Juntos, passaram a produzir LSD no
banheiro do cômodo.
O namora terminou, mas o comércio promissor de Owsley
continuou. Produzia aquilo que seus clientes chamavam de melhor LSD do mundo.
Inicialmente, seu LSD era vendido em formato líquido – a que chamava de “leite
materno”. Mas esse formato permitia a falsificação muito facilmente, daí Owsley
decidiu produzir pequenas pílulas, que eram levadas ao forno e saíam com cores
diversas a cada etapa. A pílula de cor laranja, conhecida como Orange Sunshine,
fez tanto sucesso que os membros da banda Jefferson Airplane arremassaram
várias delas para a plateia, no final de um show.
O preço cobrado por Owsley era de dois dólares por pílula.
Mas a cada pílula vendida, Owsley doava uma, pois desejava que seu produto
despertasse consciências. Mas o negócio de Owsley era lucrativo a tal ponto de
ter sido chamado de “Henry Ford do LSD” pela revista Newsweek.
Ainda antes da proibição do LSD, Owsley comprou por 20 mil
dólares 500 gramas de monoidrato de ácido lisérgico e produziu, com isso, 1,5
milhão de pílulas.
Owsley, que preferia ser chamado de “Urso”, era muito
próximo dos integrantes da banda que se tronou símbolo dos anos de psicodelia,
Greatful Dead. Uma parte do dinheiro amealhado com a venda de LSD virou
equipamentos de ponta para sua banda predileta.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “O som da revolução”
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