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sexta-feira, 3 de agosto de 2018

EINSTEIN E OS LIVROS PRÉ-SAGAN



NOTAS AUTOBIOGRÁFICAS - JUVENTUDE

Quando eu era um jovem razoavelmente precoce, fiquei impressionado com a futilidade das esperanças e dos esforços que atormentam incansavelmente os homens durante toda a sua vida. Além disso, muito cedo percebi a crueldade dessa busca, que naquele tempo era muito mais cuidadosamente disfarçada pela hipocrisia e por palavras brilhantes.
Todos estavam condenados a participar dessa busca pela mera existência dos seus estômagos. O estômago talvez se saciasse com essa participação, mas não o homem, na medida em que é um ser pensante e dotado de sentimentos.
A primeira válvula de escape era a religião, implantada nas crianças pela máquina educadora tradicional. Assim - embora fosse filho de pais absolutamente não-religiosos (judeus) -, entreguei-me a uma religiosidade profunda, que terminou abruptamente quando tinha apenas doze anos. A leitura de livros científicos populares convenceu-me de que a maioria das histórias da Bíblia não podia ser real.
A conseqüência foi uma orgia positivamente fanática de livre-pensamento, combinada com a impressão de que a juventude é decididamente enganada pelo Estado, com mentiras; foi uma descoberta esmagadora. Essa experiência fez com que passasse a desconfiar de todo tipo de autoridade, adotando uma atitude cética quanto às convicções vigentes em qualquer ambiente social específico - uma atitude que jamais abandonei, embora mais tarde tenha sido amenizada por uma visão mais perfeita das conexões causais. (Albert Einstein)




OBSERVAÇÕES PRÓPRIAS:

MÁQUINA EDUCADORA TRADICIONAL – O ensino religioso tem a função de trazer a paz espiritual e princípios morais, ou seria uma ferramenta de controle social, procurando evitar que as pessoas se revoltem contra as desigualdades e injustiças?

EMBORA MAIS TARDE TENHA SIDO AMENIZADA (A ATITUDE CÉTICA) POR UMA VISÃO MAIS PERFEITA DAS CONEXÕES CAUSAIS – Embora a ciência explique muita coisa, não explica tudo (até mesmo por isso se chama ciência, não religião; e também é esse o motivo por que se faz ciência sempre, sem previsão de que ela esgote seu objeto de estudo, em vez de apenas se ler o mesmo livro por toda eternidade), e as incertezas que surgem ao longo da vida, sem que consigamos explica-las (naquele momento, claro), adestra o ceticismo, no sentido de que mesmo as explicações que se nos pareçam mais absurdas, são, eventualmente, plausíveis.



Rubem L. de F. Auto

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