A história do rádio, no Brasil, teve início em 7 de setembro
de 1922, em meio às comemorações do centenário de nossa independência, no Rio
de Janeiro. Organizou-se uma exposição internacional, com estandes em homenagem
a diversos países convidados para as comemorações.
A local da exposição foi o terreno resultante da demolição
do morro do Castelo, na área central da cidade. O discurso de inauguração foi
proferido pelo presidente Epitácio Pessoa e transmitido pelas ondas
eletromagnéticas.
Milhares de pessoas puderam ouvir as palavras do presidente,
tanto pelos alto-falantes instalados na torre do serviço de meteorologia, quanto
pelos mais de 80 receptores cedidos a personalidades cariocas. Havia também
receptores instalados em praças públicas de São Paulo, Niterói e Petrópolis.
Na sequência, as pessoas puderam ouvir à ópera O Guarani,
executada simultaneamente no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Sem dúvidas, uma revolução estava em curso, com analfabetos
e letrados tendo acesso à mesma informação. Mas seria necessário algum tempo até
que houvesse uma real penetração da nova tecnologia. Os rádios eram
inicialmente sofríveis e caríssimos. Somente a partir de 1930 havia tecnologia satisfatória
e preço acessível. A maior parte do público acompanhava a programação em locais
públicos, onde se transmitiam os programas matutinos e vespertinos.
As programações musicais foram criadas desde o início, mas
os músicos não recebiam cachê, não havia grade de programação, era comum que a
emissora saísse do ar e não havia propaganda regulada. As emissoras se
organizavam como sociedades, sustentadas pela contribuição dos sócios – era comum
que os sócios também emprestassem discos e equipamentos, exigindo apenas um agradecimento
no ar.
O papel do rádio como veículo de fomento à educação foi
suscitado pelo antropólogo Roquette-Pinto e pelo professor Henrique Morize.
Aliás, rádios educativas se disseminaram em todo o mundo, mas os seriíssimos
problemas educacionais brasileiros tornaram essa questão mais premente. Os dois
educadores fundaram, em 20 de abril de 1923, a Rádio Sociedade do Rio de
Janeiro. A programação era recheada de concertos, óperas, palestras etc.
Conforme as atribulações políticas que acometeram o país se
dispersavam, o rádio se consolidava. A estabilidade econômica do período
Vargas, novos aparelhos mais baratos, a regulamentação das propagandas em
rádios, levaram a um intenso processo de profissionalização das emissoras.
Símbolo dessa modernização, a Rádio Nacional foi fundada em
1936, no Rio de Janeiro, ligada a um grupo internacional comandado pelo magnata
norte-americano Percival Farquar. Recebeu altíssimos investimentos, montou uma
grande inédita, contratou artistas de primeira linha.
Em 1940, o governo Vargas viu naquele colosso uma ferramenta
indispensável a seus desígnios políticos. A Rádio nacional foi estatizada e
posta sob a guarda do DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda. Em poucos
anos, a Nacional era a 5ª maior emissora de rádio do mundo, transmitindo sua programação
em 4 idiomas, para EUA, Europa e Ásia.
Mais havia muitas outras de porte relevante. No Rio, havia a
Tupi, Tamoio, e Mayrink Veiga. Em Sampa, Record, São Paulo, Tupi e Excelsior. O
Rio Grande do Sul contava com a Farroupilha e a Gaúcha. E muito mais.
Para músicos, programadores, técnicos, instrumentistas,
maestros, cantores, autores, atores, compositores a rádio foi a superação
definitiva do teatro de revista como principal divulgador de seus trabalhos.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “Almanaque do samba: a história do
samba...”
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