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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

AS ONDAS QUE ENCURTARAM O MUNDO: RÁDIO



A história do rádio, no Brasil, teve início em 7 de setembro de 1922, em meio às comemorações do centenário de nossa independência, no Rio de Janeiro. Organizou-se uma exposição internacional, com estandes em homenagem a diversos países convidados para as comemorações.


A local da exposição foi o terreno resultante da demolição do morro do Castelo, na área central da cidade. O discurso de inauguração foi proferido pelo presidente Epitácio Pessoa e transmitido pelas ondas eletromagnéticas.

Milhares de pessoas puderam ouvir as palavras do presidente, tanto pelos alto-falantes instalados na torre do serviço de meteorologia, quanto pelos mais de 80 receptores cedidos a personalidades cariocas. Havia também receptores instalados em praças públicas de São Paulo, Niterói e Petrópolis.
Na sequência, as pessoas puderam ouvir à ópera O Guarani, executada simultaneamente no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Sem dúvidas, uma revolução estava em curso, com analfabetos e letrados tendo acesso à mesma informação. Mas seria necessário algum tempo até que houvesse uma real penetração da nova tecnologia. Os rádios eram inicialmente sofríveis e caríssimos. Somente a partir de 1930 havia tecnologia satisfatória e preço acessível. A maior parte do público acompanhava a programação em locais públicos, onde se transmitiam os programas matutinos e vespertinos.

As programações musicais foram criadas desde o início, mas os músicos não recebiam cachê, não havia grade de programação, era comum que a emissora saísse do ar e não havia propaganda regulada. As emissoras se organizavam como sociedades, sustentadas pela contribuição dos sócios – era comum que os sócios também emprestassem discos e equipamentos, exigindo apenas um agradecimento no ar.  

O papel do rádio como veículo de fomento à educação foi suscitado pelo antropólogo Roquette-Pinto e pelo professor Henrique Morize. Aliás, rádios educativas se disseminaram em todo o mundo, mas os seriíssimos problemas educacionais brasileiros tornaram essa questão mais premente. Os dois educadores fundaram, em 20 de abril de 1923, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. A programação era recheada de concertos, óperas, palestras etc.

Conforme as atribulações políticas que acometeram o país se dispersavam, o rádio se consolidava. A estabilidade econômica do período Vargas, novos aparelhos mais baratos, a regulamentação das propagandas em rádios, levaram a um intenso processo de profissionalização das emissoras.  

Símbolo dessa modernização, a Rádio Nacional foi fundada em 1936, no Rio de Janeiro, ligada a um grupo internacional comandado pelo magnata norte-americano Percival Farquar. Recebeu altíssimos investimentos, montou uma grande inédita, contratou artistas de primeira linha.

Em 1940, o governo Vargas viu naquele colosso uma ferramenta indispensável a seus desígnios políticos. A Rádio nacional foi estatizada e posta sob a guarda do DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda. Em poucos anos, a Nacional era a 5ª maior emissora de rádio do mundo, transmitindo sua programação em 4 idiomas, para EUA, Europa e Ásia.

Mais havia muitas outras de porte relevante. No Rio, havia a Tupi, Tamoio, e Mayrink Veiga. Em Sampa, Record, São Paulo, Tupi e Excelsior. O Rio Grande do Sul contava com a Farroupilha e a Gaúcha. E muito mais.

Para músicos, programadores, técnicos, instrumentistas, maestros, cantores, autores, atores, compositores a rádio foi a superação definitiva do teatro de revista como principal divulgador de seus trabalhos.


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “Almanaque do samba: a história do samba...”

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