Em 1934, a indústria do cinema de Hollywood entraria numa
nova fase, a reboque do estrondoso sucesso do filme A Alegre Divorciada (The
Gay Divorcée), na qual cachês exorbitantes passaram a acompanhar o sucesso
exorbitante de suas produções. No México, Lázaro Cárdenas, presidente e militar
após bem sucedida participação na Revolução Mexicana, inicia a reforma agrária,
preconizada na Constituição de 1917. Na Alemanha, após a morte do presidente
Paul von Hindeburg, Adolf Hitler sentiu-se confiante para convocar um
plebiscito nacional propondo pôr amplos poderes políticos sob o comando do partido
nazista – a proposta venceu com 90% dos votos. No Brasil, entrava em vigor a
Constituição de 1934, que sobreviveria apenas até 1937, quando do golpe do
Estado Novo.
Na Itália, tinha lugar a Copa de 1934, evento cujo sucesso
na propagação dos ideais do regime fascista inspiraria Hitler nas Olimpíadas de
1936.
Inicialmente, diante do sucesso dos sulamericanos na Copa de
1930, quando Argentina e Uruguai decidiram a final, imaginava-se que a próxima
edição ficaria na América do Sul mesmo. Mas Mussolini desejava levar o torneio
para seu país, e não parecia se importar com o custo.
Após oito Congressos da FIFA, pressões de seus
representantes e denúncias de subornos, a Itália despontara como candidata
única e foi declarada país-sede da Copa de 1934 – a Suécia retirou sua
candidatura horas antes. Quem cuidava de tudo o que se relacionasse com o
torneio era o general Giorgio Vaccaro, que recebeu as ordens de Mussolini no
seguinte tom: “Eu disse que quero a conquista da Copa do Mundo”, palavras
pronunciadas sem que tirasse os olhos de sua escrivaninha.
Il Duce investiu o que julgou necessário para realizar a Copa dos seus sonhos: ocorreriam jogos em várias cidades, onde se construíram estádios, reformaram-se uns tantos outros, não importando se serviriam para apenas uma partida. Criaram-se loterias para arrecadar fundos, concederam-se isenções tributárias às empreses envolvidas nas obras. Até os meios de transporte foram modernizados – a ideia era passar uma imagem de boa organização e eficiência. Naquele período, não houve falta de trabalho na Itália.
Tendo lugar na Europa, a competição despertava agora mais
interesse. Inscreveram-se 32 seleções, da Ásia, da África e das Américas, além
das europeias. Como o número de participantes era muito alto, decidiu-se
pela realização de eliminatórias,
disputadas por todo o mundo – incluindo a Itália, que teve de jogar contra a
Grécia, jogo que venceu por fáceis 4x0.
As eliminatórias do Grupo 1 foram disputadas por Cuba x
Haiti. Cuba passou à segunda fase, quando perdeu para o México, que se
classificou para jogar contra o vencedor do Grupo B – que veio a ser os EUA. No
confronto México x EUA, os Yankees se saíram melhor e foram classificados para
o Mundial.
O Grupo 2 viu o confronto Brasil x Peru. O Peru desistiu e o
Brasil passou automaticamente. O mesmo ocorreu no Grupo 3, quando o Chile
desistiu e a Argentina passou de fase.
O Grupo 4 trouxe o Egito como vencedor; no Grupo 5, a Suécia
foi a vencedora; o Grupo 6 trouxe a forte Espanha. O Grupo 7 era o da Itália. O
Grupo 8 trouxe a promissora Áustria e a respeitável Hungria. O Grupo 9 trazia a
temida Tchecoslováquia. Suíça e Romênia despontavam no Grupo 10. O Grupo 11
trazia os vizinhos dos Países Baixos, Holanda e Bélgica. O Grupo 12 anunciava que
Alemanha e França também estavam no Mundial.
Decidiram então que os 16 classificados se enfrentariam em 8
jogos eliminatórios, cujos oponentes seriam definidos por sorteio.
A preparação da Itália envolveu um episódio envolto em
penumbra: a convocação do craque argentino Luiz Monti. Monti foi a grande
decepção da seleção argentina na final de 1930. Teve crise de choro e chegou a
se recusar a entrar em campo, embora ao final tenha calçado as chuteiras, mas
sem fazer muito uso delas. A razão para sua derrocada psicológica sempre esteve
relacionada a pressões e ameaças de representantes uruguaios, que teriam
ameaçado matá-lo e à sua mãe caso o Uruguai perdesse aquela final. Mas sempre
existiu a versão de que os tais representantes eram enviados de Il Duce, não
uruguaios. E, de fato, sabe-se que Mussolini enviou dois agentes ao Uruguai em
1930 com a missão de fazer Monti jogar pela Itália, na condição de “oriundi”.
Precisaria apenas de se naturalizar italiano.
E essa missão foi muito facilitada com o fracasso pessoal de
Monti na Copa. Aquele que era considerado o melhor jogador do mundo voltou para
casa como a definição do fracasso. Os jornais só falavam de sua covardia em
campo, de sua falta de compromisso com o país. Monti estava na lona.
Foi então que surgiram os italianos e sua proposta fantástica.
Monti ganhava 50 dólares por mês para vestir o uniforme do San Lorenzo. Além
disso, sua renda era complementada com seu salário de 100 dólares como empregado
público da província de Buenos Aires. Recebeu então a proposta de se transferir
para a Itália, para jogar pela Juventus de Turim: salário de 5 mil dólares por
mês, casa e carro do ano. Na transferência, receberia imediatamente 50 mil
dólares. E a recente lei argentina de futebol profissional não previa nenhuma
amarra com o clube no qual jogava. Monti estava livre para jogar na Itália.
Monti foi recebido festivamente pela torcida, iniciou
treinos para perder o excesso de peso, retornou à velha forma e parecia almejar
muito um título mundial para a sua vitoriosa carreira.
O técnico italiano era Vittorio Pozzo, até hoje único a
vencer duas Copas e acumular isso com uma Olimpíada. Era um revolucionário em
seu tempo: foi o primeiro a acompanhar treinos dos adversários para fazer observações
individuais, relacionava-se muito bem com os jogadores e aprendeu a moderna tática
de jogo WM, criada pelo técnico inglês Herbert Chapman, do Arsenal, quando morou
na Inglaterra.
Aliás, a Inglaterra continuava esnobando a Copa do Mundo,
por se considerar infinitamente superior ao resto do mundo... no que era
acompanhada pelos demais membros do Reino Unido.
Pozzo visitou Brasil, Uruguai e Argentina, pretendendo
observar melhor os melhores jogadores sulamericanos. Essa viagem também serviu
para a Itália engrossar sua fileira de”oriundis”: os argentinos Demaria, Guaita
e Orsi; o brasileiro Filó, jogador do Corinthians que se transferiu para o
Torino.
A Espanha se preparou mediante um amistoso contra a Inglaterra,
quando se sagrou vitoriosa por um incrível 4x3 – foi a primeira derrota da
Inglaterra contra outro país. Dias antes do início da Copa, Hungria e
Tchecoslováquia também venceram os ingleses com dois 2x1.
A Áustria do técnico Hugo Meisl era a seleção considerada
favorita pela maioria. Apelidada de Wunderteam (que significa time maravilhoso),
tinha o melhor atacante do mundo, Mathias Sindelar.
Já no lado das grandes decepções, figuravam os sulamericanos.
O Uruguai não foi capaz sequer de montar uma seleção: ao rancor contra os
europeus, pelo boicote de 1930, somavam-se os problemas surgidos após a entrada
em vigor da lei que permitia a profissionalização dos atletas de futebol. Em
decorrência do sucesso de seus jogadores, agora eles não aceitavam salários
baixos e os conflitos despertados seus clubes se multiplicava.
A Argentina, ainda atônita pela perda de Monti, optou por
convocar apenas jogadores amadores, temerosa de que os profissionais tivessem o
mesmo destino do seu grande craque em 1930. Mas declararam oficialmente que
faziam aquilo em solidariedade ao Uruguai.
O Brasil queria participar. Mas os conflitos internos
envolvendo a nascente Federação Brasileira de Futebol e a CBD, única
representante da FIFA no país e ainda impermeável à profissionalização dos
atletas, impedia uma organização minimamente decente.
Todas as equipes relevantes do Rio de Janeiro já eram profissionais,
exceto o Botafogo. Pois bem, a CBD convidou o presidente do Botafogo, Carlito
Rocha, para formar a seleção, cujo técnico seria Luiz Vinhaes.
Evidentemente Vinhaes sabia que aquela equipe teria um
desempenho risível numa Copa – sabiam, portanto, que seriam necessários reforços.
A única alternativa, pasmem, era contratar atletas... profissionais. Dali em
diante a CBD pôs em prática sua tática de ”sequestrar” jogadores de times
profissionais: ofereciam luvas de 20 contos de réis a quem se desligasse de
seus clubes e fosse para a seleção, mais um salário de 1 conto por mês.
Trouxeram assim Valdemar de Brito (imortalizado como o
descobridor do Pelé), Luizinho, Armandinho, e Silvio Hoffman. Leônidas da
Silva, maior jogador da época e ídolo do Vasco, também aderiu, mas mediante
pagamentos mais gordos. A outra estela “patriota” foi o Patesko. Dentre os que
não aderiram estava o goleiro Rey, estrela do Vasco, recebeu os 20 contos, mas
depois devolveu o dinheiro e seguiu com seu time. O Palestre Itália, que na
época contava com um grande elenco, escondeu seu time numa fazenda a 200 km de
São Paulo, para que não corressem o risco de “sequestro”.
A viagem de 8 mil milhas até Itália se deu no navio de luxo
Biancamano. Foi uma verdadeira tormenta para os jogadores: os enjoos eram constantes,
os treinamentos com bola eram impossíveis e até as sessões de ginástica eram
dificultadas por causa do incômodo causado nos passageiros da primeira classe.
Apesar do estranhamento dos milionários com aquele grupo de
passageiros, logo Leônidas estava comandando uma roda de samba; as noites eram
animadas com o carteado. A primeira parada após seis dias no mar, em Dacar,
serviu para o único treino com bola antes da estréia.
Em Barcelona, embarcaram os jogadores espanhóis –
adversários na estreia. Se, por um lado, os jogadores brasileiros estavam
impedidos de beber bebidas alcoólicas, por outro os espanhóis bebiam vinho e
cerveja em profusão, e se espantaram quando souberam do absenteísmo dos
adversários.
O jogo contra a Espanha foi um desastre. O time estava sem
entrosamento, o gramado era péssimo e vários jogadores confessaram que ainda
sentiam o enjoo da viagem. Aos 17 minutos, Martim cometeu pênalti, que foi
convertido por Irarogorri. Minutos depois, Langara fez o segundo de cabeça. Aos
28 minutos, Langara marcou o terceiro da Espanha.
Com o placar largo, a Espanha começou a cadenciar o jogo no
segundo tempo. O Brasil se aproveitou: Leônidas da Silva fez o primeiro gol
brasileiro aos 7 minutos. Aos 15, um susto: Luizinho fez o gol, mas foi anulado
por impedimento. Aos 25, Leônidas fez bela jogada individual e chutou para o
gol. O espanhol Quincoces defendeu com a mão: pênalti! Waldemar de Brito bateu,
mas Zamora, que havia assistido ao treino do Brasil poucos dias antes, pulou no
canto certo e defendeu. O Brasil entraria para a história das Copas como o
primeiro selecionado nacional a perder um pênalti – e esse fantasma voltaria a assombrar
décadas depois, em 1986.
A perda do pênalti foi um banho de água fria e o jogo se
desenrolou morno até o fim. A desclassificação prematura levou o Brasil e jogar
uma série de amistosos pela Europa. Num deles, contra a Iugoslávia, outro
vexame: 8x4 – pior resultado do Brasil até hoje, apesar do 7x1 contra a
Alemanha. Mas a vitória contra Portugal ajudou a amenizar um pouco o clima
desconcertante.
O jogo Brasil x Espanha foi disputado simultaneamente com
outro: Alemanha x Bélgica. A estrela belga, o centroavante Voorhoof, suspenso
desde que disputou um jogo com a camisa de outro time, foi perdoado e jogou.
A Alemanha inaugurou o placar com Kobierski. Mas Voorhoof
estava empolgado e fez dois gols no primeiro tempo. Mas os alemães eram mais
técnicos, o fôlego dos belgas acabou logo, e Kobierski empatou o jogo e Conen
marcou três vezes. Placar final: Alemanha 5 x Bélgica 2.
Já a favorita Áustria enfrentou a França. A Ástria começou
decepcionando: a França fez o primeiro aos 19 minutos, com Nicolas (que estava
jogando contundido àquela altura, pois a regra não permitia substituições).
Sindelar empatou para os austríacos no fim do primeiro tempo. A França dominou
o segundo tempo, mas a bola não entrava. O jogo teve de ir para a prorrogação.
A Áustria começou a tempo extra marcando com Schall – que
estava impedido. A França partiu para cima da Áustria, mas quem se aproveitou
foi a Áustria, com Bican, num contra-ataque. A França ainda conseguiu descontar
com Verriest cobrando um pênalti. Fim de jogo, França fora, mas ajudou a baixar
a bola dos austríacos.
Os húngaros tinham pela frente os fracos egípcios – apesar de
o mesmo Egito ter eliminado a Hungria nas Olimpíadas de Paris, de 1924. Mas agora
foi sem surpresas: a Hungria ganhou de 4x2. A Hungria ganhou um título surpreendente:
o jogador mais bonito do Mundial foi seu jogador Joszef Hada.
A Argentina pegou a Suécia. Apesar da fraca seleção, os
argentinos chegaram ao fim do segundo tempo empatados em 2x2. Mas deixou a
Suécia marcar aos 30 minutos. Do lado argentino, quem chamou atenção doi
Devincenzi, que foi contratado pelo Ambrosiana da Itália após o torneio.
Suíça e Holanda se enfrentaram em Milão. O primeiro tempo
terminou em 2x1 para a Suíça. No segundo, a Suíça fez mais um. A Holanda
descontou aos 42, mas não tinha tempo para mais nada.
O jogo Tchecoslováquia X Romênia quase teve zebra. A
Romênia, teoricamente bem mais fraca, começou na frente logo aos 10 minutos. Os
tchecos só começaram a jogar no segundo tempo e converteram aos 4 e aos 22
minutos. Apesar da chuva de gols perdidos, os romenos deram adeus ao Mundial.
Mas a grande estreia foi a dos donos da casa. Ocorreu no estádio
do Partido Nacional Fascista em Roma, completamente lotado. O Hino Nacional foi
entoado por todos, incluindo Mussolini e sua filha mais nova, além do príncipe
dos Piemonte e das princesas Giovanna e Mafalda. O adversário foi os EUA e Il
Duce fez questão de pagar sua entrada.
Segundo Pozzo, apenas um jogador americano era realmente
perigoso: Donelli, nascido em Nápoli. O placar foi um massacre: 7x1 para a
Itália. Curiosamente, o brasileiro Guarisi jogou essa partida.
Portanto estavam nas quartas-de-final: Alemanha, Áustria,
Hungria, Espanha, Suécia, Suíça, Tchecoslováquia e Itália – uma verdadeira Copa
da Europa.
A Áustria estava mordida e mandou a Hungria para casa por
2x1. A Alemanha venceu a Suécia por 2x1. A Tchecoslováquia venceu a Suíça por
suados 3x2.
Mas o jogo mais aguardado ocorreu em Florença: Itália x
Espanha. Os ibéricos saíram na frente aos 29 minutos. A Itália empatou após 44 –
com um gol irregular, pois o goleiro espanhol sofrera clara falta. Na
prorrogação, ninguém marcou, mas a violência dos italianos correu solta: sete jogadores
espanhóis ficaram sem condições de jogar a próxima partida, incluindo o goleiro
Zamora. Como houve empate, marcou-se um segundo jogo de desempate.
A FIFA entendeu que um dos culpados pela guerra campal em
Florença foi o árbitro, substituído na partida seguinte. Mas o novo árbitro
também se mostrou incapaz de controlar os chutes e pontapés. A Itália marcou
seu gol classificatório aos 11 do primeiro tempo e passou de fase. No dia
seguinte, a FIFA expulsou os dois árbitros de seus quadros.
A primeira semifinal foi disputada entre Itália e Áustria. Em
jogo disputado debaixo de muita chuva, a vitória foi italiana, por 1x0. O jogo
Tchecoslováquia x Alemanha terminou em 3x1 para os tchecoslovacos.
No jogo pelo terceiro lugar, a Alemanha venceu por 3x2.
A final foi disputada no mesmo estádio da abertura: Estádio
do Partido Nacional Fascista, em Roma (atualmente chama-se Flaminio). Mussolini
estava tenso, embora acompanhado de uma sorridente princesa Giovanna, da
família real de Saboya. Vaccaro foi relembrado pelo Duce do seu desejo de
vitória a qualquer custo.
Pozzo não deixou de visitar o treino dos tchecos e fazer
suas anotações de praxe. O que o técnico italiano viu fê-lo mudar de tática,
pedindo a seus jogadores menos bolas altas na área e mais cruzamentos baixos
para jogadores entrando em diagonal. A boa notícia era que Monti, lesionado no
jogo contra a Espanha, voltou ao time.
O primeiro tempo foi duro, mas ninguém abriu o placar. Aos
25 do segundo tempo, Puc abriu para o tchecos. Podia-se sentir a tensão que
Mussolini expelia – e, igualmente, em Pozzo e Vaccaro.
Os tchecos ainda mandaram uma bola na trave aos 34 minutos,
mas, no minuto seguinte, a Itália empatou com Orsi. O estádio foi à loucura,
mas Pozzo mandou que seu time recuasse e esperasse a prorrogação.
E o tempo complementar realmente mostrou outra partida. A
Itália dominava, quando Giuseppe Meazza passou para Guaita, que enfiou uma bola
em diagonal para Schiavio (como lecionara Pozzo pouco antes). Em velocidade, o
jogador italiano passou pela defesa tcheca e tocou sem força na saída do
goleiro: Itália na frente.
O estádio acompanhou em festa até o fim da partida.
Mussolini fez questão de descer da tribuna e entregar pessoalmente a Taça ao
capitão Combi e as medalhas de prata aos tchecos. Roma anoiteceu com danças e
cantos pelas ruas. Mussolini ainda entregou a medalha de bronze aos alemães.
O ponto baixo do evento, sem dúvidas, foi a vergonhosa
saudação fascista com a qual os italianos receberam seus prêmios, ao lado dos
alemães, que empunhavam a bandeira alemã numa mão, e a pérfida suástica noutra.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “O arquivo secreto das Copas: 1930-1954”
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