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quinta-feira, 17 de maio de 2018

CIVILIZAÇÕES AFRICANAS: MALI, REINO DO SABER E DA CULTURA


O grande reino africano a suceder em relevância o reino de Gana foi o Mali, que o superou em magnificência e esplendor.

O fundador do Mali foi Sundjata Keita, que viveu de 1230 a 1255. Após uma série de vitórias de tirar o fôlego, dividiu seu império em províncias, entregou o poder local a governantes de sua confiança e reduziu os povos derrotados à servidão. Nascia aí o Império do Mali. Sundjata foi de tal forma marcante que ainda hoje é lembrado em oferendas.

O sucessor no trono foi Mansa Uli, filho de Sundjata. Desde então o nome Mansa passou a designar o título do governante maior.

Como muitos governantes o fizeram, Mansa se converteu ao islamismo, certamente por motivações comerciais. Como ocorria comumente também, a populações em geral continuava a praticar suas crenças animistas normalmente.

Mansa Uli, convertido, lançou-se à sua viagem a Meca, tanto por motivos religiosos quanto por interesses comerciais, ao firmar uma rede de relacionamentos relevante, tanto dentro quanto fora do Mali.

De fato, deu resultado:  após a viagem, Djenne e Tombuctu emergiram como duas das cidades comerciais muito importantes. Tombuctu, em fins do século XVI, possuía cerca de 25 mil habitantes, 26 alfaiatarias, que contavam com mais de 200 aprendizes, 150 escolas alcoranistas. Além disso, a cidade contava com muitos juízes, médicos, estudiosos, todos pagos diretamente pelo rei. Em Tombuctu, um dos bens mais concorridos eram o livros manuscritos, muitos deles importados da Barbaria. O comércio mais lucrativo era o de livros.

Tombuctu virou centro do comércio internacional de sal, escravos, marfim etc. Além desses, comercializavam-se livros de História, Medicina, Astronomia e Matemática. O número de estudantes ali residentes tornavam-nos uma classe relevante.

Por tudo isso, era comum o brocardo: “O sal vem do norte, o ouro vem do sul, mas as palavras de Deus e os tesouros da sabedoria vêm de Tombuctu.”

Mansa Kanku Mussa, quem viveu de 1307 a 1332, deu prosseguimento à pujança dourada do Mali. Quando de sua peregrinação a Meca, Mussa levou consigo cerca de 8 mil cortesãos, guerreiros, servos e algo entre 10 e 12 toneladas de ouro.

Em Meca, adquiriu casas e terrenos, distribuiu esmolas e presentes. Quando de seu retorno, levou consigo letrados, comerciantes e religiosos. Mussa era fluente em árabe.

Se, por um lado, a jornada esplendorosa de Mussa ficou marcada na memória coletiva, sendo festejada em versos e prosas pelas décadas que se seguiram, por outro trouxe um mal agouro: aquela demonstração de riqueza atraiu a cobiça de povos europeus.

Já por volta do século XV, a decadência do Mali era visível. Após seguidos ataques de tuaregs, povos nômades do deserto do Saara, o Mali foi dividido e reinos minúsculos, dando adeus a seus anos gloriosos.      

Rubem L. de F. Auto


Fonte: livro “Desvendando a história da África” 

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