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sexta-feira, 25 de agosto de 2017

D. JOÃO II, REI DE DOIS MUNDOS – PARTE 2


Todo o ouro aportado em Lisboa tinha como objetivo financiar aquilo que se denominava Grande Plano: criar a rota marítima alternativa que permitiria reativar o comércio de especiarias orientais e torná-lo monopólio português.

Pelo fato de D. João II ser grão-mestre da Ordem de Cristo, a cruz dos templários figurava nas caravelas das descobertas.

O que comércio que existira até então era dominado pelos venezianos, que construíram uma metrópole grandiosa com os lucros dali advindos. Seu império se estendia até Dalmácia e ao Mar Negro. Embora a riqueza cultural visual surgida em Veneza durante seus anos dourados não se compare àquela de Florença, as ciências naturais devem muito à Sereníssima: anatomia e medicina foram duas áreas que contaram com obras monumentais e seminais dessa época.

O grande obstáculo ao sucesso de Veneza foi sua aversão a qualquer coisa que lembrasse os árabes, embora estes fossem seus principais parceiros comerciais. Foi a cultura árabe que embasou as descobertas de grandes cientistas judeus. Foram judeus muitos dos ocupantes do Conselho dos Sábios de D. João II. Em retribuição, foi concedido à comunidade judaica um terreno numa colina de Lisboa, onde construíram uma sinagoga.

Eram judeus o tesoureiro real, o médico do rei e o grande matemático da Universidade de Salamanca.
Por seu turno, os árabes herdaram seus grandes conhecimentos científicos diretamente dos gregos. As grandes obras gregas quase todas foram traduzidas para o árabe, muito antes de os europeus sequer tomarem conhecimento da existência delas. Como a língua grega era totalmente desconhecida no ocidente, tais obras somente vieram à tona na Europa após tradução a partir do árabe. Sendo igualmente semitas, muitos dos tradutores eram de origem judaica.

Foi a partir dessas traduções que os europeus souberam da existência do oceano Índico. Eles criam que a África se estendia até a Ásia ocidental.

No afã de conferir as informações que jorravam, D. João II decidiu enviar um espião português até a região onde Marco Polo regressara, por medo de embarcar num navio árabe. O nome do “James Bons” português era Pêro de Covilhã.


Rubem L. de F. Auto


Fonte: livro “A primeira aldeia global”

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