Todo o ouro aportado em Lisboa tinha como objetivo financiar
aquilo que se denominava Grande Plano: criar a rota marítima alternativa que
permitiria reativar o comércio de especiarias orientais e torná-lo monopólio
português.
Pelo fato de D. João II ser grão-mestre da Ordem de Cristo,
a cruz dos templários figurava nas caravelas das descobertas.
O que comércio que existira até então era dominado pelos
venezianos, que construíram uma metrópole grandiosa com os lucros dali advindos.
Seu império se estendia até Dalmácia e ao Mar Negro. Embora a riqueza cultural
visual surgida em Veneza durante seus anos dourados não se compare àquela de
Florença, as ciências naturais devem muito à Sereníssima: anatomia e medicina
foram duas áreas que contaram com obras monumentais e seminais dessa época.
O grande obstáculo ao sucesso de Veneza foi sua aversão a
qualquer coisa que lembrasse os árabes, embora estes fossem seus principais
parceiros comerciais. Foi a cultura árabe que embasou as descobertas de grandes
cientistas judeus. Foram judeus muitos dos ocupantes do Conselho dos Sábios de
D. João II. Em retribuição, foi concedido à comunidade judaica um terreno numa
colina de Lisboa, onde construíram uma sinagoga.
Eram judeus o tesoureiro real, o médico do rei e o grande
matemático da Universidade de Salamanca.
Por seu turno, os árabes herdaram seus grandes conhecimentos
científicos diretamente dos gregos. As grandes obras gregas quase todas foram
traduzidas para o árabe, muito antes de os europeus sequer tomarem conhecimento
da existência delas. Como a língua grega era totalmente desconhecida no
ocidente, tais obras somente vieram à tona na Europa após tradução a partir do
árabe. Sendo igualmente semitas, muitos dos tradutores eram de origem judaica.
Foi a partir dessas traduções que os europeus souberam da
existência do oceano Índico. Eles criam que a África se estendia até a Ásia
ocidental.
No afã de conferir as informações que jorravam, D. João II
decidiu enviar um espião português até a região onde Marco Polo regressara, por
medo de embarcar num navio árabe. O nome do “James Bons” português era Pêro de
Covilhã.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “A primeira aldeia global”
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