A vida dos índios no território do atual Brasil tinha como
centro da táua, ou taba, ou aldeia. São todas denominações para o conjunto de
malocas, a casa típica dos índios. Cada maloca era lar para a família, no
sentido mais estendido que se possa imaginar: pai, mãe, filhos, cunhadas, genros,
parentes distantes mais velhos, amigos quase-parentes, prisioneiros de
guerra... eram comuns mais e uma família coabitando a mesma maloca.
A aldeia típica possuía algo entre 300 a 400 pessoas. Dependendo
da quantidade de alimentos disponível na região, reunia entre 4 e 10 malocas. Uma
taba com 4 malocas, que possuíssem cem índios em cada, consumia cerca de 400 Kg
de alimentos por dia.
O local escolhido para a construção das malocas deveria
possuir alguns pré-requisitos: deveria ser bem ventilado, dar boa vista para a
vizinhança, próximo a rios e da mata. A terra deveria permitir o plantio de
mandioca e milho.
Além disso, deveria ficar, no mínimo, entre 50 e 90
quilômetros distante da aldeia mais próxima – isso garantia fartura de
alimentos para cada aldeia.
Quando uma aldeia se sentia ameaçada por outra tribo, era comum
construírem uma cerca de pau a pique, conhecida como caiçara, ao redor da
aldeia – a depender do nível da ameaça, poderia construir mais de uma cerca.
Entre as cercas, punham estrepes envenenados, escondidos no capim. Usavam
também armadilhas contra os inimigos.
O centro da aldeia era conhecido como ocara – uma espécie de
praça. Era o local de reunião dos conselheiros, era onde as mulheres preparavam
as bebidas usadas em rituais, onde ocorriam grandes festas (como a comemoração
pela morte dos prisioneiros de guerra).
A partir da ocara era traçadas trilhas – ou pucus – que levavam
à roça, ao local de caças, ao bosque.
Todo o ambiente que circundava cada taba era chamado de “retama”.
Esta é a expressão tupi mais prócima de pátria, país. Tupire-tama era a pátria
dos tupis. Tapuiretama era a pátria dos tapuias. Pindóretama, mais tarde
aportuguesada para Pindorama, era a região onde abundavam palmeiras.
A expressão taba-y-ara era usada para aqueles que viviam na
mesma taba, ou seja, conterrâneo. Çabay-goára era o “estrangeiros”, que
habitava outra taba, portanto deveria ser observado de perto.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “Os povos indígenas no Brasil”
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