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terça-feira, 19 de dezembro de 2017

GRÉCIA ANTIGA E O TEATRO COMUNISTA


O século IV a.C. marcou o período da criatividade no teatro grego. A cidade de Atenas é considerada o berço da tragédia como forma artística no século V, dando origem a dramaturgos que atingiram a áurea de imortais: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, dentre muitos outros.

No século IV, as cidades gregas não mediam esforços na construção de teatros. O teatro de Dionísio, ao pé da Acrópole, em Atenas, construído em pedra, em lugar de madeira, é um exemplo. Assim como o teatro de pedra de Epidauro, ainda em funcionamento, é outro. Pode-se citar ainda o magnânimo teatro de Megalópolis, para 20 mil espectadores bem acomodados. A cidade siciliana de Segesta também exemplificava a realidade de que cada grande cidade grega possuía pólo menos um teatro nos estertores do século IV.

As peças ali encenadas eram muito variadas, mas é conhecido o imenso interesse nas remontagens de clássicos do século precedente. De qualquer maneira houve uma profusão de novas obras, como as de Astidamia, o moço, autor de algo em torno de 240 peças e provavelmente parente do monumental Ésquilo.
As grandes peças eram exportadas para todo o mundo grego de então, chegando à Itália e à Sicília. Atores e autores ocupavam o altar das estrelas, conformavam-se em sindicatos e possuíam até mesmo fãs-clubes. Os mais famosos atuavam até como embaixadores ou emissários diplomáticos, representando suas cidades em negociações internacionais. Foi o caso de um ator chamado Neoptólemo (filho de Aquiles, o semideus grego), que representou Atenas em 348 a.C., por conta de negociações envolvendo o rei da Macedônia, Filipe.

O palco era tão importante quanto a assembléia, no sentido de fazer as pessoas refletirem sobre o mundo em constante mutação no qual estavam submersas. Aristófanes ficou marcado por produzir peças cômicas que refletiam as preocupações mais atuais, como quando escreveu Ecclesiazusae (Mulheres na Assembléia) , em 395 a.C., quando sua Atenas era arrastada para um conflito intenso com Esparta. Essa comédia contava uma história segundo a qual as mulheres de Atenas, observando a bagunça que os homens faziam com os assuntos municipais, dão um golpe e assumem o poder. Tendo tomado o Poder, elas passam à criação de uma espécie de Estado comunista: todos serão iguais e terão acesso a tudo – incluindo parceiros sexuais. Caso um homem quisesse levar uma bela mulher para sua cama, deveria antes fazer o mesmo com uma feia; e vice-versa para as mulheres. O final da peça, infelizmente, não é tão feliz quanto se poderia supor.

Oito anos após, Aristófanes traz à luz outra peça: Riqueza. Atenas estava entrando num período de crise econômica, a ponto de ter de estabelecer uma paz com a Pérsia nos termos propostos pela contraparte. Aristófanes então imagina uma Atenas utópica, em que a riqueza é repartida igualmente, entre todos, não permitindo que ninguém tenha menos do que precisa.


RUBEM L DE F AUTO


FONTE: LIVRO “DOS DEMOCRATAS AOS REIS: O BRUTAL SURGIMENTO DE UM NOVO MUNDO...”     

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