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sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

ECONOMIA GREGA – CLÁSSICOS E KEYNESIANOS EM ATENAS


Por volta de 350 a.C., a economia ateniense vivia uma grande recessão. A principal fonte de renda vinha da agricultura. A área mais produtiva se situava na Ática, nos arredores de Atenas. A segunda fonte de renda era a manufatura. Artesãos de múltiplas capacitações produziam de tudo – havia cerca de 170 tipos diferentes de bens e serviços.

Outro aspecto relevante da economia grega é a existência de escravos nas mais diversas atividades. A escravidão era tão presente que os escravos tinham preços facilmente calculados.

Mas a atividade econômica mais importante era o comércio. Calcula-se que cerca de metade dos atenienses estava envolvida em algum tipo de comércio. A necessidade de praticar o comércio adveio da notória falta de recursos naturais e alimentícios e quantidade suficiente para garantir a autossuficiência da cidade.

No século IV já se havia desenvolvido um mercado de trocas comerciais complexas e internacionais englobando todo o mundo antigo conhecido. Atenas era a cidade que usava mais intensamente as rotas marítimas. O porto do Pireu era o coração da economia ateniense.

Atenas também exportava muito, especialmente artigos de mesa e bebidas. Alguns eram produzidos visando ao mercado externo. A ilha de Tasos, colônias no sul da Itália e Cartago eram destinos comuns.

Por seu turno, Tasos era conhecida pelo vinho, largamente consumido pelos atenienses mais ricos.  
Outro local onde o comércio se desenvolveu sobremaneira era a colônia de Massalia, modernamente conhecida como Marselha, no sul da França. Seu papel de intermediário na importação de vinhos, destinados a gauleses e celtas residentes no interior da França, já àquela época notórios apaixonados pela bebida – até então importada.

Após fazer fortuna importando vinho, Massalia passou à produção própria. Sua qualidade se destacou de tal maneira que passaram a ser vendidos em ânforas específicas, de modo a destacá-lo dos concorrentes.
Um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento do comércio naquele tempo eram os piratas. A ilha de Melos era conhecida como porto seguro para desembarque de mercadorias contrabandeadas por piratas. A cidade de Zancle, na Sicília, abrigava alguns dos mais sanguinários piratas. A ilha de Egina era procurada pelo seu vibrante mercado negro de produtos roubados.

O fim dessa atividade ilícita era uma utopia, pois a relação entre escravos e autoridades locais era muito complexa, haja vista serem frequentemente contratados para combater desafetos políticos e ajudar a invadir cidades inimigas.

Um grande salto dados pelas atividades comerciais na Grécia antiga era o desenvolvimento de bancos comerciais. No século IV a.C., a cunhagem de moedas era praticada em todas as cidades gregas. O escambo era recusado e as moedas locais somente tinham valor dentro dos seus muros. Fazia-se necessário, portanto, um mecanismo de câmbio. E esse passo não demorou ser dado.

Cambistas estabeleceram bancas nas cidades portuárias do Egeu, onde os comerciantes poderiam trocar suas moedas pelas que desejasse. Com o tempo, passaram a atuar como depositários do dinheiro excedente dos comerciantes. Passo sucessivo, nasceu também o seguro contra perda de cargas, depois se disponibilizaram créditos para aquisição de terras e outros negócios, o crédito para financiamento de exportações... Enfim, nascia o banco da era moderna. Fato é que a palavra grega para banco, trapeza, é a mesma desde então.

Esses cambistas eram estrangeiros, portanto não tinha direitos políticos em Atenas, mas eram prósperos e em número considerável – chegaram à casa dos 10 mil. Receberam, assim, o nome de metecos – também chamados de novos-ricos. A primeira dinastia de ricos banqueiros de Atenas eram os Pasion.

Quando as economias locais ganharam corpo, os saques e invasões a outras cidades deixaram de ser uma fonte viável de arrecadação, dando lugar aos detestáveis impostos. Já em 380 a,.C., Atenas realizara um censo das propriedades fundiárias, visando à cobrança de impostos. Eram igualmente tributadas as atividades de vendas, circulação de mercadorias nos portos, alguns tipos de empregos (como a prostituição), etc.

Já os cidadãos ateninses mais ricos eram obrigados por lei a prtestarem alguns tipos de serviços públicos: financiamento de peças teatrais, aquisição de armas para navios de guerra etc. A atividade de coleta de impostos era terceirizada, mediante licitação.

Por volta de 350 a.C. toda essa engrenagem estava funcionando milimetricamente bem. A população das cidades crescia exponencialmente (Atenas à frente), de modo a fluírem quantidades vultosas de recursos para os cofres públicos. Obras públicas pululavam em Atenas, com teatros, santuários e muralhas fortificadas surgindo a todo instante.

Foi então que tudo entrou em colapso. Guerras, colheitas ruins e disputas internas desarticularam aquela engrenagem tão frágil, a ponto de o declínio parecer irresistível. Com as constantes guerras, o fornecimento de cereais ficou em perigo, haja vista a desarticulação das rotas comerciais. O resultado disso foi uma crise de crédito (ou de confiança). Somando-se às notícias ruins, a produção de prata em Atenas caiu a níveis irrisórios, pondo toda a economia em ruínas.

Para combater aquela crise, Xenofonte, ateniense tornado espartano, que já havia descrito o infortúnio ateniense na batalha de Mantinei, redigiu um texto com recomendações econômicas a Atenas: o Oikonomikos, expressão grega para “questões de casa” - e origem da palavra economia. Ele pensava que os atenienses deveriam retornar aos conceitos básicos de geração de riquezas, procurando a autossuficiência agrícola.

Mais à frente, já em plena crise econômica, Xenofonte elaborou outro texto: o Poroi. Lá, ele analisava a relação entre prosperidade, emprego, consumo e gastos. Concluía que a saída para Atenas era uma solução “keynesiana”: gastar!

Mas o gasto que ele propunha não era com obras ou com os cidadãos comuns, mas de forma a trazer para Atenas as pessoas que ele considerava fundamentais para a economia local: estrangeiros ricos. Dominantes nas atividades bancárias e no comércio em geral, Xenofonte previa que benefícios concedidos a essa classe atrairia outros como eles, de outras cidades. E a oferta que farias seus olhos brilharem era a ambicionada cidadania ateniense: ou seja, trocava-se reputação por dinheiro. Além disso, eram concedidos os melhores assentos em teatros, isenções tributárias etc.

O lema brandido por Atenas em todo o mundo antigo era: “Dê-nos suas riquezas e nós faremos o seu nome imortal como cidadão da maior cidade do mundo.”


Rubem L. de F. Auto        


Fonte: livro “Dos democratas aos reis...”  

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

O FILÓSOFO MARQUETEIRO E O DÉSPOTA BEBERRÃO NO EMBATE ENTRE CÉREBRO E PODER


Por volta de 371 a.C., Atenas se encontrava em meio a um turbilhão político-diplomático. O grande governante de todo o mundo grego, que conseguira submeter todos as outras cidades-estado a seu mando, chamava-se Dionísio I, strategos autokrator, ou comandante-supremo, de Siracusa e arredores, na região da Sicília. Por mais de 30 anos, desde sua vitória espetacular na batalha de Leuctra.

Fato é que Atenas era consciente do fato de que não teria, ao menos naqueles dias, exército suficiente para derrotar o tirano de Siracusa. Os atenienses então fizeram tudo o que puderam para manter o ditador longe de suas fronteiras. Certa feita chegaram a oferecer-lhe o disputado título de cidadão ateniense.

Alguns anos antes, por volta de 388 a.C., quando da realização dos Jogos Olímpicos, Dionísio fora atacado verbalmente pelo respeitado orador ateniense Lísias, que incendiou a multidão contra o detestado tirano.

De índole bem mais diplomática, o mais famoso discípulo de Sócrates, o filósofo Platão, tomou uma iniciativa bastante arriscada: realizar um debate intenso com Dionísio, influenciá-lo politicamente e, assim, torná-lo um governante mais justo e um líder mais forte. Ao menos era o que Platão esperava ao desembarcar no porto de Siracusa.

O promotor do encontro fera Díon, assessor mais destacado de Dionísio e grande admirador do filósofo ateniense.

Iniciado o debate, Platão encaminhou dois temas que pareciam afeito a Dionísio: virtude humana e masculinidade – Dionísio julgava ser detentor de ambas em abundância. Platão, evidentemente, não era um assessor bajulador pronto a dizer qualquer bobagem que seu soberano quisesse ouvir. Após expor seus argumentos com singular sinceridade, o debate descambou em discussão agressiva, em que Dionísio mostrou toda sua fúria contra que discordasse de si.

Explodindo de raiva, Dionísio expulsou Platão da ilha. Mas um homem com a índole de Dionísio não iria simplesmente mandar o desafeto de volta para casa: este ato deveria ser adornado com muita tortura e sofrimento. Esparta e Atenas estavam em guerra, logo Dionísio exigiu que Platão retornasse num navio cuja tripulação era inteiramente Esparta – a despeito de ter o filósofo viajado em embarcação ateniense. Por fim, Dionísio pagou para que o capitão espartano pusesse fim à vida do filósofo ainda em mar.

Mas o referido capitão não matou Platão; antes, o vendeu como escravo na ilha de Egina. Ao contrário do seu mestre, Sócrates, que irritava os atenienses com seus questionamentos desconcertantes, Platão era um eminente filósofo, lecionara para alguns dos maiores governantes de Atenas, era respeitado e protegido.
Conseguindo escapar da escravidão em Egira, Platão retornou a Atenas, fundou sua Academia, atraiu para ela alguns dos maiores oradores de todo o mundo grego. Sua Academia se tornou central nos embates políticos de Atenas e logo Dionísio perceberia que o embate entre o filósofo destemido e o tirano embrutecido apenas se iniciara.

Usando a arma que melhor manipulava, as palavras, Platão e sua Academia foram responsáveis por uma campanha de deturpação que vitimou completamente a reputação de Dionísio I. Os apaixonados defensores da democracia ateniense se lançaram à difamação do tirano, de modo a fazer sua boa fama de forte, viril e virtuoso transmutada para a de um homem numa corrida ensandecida pelo poder, arquétipo ideal de um tirano que sofre de fraqueza moral. Espalharam que aquele tirano, como era de se esperar, sofria de medo constante e desconfiança de todo mundo. Diziam que a esposa de Dionísio deveria dormir nua todas as noites, pois o marido desconfiava de que pudesse trazer uma faca por debaixo das vestimentas; sua cama era cercada por um canal, com uma ponte de acesso normalmente erguida, para evitar a aproximação de assassinos; todos os que desejassem uma audiência com o autocrata deveriam sofrer uma revista completa e despir-se. Essas características inclusive foram usadas em diversas comédias escritas no período.

Toda essa má-fama era desconfiável. Dionísio vencera um concurso literário promovido em Atenas. Inclusive era o proprietário da histórica escrivaninha utilizada pelo imortal Ésquilo. Foi autor de diversas poesias. Foi o especialista em mitologia grega que escolheu as esculturas que adornariam os santuários de Asclépio e Epidauro. Mas o contra-ataque da Academia foi mortal para a reputação de Dionísio: nunca mais seria aceito no cenário político ateniense. Seria apenas um mau caráter, para todo o sempre.
Dionísio I seria sucedido por Dionísio II, até então notável por sua vitória “magnífica” numa competição de bebidas, por ter sobrevivido a 90 dias consecutivos de bebedeira.

Evidentemente alguém com esse currículo necessitava de uma assessoria competente e, neste caso, o nome do homem que exercia o poder real era Díon, o mesmo assessor de seu pai, aquele que marcou o infeliz debate entre Dionísio pai e Platão.

Embora competente, brilhante até, Díon era o típico sujeito maçante: exibia e exigia altíssimos padrões morais, era circunspecto, não se acanhava em apontar falhas morais em terceiros e e ainda era detestado pelos demais assessores e conselheiros.

Em 366 a.C., Díon refez o convite a Platão, para que retornasse a Siracusa e, agora, tentasse implantar um pouco de virtude na cabeça do limitado governante local.

A recepção foi surpreendente. Acolhido regiamente, ao contrário da experiência traumática de 22 anos antes, foi conduzido em carruagem real. De fato, o ambiente receptivo à filosofia, à ciência, às artes estava em toda parte. Academias e festivais literários tomavam o lugar das orgias e bacanais até pouco antes mais comuns. Mas os adversários eram muitos, especialmente entre os demais assessores do ditador beberrão.
Pois bem, os assessores adversários de Díon venceram e este foi obrigado a procurar exílio, ao passo que Platão foi preso. Dionísio exigiu de Platão que declarasse ódio a Díon e que sua admiração único estava voltada para o tirano de Siracusa. Mas antes que Platão decidisse se diria aquela mentira ou não, Siracusa entrou em guerra e o filósofo ateniense teve de ser libertado. Não sem que antes Dionísio II implorasse que o filósofo não fizesse com sua reputação o mesmo que fizera com seu pai.

Desta vez a bordo de seu próprio barco, Platão desembarcou em sua Academia, encontrou o recém chegado Díon e impôs-se um desafio de tirar o fôlego: apesar da idade avançada, Platão transformaria o chatíssimo e brilhante Díon num governante e líder que transportaria Siracusa para fora da órbita sufocante da dinastia dos Dionísio. Para tanto, nada como um bom trabalho de marketing político.

O primeiro desafio de Platão foi “humanizar” Dionísio: ele era muito irritante, excessivamente crítico e exageradamente altivo intelectualmente; dificilmente alguém se disporia a votar nele, a não ser que pudesse exibir uma nova imagem. Platão levou-o a conviver com pessoas de cidades da parte central da Grécia, tidas como pessoas com melhor temperança, mais brandas. Assim, deu-se-lhe um toque de “simplicidade”, Díon virou “gente como a gente”.

Já seu desafeto, Dionísio II, despencava ladeira abaixo. Embora tivesse dito aos cidadãos de Siracusa que Díon havia sido exilado temporariamente, a população começava a crer que era um exílio definitivo. Dessa forma, o próprio Dionísio emprestava a áurea de herói banido a seu opositor. Assim, a popularidade de Dionísio despencava, enquanto que Díon deixava a fama de intelectual maçante e se tornava um herói de capa e espada, bastante admirado e flertado pelo sexo oposto. Plutarco conta que asmulheres passaram a andar de roupas escuras, em luto pela ausência de Díon. Cartas de admiradores lotavam a caixa de correspondências da Academia. Díon era agora adorado em toda a Grécia, sendo um sucesso popular até em Esparta (a cidade chegou a oferecer-lhe a cidadania).

Ao passo em que a reputação de Díon crescia, o ódio de Dionísio por Díon aumentava proporcionalmente. Suas propriedades em Siracusa foram confiscadas pelo governo, mas as notícias positivas sobre a temporada de Díon na Grécia central não faziam o ânimo do autocrata melhorar.

Desesperado, Dionísio fundou uma Academia em Siracusa e se propôs fazê-la superior à de Platão, mas não conseguia nem decorar alguns versos, tendo sido motivo de chacota após recitar alguns deles de maneira incorreta. Após desistir da fantasia de filósofo em pele de pateta, Dionísio decide convocar Platão novamente.

Escreve ao filósofo prometendo readmitir Díon caso Platão, agora bastante idoso, viesse visitá-lo. Procurando agradar o velho filósofo, Dionísio permite que este se aproxime sem ser revistado – acredite, esta era uma grande honra. Mas, como se poderia supor, tratave-se de mais uma emboscada. Platão teve sua vida ameaçada, mas foi salvo pela cidade vizinha de Tarento, que enviou uma guarnição em socorro de Platão, que o tirou de lá com vida.

O diálogo final, entre Dionísio e Platão é bem emblemático das diferentes personalidades dos envolvidos. Após ouvir de Platão: “Suponho que vai contar a todos a meu respeito”, Platão retrucou: “Espero sinceramente que eu e a Academia tenhamos coisas melhores AM comentar que do que o senhor”. Difícil não imaginar um sorrisinho no canto da boca do velho e sarcástico filósofo.

Passo sucessivo, Díon iniciou sua jornada rumo à deposição do odioso tirano. Arregimentando tropas por todas as cidades que cruzava, usando da boa imagem criada por Platão, Díon adentrou Siracusa quase sem resistência, pois Dionísio se encontrava em campanha, noutra disputa. Desviando-se de ataques histéricos vindos de suas admiradoras, Díon declarou a cidade liberta de seu tirano. Mas a história não acabaria ali.

Como já se sabe há tempos, nenhuma campanha de marketing resiste ao tempo. A imagem de homem cordial e acessível começou a dar lugar àquele velho Díon, chato e moralista ao extremo, crítico e distante das pessoas comuns.

O povo logo questionava se substituir o bêbado estúpido pelo senhor atento e sóbrio foi mesmo uma boa opção.

Pois bem. Ao cabo, Díon e seus mercenários foram expulsos, Dionísio, que já havia aceitado seu triste destino, tendo de viver uma vida de luxo e conforto distante de sua terra natal, viu-se agora compelido a retomar seu reino.

Diante das más novas, Díon deu seu derradeiro suspiro de herói: “Estúpidos siracusanos, o mais tolo e malfadado dos povos... Eles não merecem a ajuda de vocês, mas se realmente quiserem lutar por eles, vamos então fazê-lo de novo.” Finalmente o lado heróico de Díon foi trazido à luz, agora sem um marketeiro por traz. Até as mulheres caíram de amores por ele novamente.

Díon venceu, mas seu fim também foi trágico. Calipo, companheiro dos tempos da Academia de Platão, traiu-o e contratou assassinos de aluguel que apunhalaram o filósofo-governante na sua sala de jantar.


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “Dos democratas aos reis....”

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

GRÉCIA ANTIGA E O TEATRO COMUNISTA


O século IV a.C. marcou o período da criatividade no teatro grego. A cidade de Atenas é considerada o berço da tragédia como forma artística no século V, dando origem a dramaturgos que atingiram a áurea de imortais: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, dentre muitos outros.

No século IV, as cidades gregas não mediam esforços na construção de teatros. O teatro de Dionísio, ao pé da Acrópole, em Atenas, construído em pedra, em lugar de madeira, é um exemplo. Assim como o teatro de pedra de Epidauro, ainda em funcionamento, é outro. Pode-se citar ainda o magnânimo teatro de Megalópolis, para 20 mil espectadores bem acomodados. A cidade siciliana de Segesta também exemplificava a realidade de que cada grande cidade grega possuía pólo menos um teatro nos estertores do século IV.

As peças ali encenadas eram muito variadas, mas é conhecido o imenso interesse nas remontagens de clássicos do século precedente. De qualquer maneira houve uma profusão de novas obras, como as de Astidamia, o moço, autor de algo em torno de 240 peças e provavelmente parente do monumental Ésquilo.
As grandes peças eram exportadas para todo o mundo grego de então, chegando à Itália e à Sicília. Atores e autores ocupavam o altar das estrelas, conformavam-se em sindicatos e possuíam até mesmo fãs-clubes. Os mais famosos atuavam até como embaixadores ou emissários diplomáticos, representando suas cidades em negociações internacionais. Foi o caso de um ator chamado Neoptólemo (filho de Aquiles, o semideus grego), que representou Atenas em 348 a.C., por conta de negociações envolvendo o rei da Macedônia, Filipe.

O palco era tão importante quanto a assembléia, no sentido de fazer as pessoas refletirem sobre o mundo em constante mutação no qual estavam submersas. Aristófanes ficou marcado por produzir peças cômicas que refletiam as preocupações mais atuais, como quando escreveu Ecclesiazusae (Mulheres na Assembléia) , em 395 a.C., quando sua Atenas era arrastada para um conflito intenso com Esparta. Essa comédia contava uma história segundo a qual as mulheres de Atenas, observando a bagunça que os homens faziam com os assuntos municipais, dão um golpe e assumem o poder. Tendo tomado o Poder, elas passam à criação de uma espécie de Estado comunista: todos serão iguais e terão acesso a tudo – incluindo parceiros sexuais. Caso um homem quisesse levar uma bela mulher para sua cama, deveria antes fazer o mesmo com uma feia; e vice-versa para as mulheres. O final da peça, infelizmente, não é tão feliz quanto se poderia supor.

Oito anos após, Aristófanes traz à luz outra peça: Riqueza. Atenas estava entrando num período de crise econômica, a ponto de ter de estabelecer uma paz com a Pérsia nos termos propostos pela contraparte. Aristófanes então imagina uma Atenas utópica, em que a riqueza é repartida igualmente, entre todos, não permitindo que ninguém tenha menos do que precisa.


RUBEM L DE F AUTO


FONTE: LIVRO “DOS DEMOCRATAS AOS REIS: O BRUTAL SURGIMENTO DE UM NOVO MUNDO...”     

EUROPA SELVAGEM: A ORIGEM DO QUE NOS ENCANTA E DO QUE NOS REVOLTA


·        *  “Savage Continent: Europe in the Aftermath of World War II” by Keith Lowe


Não há nada de hiperbólico no título deste livro extraordinário. Segundo a descrição dolorosa feita por Keith Lowe, a Europa, nos anos após o fim da II Grande Guerra, era um caldeirão de ódio, assassínio e desespero, como havia sido nos anos de reinado nazista na Alemanha. “A partir do distanciamento do século XXI”, escreve, “tendemos a olhar para trás, para o fim da guerra, como algo a se celebrar. Vimos imagens de marinheiros beijando meninas na Times Square, em NY, e tropas sorridentes de todas as nações enfileirando armas ao longo do Champs Elysée, em Paris. No entanto, apesar de toda a celebração ocorrida ao fim da guerra, a Europa era na verdade um lugar de dores. O senso de perda era tanto pessoal como comunal. Logo que as cidades do continente foram substituídas por uma paisagem de prédios em ruínas, também as famílias e comunidades foram substituídas por um imenso vazio.”    

O fim da guerra não foi exatamente um fim em si, argúi Lowe, não apenas porque a violência continuou por muito tempo após a declaração de paz, mas porque escondidos atrás do conflito entre Aliados e Eixo estavam “dezenas de outros, guerras mais locais, as quais tinham aromas e motivações diversos em cada país e região. Em alguns casos eram conflitos causados por diferenças políticas e de classes. Em outros casos... eram conflitos causados por raça ou nacionalismo.” Certamente a derrota da Alemanha nazista foi e ainda é motivo para alívio e exaltações, mas alcançar aquela derrota deixou a Europa inteira virtualmente tão devastada que “é difícil expressar em termos claros a escala da destruição a cargo da II Guerra Mundial”, destruição não apenas física, mas psicológica e moral também. O grande jornalista Alan Moorehead, em Nápoles, imediatamente após sua libertação, testemunhou “a lista inteira de sórdidos vícios humanos” e escreveu, “o que estamos testemunhando de fato é o colapso moral de um povo.”   

O que é quase tão extraordinário quanto a história em si mesma é o fato de terem sido necessárias quase sete décadas para que fosse adequadamente contada. O porquê ainda é um mistério, embora Lowe suspeite de que esteja conectada à “tendência, por alguns historiadores e políticos ocidentais, de olharem apenas para passagens idílicas do pós Guerra”, focando particularmente no Plano Marshall como evidência do rápido renascimento da Europa. Lowe – um escritor britânico que publicou dois romances e o muito bem comentado “Inferno: A destruição furiosa de Hamburgo em 1943” (tradução livre) - não comete esses erros e seu livro “Savage Continent” mostra que está certo:

O período imediato do pós-guerra é um dos mais importantes em nossa história recente. Se a II Guerra destruiu o velho continente, então o seu imediato dia seguinte era um caos em constante mutação, que conformaria uma nova Europa. Isso ocorreu durante essa era violenta, revanchista que originou muitas das nossas esperanças, aspirações, preconceitos e ressentimentos. Qualquer um que deseje entender realmente a Europa como é hoje deve primeiramente ter em mente o que ocorreu neste período crucial originário. Não há mérito em esquivar-se de temas sensíveis ou difíceis, quanto mais sabendo-se serem estes os alicerces sobre os quais a Europa moderna foi construída.”  

Lowe divide seus estudos em três áreas de interesse: vingança; limpeza racial e étnica; e guerras civis. Destes, vingança “talvez seja o mais universal”, emergindo como “uma ameaça em quase todos os eventos ocorridos, desde a prisão dos nazistas e seus colaboradores até o palavreado dos tratados pós-guerra, que conformaram a Europa pelas décadas seguintes”; e “líderes, de Roosevelt a Tito, perdoaram festivamente as fantasias de vendeta de seus subordinados, e procuraram proteger o desejo popular de vingança para fomentarem suas próprias aspirações políticas. Comandantes de todos os exércitos Aliados fecharam os olhos para os excessos de seus homens; e civis se aproveitaram do caos para reparar anos de impotência e violência praticadas por ditadores e tiranos medíocres, dentre outros”.   

É importante enfatizar que muito daquela vingança estava enraizada em queixas legítimas e que “serviram a diversos propósitos, nenhum deles era inteiramente negativo, “inclusive restaurar “um senso de equilíbrio moral, mesmo que custasse renunciar a algumas das bases morais mais elevadas.” Apesar disso, a violência cometida em nome da vingança era trágica e generalizada. Mulheres e crianças eram vítimas de novo e de novo; os casos mais famosos envolveram mulheres francesas cujos cabelos foram raspados por uma multidão enfurecida, porque haviam dormido com alemães ou colaboradores de outras partes; mas milhares de mulheres e crianças foram mutilados ou assassinados porque alguém tinha o desejo, por alguma razão, de fazer isso.”   

Lowe não diz isso com todas as palavras, mas em pelo menos um ponto importante os nazistas venceram: noções de identidade e de superioridade racial se tornaram lugares-comuns entre grupos diversos que coexistiam antes da Guerra, embora com desconforto, e agora eram motivados a expulsar outros de seus países e territórios “puramente com base em suas carteiras de identidade dos anos de guerra”. O anti-semitismo “cresceria após a Guerra”, e “por volta de 1948, a maior parte da Europa Oriental tinha se tornado, ainda mais do que nos tempos de Hitler, um Judenfrei (local livre de judeus).” Embora os judeus fossem, talvez, os mais impiedosamente perseguidos, dificilmente estavam sozinhos. A Polônia “certamente o lugar mais perigoso para os judeus no pós-guerra”, era também perigoso para alemães e ucranianos étnicos. Adicionalmente, as “estatísticas associadas com expulsões de alemães entre 1945 e 1949 desafiam a imaginação.” Muitos destes, cerca de 7 milhões, ocorreram em “terras a Oeste de Oder e Neisse, que foram incorporadas à Polônia,” mas muitos outros países se afundaram na orgia das expulsões, deixando “uma paisagem limpa”, segundo a qual “a Europa oriental se tornou muito menos multicultural do que havia sido em qualquer momento da história moderna”. Esse processo se manteve até os tempos atuais, como a terrível guerra da Bósnia, durante a década de 1990, deixou patente.  

“Não surpreende”, Lowe observa, que no despertar da II Guerra muitos cressem que “o sistema político como um todo não funcionava” e um “vento radical começava a soprar, e traria consigo alguns dos mais violentos e trágicos episódios do período pós-guerra.” Ele descreve violento conflito entre esquerda e direita na França e na Itália, mas foca particularmente na Grécia, onde uma guerra sangrenta intestina “era o primeiro e mais sangrento embate, que logo descambaria num novo conflito, a Guerra Fria entre Ocidente e Oriente, esquerda e direita, comunismo e capitalismo.” O que ocorreu na Grécia, Lowe argumenta, “desenhou a fronteira sul da Cortina de Ferro,” “desenhou o retorno da América à Europa, ao forçá-los a entender que aquele isolacionismo não era mais uma opção viável,” e provocou os soviéticos “a formalizarem seus controles sobre os demais partidos comunistas europeus.” A “guerra civil da Grécia era, por conseguinte, não mais apenas uma tragédia local, mas um evento de verdadeiro significado internacional,” a repercussão daquilo que se vê até hoje.         

Foi um período em que ninguém venceu: “Era virtualmente impossível emergir da II Guerra sem inimigos. Dificilmente haveria melhor demonstração do legado moral e humano deixado pela Guerra, do que esse. Após a devastação de regiões inteiras; após a matança de mais de 35 milhões de pessoas; após incontáveis massacres em nome de nacionalidade, raça, religião, preconceitos de classe e contra indivíduos, virtualmente qualquer pessoa do continente havia sofrido algum tipo de preconceito ou injustiça... de fato, a visão tradicional de que a guerra acabou quando a Alemanha finalmente se rendeu, em maio de 1945, é inteiramente falsa: na realidade, sua derrota pôs fim a apenas um aspecto do conflito.” Isso se intensificou, em diferentes lugares, por modos e motivos diversos, ao longo de meses e anos vindouros, e a recuperação espetacular que a Europa eventualmente protagonizou não pode nos tornar cegos para uma realidade inescapável.  

“Continente Selvagem”, um livro soberbo e imensamente importante, não deixa absolutamente dúvidas disso.


Rubem L. de F. Auto



quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

BANDO SAGRADO DE TEBAS: VOCÊ CONFIARIA A SEGURANÇA DE SEU REINO A HOMOSSEXUAIS?


Cidade grega que viveu por séculos sob a sombra de suas irmãs mais importantes, como Atenas ou Esparta, Tebas entrou para a história após um feito inimaginável, quando pôs abaixo o poder de Esparta, na batalha de Lêuctra.

Esse enfrentamento viu o exército de Esparta, em maior número e exibindo sua fama de invencíveis, cair diante do reduzido exército tebano. Mas havia um detalhe: o Bando, ou Batalhão Sagrado.

Tratava-se da tropa de elite tebana, conformada por 300 soldados, sendo, de fato 150 casais de soldados homossexuais. E o fato de serem casais era plenamente explicável, conforme Plutarco: “Para homens da mesma tribo ou família, há pouco valor de um pelo outro quando o perigo pressiona; mas um batalhão cimentado pela amizade baseada no amor nunca se romperá e é invencível; já que os amantes, avergonhados de não serem dignos à vista de seus entes queridos e amados à vista de seus amantes, ansiosos, se lançam ao perigo para o alívio de ambos”.

No local onde os soldados do Bando dizimaram soldados espartanos, foi erguido um imenso monumento, coberto pelos escudos dos soldados espartanos. Abaixo, uma inscrição dizia que foram derrotados pela força das lanças.

Por 37 anos, esses bravos guerreiros venceram todas as batalhas em que se fizeram presentes. Sua derrota veio apenas após enfrentarem o exército de Alexandre, o Grande. Note-se que Filipe, pai de Alexandre, esteve capturado em Tebas, quando entrou em contato com as técnicas tebanas de guerra.    


Rubem L. de F. Auto


REVOLTA DA CHIBATA E O CANTO DE JOÃO BOSCO


Mestre sala dos mares – JOÃO BOSCO

Há muito tempo nas águas
Da Guanabara
O dragão no mar reapareceu
Na figura de um bravo
Feiticeiro
A quem a história
Não esqueceu
Conhecido como
Navegante negro
Tinha a dignidade de um
Mestre-sala
E ao acenar pelo mar
Na alegria das regatas
Foi saudado no porto
Pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por
Batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam
Das costas
Dos santos entre cantos
E chibatas
Inundando o coração,
Do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro
Gritava então
Glória aos piratas, às
Mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça,
Às baleias
Glórias a todas as lutas
Inglórias
Que através da
Nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o navegante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais.


Rubem L. de F. Auto


quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

ALEXANDRE, O GRANDE - CAETANO CONTA COMO FOI

Alexandre - CAETANO VELOSO

Ele nasceu no mês do leão, sua mãe uma bacante
E o rei seu pai, um conquistador tão valente
Que o príncipe adolescente pensou que já nada restaria
Pra, se ele chegasse a rei, conquistar por si só.
Mas muito cedo ele se revelou um menino extraordinário:
O corpo de bronze, os olhos cor de chuva e os cabelos cor de sol.

(Refrão)
Alexandre,
De Olímpia e Felipe o menino nasceu, mas ele aprendeu | 2x
Que o seu pai foi um raio que veio do céu

Ele escolheu seu cavalo por parecer indomável
E pôs-lhe o nome Bucéfalo ao dominá-lo
Para júbilo, espanto e escândalo do seu próprio pai

Que contratou para seu preceptor um sábio de Estagira
Cuja cabeça sustenta ainda hoje o Ocidente
O nome Aristóteles - nome Aristóteles - se repetiria
Desde esses tempos até nossos tempos e além.
Ele ensinou o jovem Alexandre a sentir filosofia
Pra que mais que forte e valente chegasse ele a ser sábio também.
(Refrão)

Ainda criança ele surpreendeu importantes visitantes
Vindos como embaixadores do Império da Pérsia
Pois os recebeu, na ausência de Felipe, com gestos elegantes
De que o rei, seu próprio pai, não seria capaz.
Em breve estaria ao lado de Felipe no campo de batalha
E assinalaria seu nome na história entre os grandes generais.
refrão

Com Hefestião, seu amado
Seu bem na paz e na guerra,
Correu em honra de Pátroclo
- os dois corpos nus -
Junto ao túmulo de Aquiles, o herói enamorado, o amor

Na grande batalha de Queronéia, Alexandre destruía
A esquadra Sagrada de Tebas, chamada a Invencível.
Aos dezesseis anos, só dezesseis anos, assim já exibia
Toda a amplidão da luz do seu gênio militar.
Olímpia incitava o menino do Sol a afirma-se
Se Felipe deixava a família da mãe de outro filho dos seus se insinuar.
(Refrão)

Feito rei aos vinte anos
Transformou a Macedônia,
Que era um reino periférico, dito bárbaro
Em esteio do helenismo e dois gregos, seu futuro, seu sol

O grande Alexandre, o Grande, Alexandre
Conquistou o Egito e a Pérsia
Fundou cidades , cortou o nó górdio, foi grande;
Se embriagou de poder, alto e fundo, fundando o nosso mundo,
Foi generoso e malvado, magnânimo e cruel;
Casou com uma persa, misturando raças, mudou-nos terra, céu e mar,
Morreu muito moço, mas antes impôs-se do Punjab a Gilbraltar.


Rubem L. de F. Auto

EUA X CUBA = GUANTÁNAMO X DIREITOS - CAETANO VELOSO


Base de Guantánamo - Caetano Veloso

O fato dos americanos
Desrespeitarem
Os direitos humanos
Em solo cubano
É por demais forte
Simbolicamente
Para eu não me abalar

Refrão (3x):
A base de Guantánamo
A base
Da baía de Guantánamo
A base de Guantánamo
Guantánamo

(Repete letra 3x)

(Repete refrão 6x)


Rubem L. de F. Auto

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

VOCÊ ESTÁ PRONTO PARA RECEBER DEUS? DYLAN QUER SABER


Are You Ready? – Bob Dylan


Are you ready, are you ready?
Are you ready, are you ready?

Você está pronto?

Are you ready to meet Jesus?
Are you where you ought to be?
Will He know you when He sees you
Or will He say, "Depart from Me"?

Você está pronto para encontrar-se com Jesus?
Você está onde deveria estar?
Ele saberá quem você é quando Ele o vir
Ou dirá, “afaste-se de Mim”?

Are you ready, hope you're ready.
Am I ready, am I ready?
Am I ready, am I ready?

Você está pronto? Espero que esteja
Eu estou pronto?

Am I ready to lay down my life for the brethren
And to take up my cross?
Have I surrendered to the will of God
Or am I still acting like the boss?

Eu estou pronto para arriscar minha vida por meus irmãos
E carregar minha cruz?
Eu estou rendido à vontade de Deus
Ou ainda estou agindo como um chefe?

Am I ready, hope I'm ready.

When destruction cometh swiftly
And there's no time to say a fare-thee-well,
Have you decided whether you want to be
In heaven or in hell?

Quando a destruição chega rapidamente
E não há tempo de dizer com perfeição,
Você decidiu se quer ir
Para o paraíso ou para o inferno?

Are you ready, are you ready?

Have you got some unfinished business?
Is there something holding you back?
Are you thinking for yourself
Or are you following the pack?

Você já teve um negócio não finalizado?
Há algo te impedindo?
Você pensa por si mesmo
Ou está seguindo a manada?

Are you ready, hope you're ready.
Are you ready?

Are you ready for the judgment?
Are you ready for that terrible swift sword?
Are you ready for Armageddon?
Are you ready for the day of the Lord?

Você está pronto para o julgamento?
Você está pronto para a terrível espada afiada?
Você está pronto para o Armagedon?
Você está pronto para o Dia do Senhor?

Are you ready, I hope you're ready


Rubem L. de F. Auto


MAL É O QUE SAI DA BOCA, NÃO O QUE ENTRA


Be Careful Of Stones That You Throw –
Bob Dylan

A tongue can accuse or carry bad news
The seeds of destruction it will sow
So unless you have made no mistakes in your life
Be careful of stones that you throw
My neighbor was passin' my garden one time
She smiled and I knew right away
That it was gossip not flowers that she had on her mind
And this is what I heard my neighbor say

Uma língua pode acusar ou trazer notícias ruins
As sementes da destruição semear
Então, a menos que você não tenha cometido erros durante sua vida
Cuidado com as pedras que você arremessa
Minha vizinha passava por meu jardim, uma vez
Ela sorriu e eu soube logo
Que eram fofocas, não flores, o que ela trazia consigo
E foi isso que a ouvi dizer

"That bad girl down the street
She should be run from our midst
She drinks and she talks quite a lot
She knows not to speak to my child nor to me."
My neighbor then smiled and I thought
A tongue can accuse and carry bad news
The seeds of destruction it will sow.
So unless you have made no mistakes in your life
Be careful of stones that you throw

“Aquela garota má no final da rua
Deveria ser expulsa do nosso meio
Ela bebe e fala demais
Ela sabe que não deve falar comigo ou com meu filho”
Minha vizinha então sorriu e logo pensei
Uma língua pode acusar e trazer notícias ruins
As sementes da destruição, semear
Portanto, a menos que você não tenha cometido erros em sua vida
Cuidado com as pedras que você arremessa

A car speeded by, the screamin' of brakes
A sound that made my blood chill
For if my neighbor's one child
Hadn't been pulled from the path
And saved by a girl I love still
Her child was unhurt and my neighbor cried out
"Oh, who was that brave girl so sweet?"
I covered the crushed broken body and said
"That bad girl down the street."

Um carro em alta velocidade, o barulho dos freios
Um som que fez meu sangue congelar
O filho único da minha vizinha
Foi puxado para fora do caminho do veículo
E assim, salvo pela garota, que ainda amo
Seu filho estava intacto e minha vizinha chorava copiosamente
“Oh, quem era aquela brava e doce menina?”
I vesti o corpo aquele corpo machucado e disse
“Aquela garota má no final da rua”.

A tongue can accuse and carry bad news
The seeds of destruction were sown
So unless you have made no mistakes in your life
Be careful of stones that you, you throw

Uma língua pode acusar e trazer notícias ruins
As sementes da destruição já foram semeadas
Portanto, a menos que você não tenha cometido erros durante sua vida
Cuidado com as pedras que você... você arremessa



Rubem L. de F. Auto

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

QUERIDO LATIFUNDIÁRIO, FIQUE COM MEU DESPREZO – BOB DYLAN


Dear Landlord – Querido Latifundiário
Bob Dylan

Dear Landlord – QUERIDO LATIFUNDIÁRIO

Dear landlord
Please don't put a price on my soul
My burden is heavy
My dreams are beyond control
When that steamboat whistle blows
I'm gonna give you all I got to give
And I do hope you receive it well
Dependin' on the way you feel that you live

Querido latifundiário
Por favor, não ponha minha alma à venda
O peso que carrego é pesado
Meus sonhos estão além do meu controle
Quando o apito do barco a vapor soar
Vou dar a você tudo o que tenho
E realmente espero que você o receba com satisfação
Dependendo da maneira como você veja a vida

Dear landlord
Please heed these words that I speak
I know you've suffered much
But in this you are not so unique
All of us, at times, we might work too hard
To have it too fast and too much
And anyone can fill his life up
With things he can see but he just cannot touch

Querido latifundiário
Por favor, guarde essas palavras que pronuncio
Sei que você sofreu demais
Mas você não mais especial por causa disso
Todos nós, às vezes, devemos trabalhar muito duro
Para conseguir as coisas que queremos, rapidamente
E qualquer um pode preencher sua vida
Com coisas que podemos ver, mas que não podemos tocar  

Dear landlord
Please don't dismiss my case
I'm not about to argue
I'm not about to move to no other place
Now, each of us has his own special gift
And you know this was meant to be true
And if you don't underestimate me
I won't underestimate you

Querido latifundiário
Por favor, não esqueça meu pedido
Não quero discutir
Não quero me mudar para outro canto
Agora, cada um de nós tem seu presentinho especial
E você sabe que isso é a verdade
E se você não me subestimar
Não o subestimarei


Rubem L. de F. Auto


JESUS EM ESTADO DE CONSCIÊNCIA ALTERADO – STONED JESUS


I'm The Mountain – Eu sou a Montanha
Banda: Stoned Jesus – Banda: Jesus Chapado


Days go by but i don't seem to notice them
Just a roundabout of turns
All these nights i lie awaken on my own
My pale fire hardly Burns

Os dias passam, mas eu pareço não percebê-los
É apenas um carrossel de mudanças
Esse dias todos, eu adormeço acordado em mim mesmo

Never fell in love with the one who loves me
But with ones who love me not
Are we doomed to live in grief and misery
Is it everything we've got

Nunca me apaixonei por quem me amava
Mas por quem não me amava
Estamos condenados a viver na tristeza e na miséria
Isso é tudo o que temos

I'm the mountain rising high it's the way that i survived
I'm the mountain tell my tale the greatest story's now for sale
I'm the seaside i'm the waves i'm the one that makes you crave
I'm the valley i'm the hills look at me i'm standing still

Sou a montanha que se levanta alto, foi assim que sobrevivi
Sou a montanha que conta minha história, a maior história à venda
Sou as praias, as ondas, sou aquele que te faz suplicar
Sou os vales, as montanhas, vejam-me, ainda estou aqui

I'm the mountain i'm the plain tell me now am i insane
I'm the spirit i'm the source i'm the root i'm the doors
I'm the road long and hard running out of my heart
I'm the mountain climb me up and we never gonna stop

Sou as montanhas, os aviões, digam-me, sou insano?
Sou o espírito, sou a fonte, a raiz, as portas
Sou a longa e tortuosa estrada, que sai do meu coração
Sou a montanha, escalem-me e nunca paremos

I'm the locker i'm the key i am who you want to be
I'm the reason i'm the blame i will never be the same
Mirror-mirror tell the truth of the old ones and the youth
Of the things we hide deep from ourselves
Mirror-mirror show me now what will i become and how
For now i'm just a mountain
I'm the mountain

Sou a fechadura, sou a chave, sou quem você quer ser
Sou a razão, sou a culpa, nunca mais serei o mesmo
Espelho contra espelho, dizem a verdade sobre os velhos e os jovens
Das coisas que escondemos, lá fundo de nós mesmos
Espelho contra espelho, mostre-me agora o que me tornarei e como
No momento, sou apenas a montanha
Sou a montanha

Down the road that leads me to the headley grange
I see a figure of a young man
He's torn with doubts, mistakes, his selfishness and rage
But doing all the best he can

Seguindo a estrada que me leva aos estúdios headley grange
Vejo um jovem
Está atormentado por dúvidas, erros, seu egoísmo e raiva
Mas fazendo o melhor em tudo o que pode

I'm not so blind to see
That this young man is me

Não sou tão cego que não possa ver
Que esse jovem sou eu


Rubem L. de F. Auto


sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

ÍNDIOS SEM MOCINHOS - ANTHRAX


INDIANS – ANTHRAX

We all see black and white
When it comes to someone else's fight
No one ever gets involved
Apathy can never solve

Nós todos vemos em preto e vermelho
Quando lutamos contra alguém
Ninguém nunca se envolve
A apatia nunca resolve

FORCED OUT-Brave and Mighty
STOLEN LAND-They can't fight it
HOLD ON-To pride and tradition
Even though they know how much their lives are really missin'
WE'RE DISSIN THEM...

EXPULSOS – Bravos e guerreiros
TERRAS ROUBADAS – Ele não podem resistir
ABRACE – o orgulho e a tradição
Embora eles saibam o quanto suas vidas estão realmente perdidas
NÓS ESTAMOS OS OFENDENDO

On reservations
A hopeless situation
Respect is something that you earn
Our indian brothers' getting burned
Original American
Turned into second class citizen

Com reservas
Uma situação desesperançosa
Respeito é algo a se conquistar
Nossos irmãos índios sendo queimados
Americanos originários
Tornaram-se cidadãos de segunda classe

Cry for the Indians
Die for the Indians
Cry for the Indians
Cry, Cry, Cry for the Indians

Chorem pelos índios
Morram pelos índios...

Love the land and fellow man
Peace is what we strive to have
Some folks have none of this
Hatred and Prejudice

Amem a terra e seus irmãos
Paz é aquilo por que nos esforçamos para conseguir
Alguns povos nunca a tiveram
Ódio e preconceito

WARDANCE!!!

DANÇA DA GUERRA!!!

TERRITORY, It's just the body of the nation
The people that inhabit it make its configuration
PREJUDICE, Something we all can do without
Cause a flag of many colors is what this land is all about!!!!

TERRITÓRIO, é simplesmente o corpo da nação
As pessoas que o habitam o definem
PRECONCEITO, algo de que não se precisa para se viver
Porque uma bandeira de muitas cores é tudo a que se resume este país!!!


Rubem L. de F. Auto


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

QU`EST-CE QUE C`EST?


Sou Um Fracasso Maníaco – GAROTOS PODRES


Devo trabalhar até morrer
Aposentado é vagabundo
Devo trabalhar para Don Fernando
Passear pelo mundo

Não consigo ser desonesto
Me eleger para o congresso
Não consigo enganar muita gente
Me eleger Presidente

Ele fala dez línguas vivas
E onze línguas mortas
Ele é o reizinho poliglota
E eu apenas idiota

Ele comprou sua reeleição
Não teve medo de ser cassado
E ainda quer restituição
Pois comprou deputado estragado

Onde está o meu rico dinheirinho?
Essa é uma pergunta vã
Foi socorrer banqueiro coitadinho?
Ou está nas ilhas Cayman?

Ele é o príncipe
Dos sociólogos
Ele estudou na Sorbonne
E comeu escargot

Ele é muito bacana
E eu caipira e provinciano
Até quando ele caga assobiando
O cocô sai dançando

Até quando ele caga assobiando
O cocô sai dançando
E eu num consigo...


Rubem L. de F. Auto


quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

A FÓRMULA DO PUM


Fórmulas Secretas
O Satânico Dr. Mao e os Espiões Secretos


Para fazermos bombas termonucleares
Primeiros nós precisamos aprender
A fórmula básica da calorimetria

Massa multiplicada
Pelo calor específico
Multiplicado por ΔT
Sendo que ΔT
É a temperatura final
Subtraída da inicial

Calor
Bate a bunda no tambor
Calor
Bate a bunda no tambor

Agora, vamos aprender
A receitinha caseira
De arma química
De destruição em massa

Engula 4 moléculas de hidrogênio
E uma molécula de carbono
Misture tudo, bem direitinho
E deixe fermentar na sua barriguinha

Logo obterá o hidrocarboneto alcano
O terrível gás metano
Logo obterá o hidrocarboneto alcano
O terrível gás metano

E é esta a fórmula secreta do pum
Maozinho, Maozinho

Se você continuar a fazer estas coisas
O Obama vai bombardear você
Nem ligo, não tenho medo dele



Rubem L. de F. Auto

DE VAGABUNDO A SUBVERSIVO, A VIDA DO ZÉ POVINHO


Garoto Podre – GAROTOS PODRES

Os que moram
Do outro lado do muro
Nunca vão saber
O que se passa no subúrbio
Eles te consideram
Um plebeu repugnante
Eles te chamam
De garoto podre

Garoto podre
Garoto podre

Se está desempregado
Te chamam de vagabundo
Se fizer greve, te chama de subversivo
Te chamam de subversivo
Mas se arrumar emprego
Não lhe dão dignidade
Apesar do sujo macacão
E do rosto suado, e do rosto suado

Garoto podre
Garoto podre

Não há nenhum Deus
Que nos perdoe
Não temos destino
para nós não há futuro, para nós não há futuro
Vivendo acossados
Pelos batalhões
Proletários escravizados
Destinos abordados, destinos abordados



Rubem L. de F. Auto

VIDA E MORTE DE UM GRANDE HERÓI JAPONÊS


Vida E Morte Do Herói Japonês Chamado KU - 
Garotos Podres


1- Numa tarde sombria,

Na aldeia de Nog Ku,

Um pequeno ser nasceu,

Com o alegre nome de Ku.

2- Aos sete anos de idade.

Com talento pra xuxu,

Na escola admiravam,

A inteligência do Ku.

3- Saindo logo aprovado,

Pela escola militar,

Vestindo uma farda linda,

O Ku passa a desfilar.

4- Aos vinte anos de idade,

General foi nomeado,

E todo o Japão proclamou,

O Ku valente soldado.

5- Quando pra guerra partia,

Este valente chorava,

Não era por covardia,

É que o Ku da mãe lembrava.

6- Numa batalha sangrenta,

Um soldado não valente,

Querendo ficar para trás,

Empurrou o Ku pra frente.

7- Noutra batalha travada,

Na província de Xin Tzu,

Veio uma flecha perdida,

E atravessou o olho do Ku.

8- Os soldados Japoneses,

Por causa da derradeira,

Vendo o General ensangüentado,

Limparam o Ku com a bandeira.

9- Durante o velório,

O tenente Xin Xon Xu,

Dizia para os soldados,

"Todos devem beijar o Ku".

10- Na hora do enterro,

O comandante Xon Xin Xu,

Fez uma prece comprida,

E ascendeu uma vela no Ku.



Rubem L. de F. Auto

GAROTOS PODRES E O GRANDE DITADOR


DITADOR – GAROTOS PODRES

Eu sempre sonhei
Um dia ter o poder
Pensei até em ser rei ou um poderoso senhor
Mas agora eu decidi vou ser um ditador
Mas agora eu decidi vou ser um ditador
Quero ser o pior de todos o mais malvado o mais perverso
Vou dominar o mundo inteiro quem sabe todo o universo
Vou dominar o mundo inteiro quem sabe todo o universo
Tomarei de assalto a Disneylandia
Farei meu quartel no castelo encantado
O pato Donald irá pra fogueira
O idiota do Mickey será empalado
Hahahaha
Deve ser muito bom ser um ditador
Ficar o dia todo vendo televisão
Ter todos os brinquedos do mundo
E meus inimigos implorando perdão
O meu maior problema
Será formar um exército
Que seja fanático e muito perverso
Pois todo exercito
É formado por idiotas,
E todos os idiotas que eu conheço
Já foram eleitos pro congresso
Deve ser muito bom, ser um ditador
Deve ser muito bom, ser um ditador
Deve ser muito bom, ser um ditador
Deve ser muto bom, ser igual ao FHC
FHC


Rubem L. de F. Auto


terça-feira, 5 de dezembro de 2017

OS GUERREIROS ESTÃO DO LADO DO DIABO OU DO LADO DE DEUS?


Wrong Side Of Heaven – Five finger death punch
Do lado errado do paraíso

I spoke to God today, and she said that she's ashamed
What have I become, what have I done?
I spoke to the devil today, and he swears he's not to blame
And I understood, cause I feel the same

Falei com Deus hoje, e ela me disse que estava com vergonha
No que me tornei, o que eu fiz?
Falei com o demônio hoje, e ele jura que não é o culpado
Entendi, pois senti o mesmo

Arms wide open, I stand alone
I'm no hero, and I'm not made of stone
Right or wrong, I can hardly tell
I'm on the wrong side of heaven, and the righteous side of hell
I'm on the wrong side of heaven, and the righteous side, righteous side of hell

Braços bem abertos, eu fico sozinho
Não sou herói, e não sou feito de pedra
Certo ou errado, dificilmente posso dizer
Estou do lado errado do paraíso, e do lado certo do inferno...

I heard from God today, and she sounded just like me
What have I done, and who have I become?
I saw the devil today, and he looked a lot like me
I looked away, I turned away

Ouvi Deus hoje, e ela falou como a mim
O que eu fiz, quem me tornei?
Vi o demônio hoje, e ele parecia muito comigo
Virei o rosto, eu fugi

Arms wide open, I stand alone
I'm no hero, and I'm not made of stone
Right or wrong, I can hardly tell
I'm on the wrong side of heaven, and the righteous side of hell
I'm on the wrong side of heaven, and the righteous side, the righteous side of hell

De braços bem abertos, fiquei sozinho
Não sou herói, e não sou feito de pedra
Certo ou errado, dificilmente posso dizer
Estou do lado errado do paraíso, e do lado certo do inferno

I'm not defending
Downward descending
Falling further and further away
I'm closer everyday

Não estou defendendo
Descendo cada vez mais fundo
Caindo cada vez mais fundo
Estou a cada dia mais perto

I'm getting closer everyday, to the end
The end, the end, the end
I'm getting closer everyday

Estou ficando mais próximo a cada dia, do fim
O fim, o fim
Mais próximo a cada dia

Arms wide open, I stand alone
I'm no hero, and I'm not made of stone
Right or wrong, I can hardly tell
I'm on the wrong side of heaven, and the righteous side of hell
I'm on the wrong side of heaven, and the righteous side of hell
I'm on the wrong side of heaven, and the righteous side, the righteous side of hell



Rubem L. de F. Auto

UMA MANIFESTAÇÃO RACISTA E UMA RESPOSTA MUSICADA


By The Time I Get To Arizona – Public Enemy
Quando cheguei no Arizona

I'm countin' down to the day
Deservin' fittin' for a king
I'm waitin' for the time when
I can get to Arizona
'Cause my money's spent
On the goddamn rent
Neither party is mine
Nor the Jackass or the elephant

Estou contando os dias
Merecendo ser um rei
Espero pela hora em que
Chegarei ao Arizona
Porque meu dinheiro já se foi
Com o pagamento do aluguel
Nenhum partido me representa
Nem o “Jackass” (partido democrata, representado por um burro), nem o “elefante” (símbolo dos republicanos)

20.000 nig niggy cops in the corner
Of the cell block
But they come from California
Population is none
In the desert and sun
Wit' a gun cracker
Runnin' things under his thumb

20 mil policiais negros num canto
Da galeria de celas
Mas eles são da Califórnia
A população é zero
No deserto e no sol
Com uma metralhadora
Fazem as coisas acontecerem com o dedo

Starin' hard at the postcards
Isn't it odd and unique?
Seein' my people smile wild in the heat
120 degree 'Cause I wanna be free
What's a smilin' face
When the whole state's racist

Olhando fixamente para o cartão postal
Não é lindo e único?
Ver minha gente sorrindo sob o sol
120° F, porque eu quero ser livre
O que rosto sorridente
Quando todo o estado é racista?

Why I want a holiday dammit 'cause I wanna
So what if I celebrate it standin' on a corner
I ain't drinkin' no 40
Thinkin' time wit' a nine
'till we get some land
Call me the trigger man

Eu quero porque quero um feriado
Que tal se eu o celebrasse parado numa esquina
Já não bebo há algum tempo
Pensando no tempo, com uma nove milímetros
Até que tenhamos nossas terras
Chame-me de cara do gatilho

Lookin' for the governor, huh
He ain't lovin' ya, ha
But here to trouble ya
He's robbin' ya wrong
Get the point come along
He can get to the joint
I urinated on the state
While I was kickin' this song

Observando o governador, huh
Ele não te ama,
Está aqui para te causar mais problemas
Ele está te roubando
Entenda o problema, escute-me
Ele pode entender também
Eu mijei no estado
Enquanto metralhava essa música

Yeah, he appear to be fair
The sucker over there
He tried to keep it yesteryear
The good ol' days
The same ol' ways
That kept us dyin'
Yes, you me myself and I'ndeed

Sim, ele parece ser justo
O babaca logo ali
Ele queria manter o que aconteceu no ano passado
Os velhos bons dias
Os velhos métodos
Que nos manteve morrendo
Sim, eu, você, minha família, por certo

What he need is a nosebleed
Read between the lines
They think you see the lies
Politically planned
I understand that's all she wrote
When we see the real side
That hide behind the vote

Ele precisa é de um nariz sangrando
Leia nas entrelinhas
Eles acham que você vê as mentiras
Politicamente planejadas
Eu entendo que isso foi tudo o que se escreveu
Quando vemos a realidade
Que se esconde por trás dos votos

They can't understand why he the man
I'm singin' about a king
They don't like it
When I decide to mike it
Wait I'm waitin' for the date
For the man who demands respect
'Cause he was great c'mon
I'm on the one mission
To get a politician meet to
Honor or he's a gonner
By the time I get to Arizona

Eles não conseguem entender porque ele cara é o cara
Estou cantando sobre um rei
De quem eles não gostam
Então eu resolvo cantar sobre ele
Espero, estou esperando pelo dia
Pelo cara que exige respeito
Porque ele foi grande, vamos
Estou numa missão única
Para fazer um político encontrar
A honra, ou então é um covarde
Logo que chegar no Arizona

Well, I got 25 days to do it
If a wall in the way
Just watch me go thru it
'Cause I gotta do what I gotta do
P.E. number one
Gets the job done
When it's done and over
Was because I drove'er
Thru all the static
Not strict but automatic
That's the way it is
He gotta get his
Talin' M.L. okay
Go on and find a way
Make the state pay
Lookin' for the day
Hard as it seems
This ain't no damn dream
Gotta know what I mean
It's team against team
Catch the light beam

Bom, tenho 25 dias para fazer isso
Se um muro no meio do caminho
Apenas me observa fazer isso
Porque faço o que tenho que fazer
O número um do planeta
Cumpre sua missão
Quando acaba
Acaba porque eu quero
Através de toda a estática
Sem estresse, sou automático
É assim que acontece
Ele tem que provar disso
Digo a ML, tudo certo
Vá em frente e ache a saída
Faça o estado pagar
Esperando o dia
Duro, como parece ser
Isso não é um sonho idiota
Você entende o que quero dizer?
É equipe contra equipe
Fique sob o canhão de luz

So I pray
I pray everyday
I do and praise Jah the maker
Lookin' for culture
I got but not here
From Jah maker
Pushin' and shakin' the structure
Bringin' down the babylon
Hearin' the sucker
That make it hard for the Brown

Então eu rezo
Rezo todos os dias
Eu confio e oro a Jah, o criador
Buscado cultura
Que não encontro aqui
Vinda de Jah
Empurrando e sacudindo as estruturas
Trazendo a babilônia
Ouvindo os otários
Que fazem o caminho difícil para a gente

The hard Boulova
I need now
More than ever now
Who's sittin' on my freedah'
M'opressor people beater

O Boulova suado
De que preciso agora
Mais do que nunca, agora
Quem está sentado na minha liberdade?
O violentador de pessoas oprimidas

A piece of the pick
We picked a piece
Of land that we deservin' now
Reparation a piece of the nation
And damn he got the nerve

Um pedaço do que escolhi
Nós escolhemos um pedaço
Da terra a que fazemos jus agora
Reparação de uma parte da nação
E, Deus, ele tem a coragem de fazê-lo

Another niga niga they say and classify
We want too much
My people plus nine is mine
I don't think I even double dutch

Outro negro, eles assim o classificam
Nós queremos demais
Meu povo mais nove são meus
Eu nem mesmo penso que estou pulando

Here's a brother my attitude hit 'em
Hang 'em high
Blowin' up the 90s started tickin' in the 86

Aqui tem um irmão, minha atitude o contagia
Enforquem-no bem alto
O sucesso dos anos 90 começou a tocar em 86

When the blind get a mind
Better start and earn
while we sing it now
There will be the day we know
Who's down and who will go

Quando o cego pensa
Melhor começar e lutar
Enquanto cantamos
Haverá um dia, nós saberemos
Quem perde e quem vence

By the time I get to Arizona

Rubem L. de F. Auto