“O Monroe foi construído originalmente nos EUA pelo Governo
do Brasil. Participava das comemorações do centenário de aniversario de
integração do Estado de Louisiana nos EUA. Esse estado pertenceu à França até
1803. A sua construção causou impacto perante a todos os presentes à
comemoração. A imprensa americana ressaltou seu estilo, suas linhas. Por fim
foi merecedor do prêmio de melhor arquitetura da época, o Grande Prêmio Medalha
de Ouro. Seu projetista foi o Coronel Arquiteto Francisco Marcelino de Souza Aguiar.
Sua estrutura, toda metálica, permitiu seu desmonte para ser remontado em solo
brasileiro. Foi erguido então no fim da Rua do Passeio onde havia um velho
casario. Em estilo eclético, marcou pelo rompimento do uso da arquitetura
portuguesa no Brasil.”
“Enquanto o Metrô desviava o trajeto da linha para poupar o
Palácio Monroe de sua demolição, três figuras muito conhecidas dos brasileiros
pediam ferrenhamente a sua demolição. Eis seus nomes:
GENERAL ERNESTO GEISEL: Quarto presidente militar desde o
Golpe de 64. Empossado pelo Colégio Eleitoral em 1974. Nutria um ferrenho
horror pelo filho do Coronel Arquiteto Francisco Marcelino de Souza Aguiar,
projetista do Palácio Monroe, . A raiva que Geisel sentia dele foi originada
quando o filho de Souza Aguiar foi promovido no Exercito em detrimento de
Geisel. Por puro ódio e vingança, Geisel aproveitou seu poder de Presidente da
Republica e simplesmente autorizou a demolição do Monroe, acabando com o
premiado projeto do pai de seu inimigo.
ROBERTO MARINHO: Jornalista. Chefe das Organizações Globo. É
de conhecimento público o apoio dado por Marinho aos militares desde a época do
Golpe. Aproveitando a grande circulação do Jornal O Globo, fez uma enorme
campanha a favor da demolição do Monroe aproveitando-se da obra do Metrô. Quase
que diariamente O Globo publicava editoriais exigindo o desaparecimento do
Palácio. Fica claro que esse apoio aos militares visava sempre ter os benefícios
que o governo federal podia proporcionar. No ultimo editorial publicado pelo
Globo podia-se ler as seguintes palavras:
“Por decisão do Presidente da Republica, o Patrimônio da
União já está autorizado a providenciar a demolição do Palácio Monroe. Foi,
portanto, vitoriosa a campanha desse jornal que há muito se empenhava no
desaparecimento do monstrengo arquitetônico da Cinelândia. (…) O Monroe não
tinha qualquer função e sua sobrevivência era condenada por todas as regras de
urbanismo e de estética. Em seu lugar o Rio ganhará mais uma praça. Que essa
boa notícia, que coincide com o fim das obras de superfície do metrô da
Cinelândia seja mais um estímulo à remodelação de toda essa área de presença
tão marcante na historia do Rio de Janeiro”.
LUCIO COSTA: Arquiteto. Defendia também a demolição do
Monroe. Com qual intuito? O de dar chance à arquitetura brasileira moderna? Ou
ser mais um agraciado pelo Governo Federal quando fosse preciso? Costa chegou
ao cúmulo de passar abaixo-assinados em associações de arquitetos para endossar
a demolição do Monroe. Foi mal visto na época por seus colegas que nunca o
perdoaram por esse gesto criminoso.
Do lado oposto à demolição estavam os arquitetos, o CREA, o
Jornal do Brasil, o Juiz Federal Dr. Evandro Gueiros Leite (que sugeriu que o
Monroe sediasse o Tribunal Federal de Recursos, que estava sem sede), o Serviço
Nacional do Teatro, a Fundação Estadual dos Museus, a Secretaria Estadual de
Educação, e várias outros entidades importantes e principalmente o povo
carioca. Em vão…
Portanto, essas três figuras pisotearam e riram dos apelos
de todos e foram os principais responsáveis pelo desaparecimento de um
importante pedaço de nossa historia.”
Rubem L. de F. Auto
Nenhum comentário:
Postar um comentário