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quarta-feira, 26 de setembro de 2018

DOWNFALL OF EMPIRES: O ORIENTE MÉDIO NO XADREZ DA GEOPOLÍTICA



Controlar regiões ricas em minérios faz parte do beabá de todos os impérios desde o surgimento do primeiro que se fez digno desse nome. Os romanos tomaram a região correspondente à atual Grã-Bretanha, a Província da Bretanha, em busca do estanho e da prata, ali abundantes. Foi o ouro que atraiu os mesmos romanos para a região do atual Portugal, na época Província de Portugália. Também foi o ouro que atraiu os conquistadores espanhóis para a região do atual Peru, no século XVI. Esse mesmo ouro levou os britânicos a invadirem o Transvaal africâner no século XIX, correspondente a parte da atual África do Sul.

E em todos esses casos, a cultura do invasor vencedor se fez presente e influenciou sobremaneira a cultura local.  

É por razões que têm esse aprendizado como fundamento que a atuação dos EUA no Oriente Médio é revestida de um inegável caráter imperialista. Afinal, o interesse na riqueza mineral local é óbvio: petróleo, o ouro negro, o sangue que irriga o mundo industrializado; ao mesmo tempo, o interesse em mudar a cultura prevalecente na região, notadamente sob o aspecto político, faz parte do discurso de Washington há muitas décadas. Petróleo-democracia, parece ser esse o binômio que “justificou” a atuação imperial dos EUA no Oriente Médio desde o início.

Caso seja realmente esse o motivo balizador, então os resultados devem ser considerados, no mínimo, desastrosos. Um claro caso de política muito mal sucedida. Se na década de 1950 petroleiras dos EUA eram praticamente detentores dos infindáveis campos de petróleo naquela região, as seguidas nacionalizações posteriores praticamente expulsaram aquelas companhias, em geral partindo de governos abertamente antiamericanos.

Os critérios da Freedom House permitem que somente Israel e Turquia sejam qualificados como democracias, dentre os 15 países da região. Em 1950 essas mesmas nações assim seriam classificados, contudo Egito, Irã, Líbano e Síria estavam mais perto de uma democracia do que atualmente.

Por esses motivos, diversos líderes ocidentais mostraram ver a política para o Oriente Médio como uma reedição das Cruzadas na era Medieval. Se, por um lado, não soe moralmente aceitável, muito menos ético, declarar uma guerra, um choque de civilizações em lugar de uma diplomacia civilizada; por outro, revela-se aí uma importância tal que a perda de influência sobre a mesma, já no início da década de 1970, era impensável.

Antes de 1950, a presença norte americana no Oriente Médio era meramente acadêmica, ainda que motivada por razões estratégicas. Diversas instituições de educação americanas, como universidades com campus no Cairo e em Beirute, além do Roberts College em Istambul, ou o Alborz College no Irã, garantiram sua presença na região.

O papel dos EUA deu um passo adiante em 1946, quando Loy W. Henderson, diretor do Escritório de Negócios Africanos e do Oriente Médio do Departamento de Estado, assim definiu a política americana para o Oriente Médio: “impedir rivalidades e conflitos de interesse na área de se transformar em hostilidades que eventualmente pudessem levar a uma terceira guerra mundial”. Isto é, os EUA se declaravam árbitros “desinteressados” nos eventuais conflitos com que se deparassem, exercendo sua força militar imperial recentemente conquistada ao final da II Guerra Mundial. Mas não passava disso.

Um ano depois, os EUA deram mais um passo adiante para se “assenhorarem” do Oriente Médio, mas foi um golpe do acaso: diante das dificuldades insuperáveis causadas pela trágica II Guerra Mundial, os britânicos decidiram entregar aos EUA o papel que até então exerciam na Turquia – e, consequentemente, na Grécia. Ainda assim, soldados britânicos seriam os mais numerosos na região por mais uma década. Somente após a crise do Canal de Suez os britânicos deixariam de considerar aquela região finalmente fora de sua esfera de influência.

Os primeiros passos dos EUA no Oriente Médio remontam a 1920. Companhias de Petróleo americanas pressionaram suas contrapartes britânicas a abrir-lhes participação na Companhia de Petróleo Turca – mais tarde o “Turca” seria alterado para “Iraquiana”. Essa pressão viria no encalço da descoberta de petróleo em Baba Gugur, em 1927.

Ainda não se poderia prever o papel do Oriente Médio no mundo dali a poucas décadas: em 1940, todo o petróleo saído da região somava apenas 5% do fornecimento mundial do ouro negro. Mas os estrategistas de Washington já estavam convencidos de que o potencial de produção daqueles campos de petróleo era extraordinário.

Foi um arabista britânico, Harry St. John Philby, quem costurou o ingresso dos EUA no Oriente Médio, ao transformar os reinos encabeçados por membros da Casa de Saud numa colônia americana.
Após, diante do esgarçamento britânico, propuseram tornar a Arábia Saudita região de influência unicamente de Washinton, enquanto a Pérsia permaneceria sob a influência britânica; Iraque e Kuwait seriam desfrutados por ambos.

Foi então que se traçaram as linhas gerais que guiariam as relações EUA-Arábia Saudita: armas e dinheiro fluindo para os bolsos sauditas; petróleo e bases militares seguindo o fluxo inverso. A medida seguinte foi a fundação da Companhia Árabe-Americana de Petróleo (a ARAMCO, considerada por muitos a maior corporação empresarial do planeta Terra), desde o início a principal fonte de renda da família real saudita: cerca de metade da receita auferida era enviada aos Saud, livre de impostos.

Quando John Foster Dulles visitou o Oriente Médio, na condição de Secretário de Estado americano, não se conteve e declarou que aqueles  recursos minerais todos eram “vitais para nosso bem estar”.

Por tudo isso é quase incompreensível o apoio americano à fundação do Estado de Israel: nada foi mais eficiente para afastar qualquer possibilidade de apoio ou mesmo de simples simpatia. Menos compreensível ainda se torna se considerarmos que o Departamento de Estado foi contra esse apoio, ainda em 1948. Foi o presidente Harry Truman quem costurou esse apoio, que contra todos os prognósticos cresceu, a ponto de já em 1958 ter se tornado axioma da política externa dos EUA. Um embaixador americano no Egito certa feita declarou: “Israel representa nosso mais antigo interesse na área... A continuação de Israel como um Estado independente certamente representa um compromisso básico da política externa dos Estados Unidos...”.

No compêndio de análises a esse respeito não faltam especulações sobre as motivações de Washington: a influência irresistível no lobby sionista, sentimento de culpa pelo Holocausto, o fato de Israel ser a única democracia por aquelas bandas. Até o crença protestante de que o retorno dos judeus a Israel é um sinal do breve retorno de Cristo é apontada entre as razões.

Seja como for, as discordância entre EUA e Israel também são numerosas. Primeiramente, o apoio costurado por Truman não incluía assistência militar ou bélica. Dulles, que previu a importância fundamental do petróleo saudita para a economia americana, suspendeu diversas vezes o auxílio americano a Israel. Os EUA se pronunciaram contra Israle por ocasião da invasão da Fixa de Gaza e do deserto do Sinai, em 1956. OS EUA não foram capazes de garantir liberdade de passagem aos navios israelenses pelo estreito de Tiran, nos estertores da Guerra dos Seis Dias, apesar de terem prometido na ONU que o fariam.

Poucos anos depois, os EUA defenderam a internacionalização de Jerusalém e criticaram publicamente a colonização de territórios árabes, em 1967, com o fim de torna-los assentamentos de judeus. Os EUA não se manifestaram a favor dos eventos em Gaza e na Cisjordânia.

Por todo o exposto, pode-se afirmar que o motivo preponderante para a entrada decidida dos EUA no Oriente Médio, em 1950, foi outro: medo da URSS! O fim dos impérios europeus, consequência do caos pós-guerra, incutiu o medo de que os russos capitalizassem influência no mundo árabe de maneira tão decidida quanto haviam feito na Ásia.

Mas esse medo era, de certa forma, exagerado. Os russos mostraram muito pouca competência ao tentar atrair o apoio de Teerã e, ao fim, nada conseguiram. Por sua vez, a derrubada do primeiro-ministro iraniano Muhammad Mussadegh, pioneiro do processo de nacionalização de companhias petrolíferas ocidentais e, por consequência direta, pioneiro dentre os políticos árabes derrubados por meio de golpes de Estado patrocinados por Washington, mostrou-se tão bem sucedida que renovou os ânimos por dominar a região.

Essa derrubada ocorreu por meio da operação Ajax. Seu estopim foi a nacionalização da Companhia Anglo-Iraniana de Petróleo. Embora a iniciativa fosse britânica, quem operacionalizou tudo foi a CIA.

O caso do Egito se desenrolou entre idas e vindas surpreendentes. Inicialmente, os EUA apoiaram o líder nacionalista Gamal Abdel Nasser, na altura em meio a turras com os britânicos, exigindo que retirassem sua presença militar da região do Canal de Suez. Contudo, em 1956, Nasser já estava flertando com os russos, além de fazer inflamados discursos visando ao apoio das demais nações árabes.

Em seguida, os EUA se recusaram a financiar o projeto da represa de Assuã. A resposta revoltada de Nasser foi a nacionalização do Canal de Suez. A indignação britânica levou-a a se juntar à França na tentativa desastrada de invadir e tomar à força o Canal do Egito. Faltava apenas um motivo claro, e este veio a cargo de Israel, que invadiu territórios vizinhos, levantando os temores relacionados a uma guerra árabe-israelense. OS EUA cumpriram o aviso antecipado: não apoiaram a aventura neocolonial dos inconformados antigos impérios europeus.  

A invasão anglo-francesa foi respondida pela URSS com a ameaça de uso de armas nucleares. Foi o suficiente para demover os dois europeus, embora alguns sustentem que a razão preponderante foi um surpreendente ataque especulativo contra a libra – sem falar na falta de financiamento da empreitada por Washington.

Foi então que outro evento deixou os analistas ocidentais sem fôlego: Nasser instigou alguns oficiais iraquianos a criarem uma revolta em Bagdá, visando à derrubada do rei pró-britânico Faisal II – ao lado do primeiro-ministro Nuri es-Said. Nem o envio de 15 mil soldados para o Líbano foi capaz de conter aquele movimento.

As consequências foram incalculáveis: o novo governo iraquiano revogou as concessões de exploração de petróleo da Companhia de Petróleo Iraquiana – concessões que remontavam à invasão de 1917.

Para completar o quadro da degringolada ociedental, os sauditas suspenderam as compras de armas dos EUA e avisaram que não renovariam a autorização de funcionamento da base aérea americana em Dhahran.

Impossível não ouvir risadas contidas de Nasser.

Desde a década de 1950, a convivência pacífica entre árabes e israelenses era virtualmente impossível. Para complementar o quadro de entreveros na região, surgiu um fenômeno novo que assustaria boa parte do planeta nas décadas seguintes: o terrorismo.

Não era algo exatamente novo: sionistas radicais tinham usado essa mesma tática para expulsar soldados britânicos da Palestina, ainda na época em que detinham o mandato sobre a governança da região. Agora, eram os palestinos que ameaçavam os israelenses usando-se das mesmas táticas; e o motivo era o mesmo: o desequilíbrio de forças é de tal ordem que um embate militar tradicional está descartado.

Ainda durante as discussões sobre a criação do Estado de Israel, foi posta sobre a mesa a proposta de solução de dois Estados, mas essa era àquela altura uma proposta inaceitável para os árabes. Líbano, Síria, Iraque, Transjordânia e Egito (com o apoio mal disfarçado da Arábia Saudita) partiram para a guerra, com o intuito de sufocar Israel. Mas nada disso ocorreu: o fracasso árabe foi retumbante .
Se Grã-Bretanha e França foram escorraçadas de Suez, Israel, quem deu o motivo para a invasão, saiu-se bem melhor: ocuparam a Faixa de Gaza e o Sharm el-Sheikh, embora essas regiões tenham, sido postas sob controle da ONU, logo após.

Em 1967, movimentações militares pelo Egito deram azo à Guerra dos Seis Dias, fato inflado por declarações de Nasser expressando seu desejo de apagar Israel do mapa. Novamente o desempenho árabe foi sofrível, e Israel contava agora com o Sinais, Gaza e, em represália à Jordânia, que apoiou o lado árabe, a Judeia (o que incluía Jerusalém e Samaria, também chamada Cisjordânia). As colinas de Golã estavam nesse pacote.

Em 1973, o Egito e a Síria se lançaram em mais um ataque a srael: a Guerra do Yom Kippur. O começo foi animador para os árabes, mas nem mesmo o apoio soviético e iraquiano foram capazes de fazer Israel recuar um centímetro que seja.

Tantas vitórias seguidas deram o ânimo que faltava a Israel para, em 1982, invadir o Líbano.
Os EUA, além de não terem sido consultados sobre qualquer dos eventos acima, não viram com muita satisfação as acachapantes vitórias israelenses: segundo Nixon, a região estava virando os Bálcãs antes da I Guerra Mundial – os conflitos insolúveis poderiam levar a um embate direto entre EUA e URSS, ainda que ambas não desejassem isso.

Por exemplo, no confronte de 1973, os EUA apoiaram Israel apenas após terem certeza de que os soviéticos apoiavam o Egito. E foram as duas superpotências que negociaram o cessar-fogo.
No período seguinte, de 1976 a 1985, a ajuda americana a Israel tomou umn fôlego inédito: 25% de toda a assistência militar norte americana tomou o rumo de Israel – cerca de 25 bilhões de dólares, ou 13% do PIB israelense.

Ainda assim, a única concessão que Israel fez a Washington foi atender à súplica de Jimmy Carter para que devolvessem o Sinai, em nome de um acordo de paz com o Egito. Mas quando em 1981 Israel decidiu incluir unilateralmente as colinas de Golã no seu território, Washington ficou ao lado da ONU, condenando essa atitude.

Durante a invasão do Líbano por Israel, os EUA enviaram soldados para as forças de paz, que tentavam impedir Israel. As tentativas de Reagan de resolver os conflitos foram todas embargadas por Israel. Apenas quando Reagan e Yitzhak Shamir acordaram sobre o aumento da cooperação americana para Israel, houve algum acordo sobre os conflitos, em 1983.

Após anos recusando qualquer oferta, em 1988 Yasser Arafat aceitou um acordo bilateral com a Palestina: mas os israelenses mostravam cada vez menos disposição de retornar às fronteiras originais, anteriores a 1967. Os americanos também protestaram contra o assassinato de palestinos que jogavam pedras em soldados israelenses, mas mesmo isso trouxe poucos resultados. O mesmo ocorreu em relação aos assentamentos, que em 1983 já somavam mais de 30 mil pessoas.

Tudo isso ocorreu simultaneamente ao aumento da relevância econômica dos países árabes no mundo. Se Israel estabelecera décadas antes uma superioridade incontestável sobre os países árabes, agora o cenário parecia ficar ainda mais confuso.

Em 1953, os EUA produziam mais da metade do petróleo do mundo; em 1973, produziam apenas 21%. Nos anos 1950, os EUA praticamente não importavam petróleo; em 1977, 46% do que consumiam eram importados – e o principal fornecer era justamente o Oriente Médio.
O pronto positivo era que a renda auferida pelos árabes era quase que integralmente investida em ativos norte-americanos: eram os petrodólares, famosos por irrigarem os empréstimos para os países em desenvolvimento, que seriam plasmados na forma da crise da dívida externa dos anos 1980, após o aumento das taxas de juros internacionais.

Entre 1970 e 1972, as importações de armas produzidas nos EUA pela Arábia Saudita multiplicaram-se por vinte. Já a participação de companhias petrolíferas americanas nos poços sauditas caiu a praticamente zero após a nacionalização da Aramco.

Ainda assim, a importância do petróleo do Oriente Médio é muito mais crucial para os aliados dos EUA, notadamente os países europeus, do que para os EUA. O controle daquela região pela URSS traria o domínio da Europa ocidental pelos soviéticos, o que jogaria a OTAN na lata de lixo da história.

E os resultados de Washington, nesse sentido, foram positivos. Os conselheiros militares soviéticos já tinham quase que totalmente deixado o Cairo já por volta de 1972. Somente mantinham alguns representantes na Síria. Já os EUA eram presença marcante no Kuwait, nos Emirados Árabes Unidos, no Bahrein, no Qatar e em Omã. Já Kissinger conseguiu tanto estabelecer um modus vivendi entre Israel e Egito quanto derrubar o embargo do petróleo saudita aos EUA – episódios conhecidos como a diplomacia da ponte aérea.

Mas as dores de cabeça de Washington não teriam fim, ainda. Muanmar al-Qaddafi, ditador líbio, aproveitou o conflito árabe-israelense de 1967, quando a demanda por pet´roleo líbio aumentou, em face da redução da produção nos países em conflito, para aumentar seus preços. Por fim, nacionalizou as petrolíferas estabelecidas na Líbia.

Em 1973, com o recrudescimento dos conflitos que opunham Israel e árabes, os sauditas, em represália, elevaram o preço do seu petróleo em 70%. Além disso, anunciaram uma redução da oferta aos aliados de Israel em 5% ao mês.

Os EUA enfrentaram a decisão saudita dobrando os repasses a Israel. Os sauditas então anunciaram novo embargo de petróleo contra os EUA. Tudo isso quando o mundo adotava políticas keynesianas para manter o crescimento do PIB. O impacto foi um verdadeiro apocalipse sobre suas economias. Inflação em alta, déficit fiscal indecente, desemprego estratosférico... e piorou! A revolução iraniana de 1979, um dos episódios mais vergonhosos da política externa dos EUA, apresentou um novo ator econômico: a temida estagflação.

A Revolução Iraniana viu a queda do ditador sanguinário e marionete de Washington, o Xá Reza Pahlavi, e sua sucessão pelo líder islâmico radical Ruhollak Komeini, uma espécie de Lênin islâmico. Para se ter uma melhor visão da tragédia americana naquela região, o Irã era o segundo maior país do Oriente Médio, atrás apenas da Turquia. Sua população era o triplo da população do Iraque. Sua produção de petróleo só perdia para a da Arábia Saudita. Em 1973, mais de 10% do petróleo produzido no mundo era iraniana.

A Revolução Iraniana levantou temores em Saddam Hussein de uqe os xiitas iraquianos, a maioria da população, abraçasse o discurso de Komeini e levasse caos para seu território. O resultado foi a guerra Irã-Iraque, que levou Kssinger a revelar seu desejo de que ambos perdessem...

Embora os dois lados fossem declaradamente e radicalmente “anti-yankees”, o lado de Saddam parecia o menos pior: era um governo secular, apenas nacionalista árabe. O mais surpreendente mesmo foi a aula de “maquiavelismo” da diplomacia Reagan, capaz de fazer enrubescerem alguns dos mais detestáveis líderes políticos da história.

Basicamente, Washington vendeu armas e apoiou ambos. Vendeu armas ao Irã, secretamente, com o fim de libertar reféns americanos, que trabalhavam na Embaixada no país quando da revolução; mas também para arrecadar fundos para a invasão americana da Nicaraguá, na América Central. Saddam, por seu turno, recebia créditos e mercadorias que bateram 1 bilhão de dólares em 1989 – e não sofreu qualquer represália por usar armas químicas largamente, nem por atacar um navio militar dos EUA.
A mesma realpolitik foi usada para fornecer apoio aos mujahedins afegãos, com vistas a fazê-los derrotar a URSS no seu próprio Vietnã.

Os anos seguintes veriam negociações fortes para o estabelecimento de bases militares na Arábia Saudita, o fim da presença soviética na região – e no mundo – e a entrada em cena de Osama bin Ladden...  


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “Colosso” – Niall Ferguson  

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