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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

PERIFERIA, CAMPO E REFORMA AGRÁRIA: TUDO SE CONECTA NO ASSENTAMENTO



Na década de 1980, surgiu para o país aquele que seria um dos maiores, mais relevantes e, claro, polêmicos movimentos sociais do Brasil: o MST – Movimento dos Trabalhadores sem Terra.

Seguindo a trilha desbravada pelas Ligas Camponeses, um movimento de lavradores empobrecidos do nordeste sob a batuta de Julião e de outros líderes, que inclusive inspiraram uma obra cinematográfica, Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho,  o MST nasceu para lutar contra os latifúndios improdutivos, uma das chagas que afligem o quadro social pavoroso do país.

A música abaixo foi composta por Chico Buarque, incluída no encarte do livro Terra (há outra canção composta por Milton Nascimento), de 1997, escrito por José Saramago (e inspirado por Grandes Sertões, de Guimarães Rosa) e que trazia fotos de Sebastião Salgado. A renda foi destinada à infraestrutura de assentamentos do MST.

A letra conta a história de um morador de uma periferia de uma grande cidade brasileira, pobre e feirante, que se insere nas lutas campesinas por um pedaço de terra. Ao consegui-lo, deixa para trás a lembrança da cidade, maculada pelos sofrimentos cotidianos; abraça a vida no campo, na natureza, a vida do labor e do suor que irriga e aduba sua própria terra – ao lado de seus filhos. Lá, ele deseja morrer.

ASSENTAMENTO – CHICO BUARQUE

Quando eu morrer, que me enterrem na
beira do chapadão
-- contente com minha terra
cansado de tanta guerra
crescido de coração
Tôo
(apud Guimarães Rosa)

Zanza daqui
Zanza pra acolá
Fim de feira, periferia afora
A cidade não mora mais em mim
Francisco, Serafim
Vamos embora

Ver o capim
Ver o baobá
Vamos ver a campina quando flora
A piracema, rios contravim
Binho, Bel, Bia, Quim
Vamos embora

Quando eu morrer
Cansado de guerra
Morro de bem
Com a minha terra:
Cana, caqui
Inhame, abóbora
Onde só vento se semeava outrora
Amplidão, nação, sertão sem fim
Ó Manuel, Miguilim
Vamos embora


Rubem L. de F. Auto


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