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Qual o contra-polo da eficiência geradora de elevação da produtividade, senão a emergência da ineficiência expressa no consumo estatal? Dialética pura: a eficiência privada requer, necessariamente, a ineficiência estatal. Os católicos moralistas que pregam a eficiência dos gastos do governo viajam na maionese. Essa é a história do capitalismo, queiram ou não os puristas, conservadores, equilibristas etc. Buscar o equilíbrio é praticar o esquizofrenismo total. A inflação é, contraditoriamente, a solução para o sistema em que o padrão de acumulação depende da demanda do departamento III. Com uma mão o governo joga dinheiro na circulação, com a outra lança títulos para enxugar parte da demanda monetária a fim de evitar enchente inflacionária. A dívida pública cresce no lugar da inflação, dialeticamente. Acabar com a dívida ou diminui-la expressivamente é o mesmo que destruir o sistema. Não é à toa que a grande briga nos Estados Unidos, nesse momento, se dá em torno de elevar ou não o teto da dívida. O estouro se prenuncia, agora, porque a bolha inflacionária se aproxima da dívida pública. A credibilidade do governo está em xeque para continuar puxando a demanda capitalista. Os credores temem pelo excesso de risco. Passam a classificar o governo mais rico da terra como perigoso e com tendência negativa no plano econômico. A bolha global em marcha se forma em torno da falta de crédito dos governos. O século 20 foi dinamizado pela estrutura produtiva e ocupacional criada pela demanda estatal expressa em economia de guerra. Os Estados Unidos somente conseguiram superar o colapso de 1929 depois que seguiram o conselho de Keynes: “Penso ser incompatível com a democracia capitalista que o governo eleve seus gastos na escala necessária capaz de valer a minha tese – a do pleno emprego – , exceto em condições de guerra. Se os Estados Unidos se insensibilizarem para a preparação das armas, aprenderão a conhecer a sua força”. Essa força, diante do excesso de dívidas e deficits que se acumularam até alcançar o grande estouro de setembro de 2008, perdeu vigor.
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http://independenciasulamericana.com.br/2011/06/bolha-especulativa-global-se-alimenta-da-bancarrota-financeira-do-estado-nacional/
Rubem L. de F. Auto
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