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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

CUIDADO! O XADREZ VAI DESTRUIR A FAMÍLIA


A entrada do jogo de xadrez da Europa, a partir de sua concepção indiana, se deu por duas vertentes, ambas a cargo dos muçulmanos. A Espanha recebeu-o dos mouros; a Itália, dos sarracenos. Ambas por volta do século IX.

Já o nome do jogo, exceto na Espanha e em Portugal, deriva da palavra latina scac, uma latinização da palavra árabe shah, que designava o rei no idioma original. Desde então o nome local para o rei passou a designar todo o jogo, não apenas a peça principal, nos países onde a entrada do jogo se deu a partir da Itália. Contudo, na Espanha e em Portugal, a denominação do jogo usou a palavra árabe shatranj, que virou ajedrez em espanhol e xadrez em português.

Uma carta de 1061, escrita por Petrus Damiani, cardeal-bispo de Ostia, ao papa Alexandre II, dá testemunho da péssima reputação de que o jogo desfrutava na sua modalidade com apostas. Já a modalidade sem apostas desfrutava de melhor reputação.

Mas a atração que o jogo exercia sobre as pessoas mostrou-se mais forte do que as proibições impostas pela Igreja. Quando, por volta de 1400, percebeu-se que sua prática era comum em quase todas as cortes européias, tornou-se desinteressante proscrevê-lo. Muitos clérigos inclusive se tornaram exímios praticantes e autores da primeira literatura sobre o jogo. A Inglaterra conheceu-o após as invasões normandas. Já em 1230 um livro islandês comentava sobre uma partida de xadrez. E fins do século XI, era conhecido do Mediterrâneo à Islândia, de Portugal à Rússia.

Mas era visto como algo a que desocupados se dedicava, como os menestréis. Naturalmente servos dos castelos tinham contato com o jogo por meio de seus senhores. Também guerreiros e cavaleiros o conheciam por meio das Cruzadas. Mas o homem simples dificilmente teria contato com o jogo de xadrez.
Até o período final da Idade Média, todo tipo de alteração das regras originais haviam sido tentada, sempre desejando reduzir o tempo das partidas. Por exemplo, o jogo ainda segundo as regras herdadas dos muçulmanos definia que um peão poderia se tornar Ferz (posteriormente rebatizado para Dama) sempre que atingia a oitava coluna. Creia-se, muitos questionaram a moralidade de um rei polígamo, caso o participante transforme ainda detenha a rainha e acrescente ao tabuleiro mais uma. Depois de muita discussão, decidiu-se por simplesmente chamar as Damas por transformação de um peão de outro nome.

De fato, apenas a Torre e o Rei, as peças mais fortes, guardaram seus movimentos originais. Já a transformação do Peão em Dama, aumentando a força dessas duas peças, reduziu o tempo de jogo pela metade. Já então a literatura sobre xadrez acumulava mais de sete séculos de desenvolvimento, contudo viram-na se tornar completamente obsoleta após as últimas alterações.  

Por volta de 1500 as regras se estabilizaram e o jogo é mais ou menos o mesmo desde então. Os meios de comunicação mais modernos permitiram a padronização das regras e sua posterior exportação.


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “A história do xadrez”

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