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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

PARA ENTENDER A CRISE ECONÔMICA E SUA RELAÇÃO COM A PRODUTIVIDADE DO TRABALHO


Logo após o início da crise econômica, por volta de 2013, e com seu agravamento, pela crise política de 2014, o motivo econômico dado pelo empresariado para a redução drástica de investimentos, levando ao colapso do PIB por vários trimestres, foi a produtividade marginal do trabalho, que crescia abaixo do aumento dos preços (e dos custos de produção).
A medida da produtividade é dada pela razão entre o que é produzido e o custo do fator sob análise. No caso, os custos relativos ao trabalho: folha de pagamento, tributos, custos eventuais etc.
No caso brasileiro, com a redução do desemprego até o nível do pleno emprego, oq eu por si só já levou ao aumento de salários de trabalhadores qualificados, soma-se o aumento drástico do salário mínimo, beneficiando os trabalhadores menos qualificados.
Esse processo foi simultâneo à valorização radical do real, o que levou a uma intensa competição entre produtos nacionais e importados. Esse processo levou à estabilização de preços.
Com custos mais elevados e sem poder transferi-lo para o preço do produto, as indústrias (mas não apenas elas) viram suas margens de lucro serem reduzidas significativamente.
Some-se a isso o aumento das taxas de juros a que o governo foi obrigado a lançar mão, tanto para segurar preços quanto para fechar suas contas. Este processo levou a um desbalanceamento dos custos de oportunidade, já que o empresário investiu na produção, não no mercado financeiro. Portanto perdeu dinheiro se compara do com o que ganharia apenas adquirindo títulos públicos.
Pois bem. Poderíamos ser levados a imaginar que o desafio nacional para superar a crise econômica recente reside em aumentar a produtividade do trabalho. Uma estratégia  óbvia passa por redução dos rendimentos do trabalho (ou reduzir seu aumento abaixo da inflação, reduzindo ganhos reais do trabalhador). Mas existem outras maneiras.
Provavelmente a mais citada é o aumento da educação da população. Trata-se de medida governamental (embora necessite de apoio da sociedade). Portanto está fora da esfera de atuação das empresas, exceto pelo que estas podem investir na educação corporativa, voltada para melhorar seu rendimento na sua tarefa específica.
A outra estratégia é investir em tecnologia (e inovação). Como as pesuqisas têm mostrado, esse tipo de investimento sofreu pouco com a crise, haja vista estar no planejamento estratégico como item redutor de custos. Portanto é bem vindo e deve ser incentivado. Note-se apenas que grande parte desse custo está em dólares. Com uma redução cambial (desvalorização do real), torna-se mais caro investir nessa área.
Em momentos como o atual, programas governamentais que visem à redução da burocracia são muito bem vindos. Já que a necessidade de aumentar investimentos torna-se premente, deve o governo incentivá-los por meio da facilitação dos trâmites na burocracia estatal. Note-se também que esse tipo de incentivo ajuda a reduzir a corrupção, ao tornar os trâmites internos mais transparentes para a sociedade. Certamente existem impactos positivos sobre a despesa pública.
Embora o grito por contenção de despesas seja atrativo em períodos de crise, aumentos de gastos em infraestrutura têm o condão de atrair mais investimentos. Portanto congelar gastos nessa área podem mesmo aumentar a crise econômica a médio e longo prazos.
A concorrência externa, embora tenha tido impacto negativo sobre a produtividade ao reduzir o numerador da operação matemática que calcula a produtividade, também pode incentivar seu aumento, ao obrigar os empresários a melhorarem seus processos produtivos.

Por todo o exposto, pergunta-se: porque o foco único na redução dos gastos fiscais, enquanto ouvimos tão pouco sobre medidas macro, com o fito de sairmos da crise mais fortes e mais produtivos ? Não revelaria uma falta de análises mais sérias sobre a realidade econômica do país ?

Fontes:





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