Logo após o início da crise
econômica, por volta de 2013, e com seu agravamento, pela crise política de
2014, o motivo econômico dado pelo empresariado para a redução drástica de investimentos,
levando ao colapso do PIB por vários trimestres, foi a produtividade marginal
do trabalho, que crescia abaixo do aumento dos preços (e dos custos de
produção).
A medida da produtividade é dada
pela razão entre o que é produzido e o custo do fator sob análise. No caso, os
custos relativos ao trabalho: folha de pagamento, tributos, custos eventuais
etc.
No caso brasileiro, com a redução
do desemprego até o nível do pleno emprego, oq eu por si só já levou ao aumento
de salários de trabalhadores qualificados, soma-se o aumento drástico do
salário mínimo, beneficiando os trabalhadores menos qualificados.
Esse processo foi simultâneo à
valorização radical do real, o que levou a uma intensa competição entre
produtos nacionais e importados. Esse processo levou à estabilização de preços.
Com custos mais elevados e sem
poder transferi-lo para o preço do produto, as indústrias (mas não apenas elas)
viram suas margens de lucro serem reduzidas significativamente.
Some-se a isso o aumento das
taxas de juros a que o governo foi obrigado a lançar mão, tanto para segurar
preços quanto para fechar suas contas. Este processo levou a um
desbalanceamento dos custos de oportunidade, já que o empresário investiu na
produção, não no mercado financeiro. Portanto perdeu dinheiro se compara do com
o que ganharia apenas adquirindo títulos públicos.
Pois bem. Poderíamos ser levados
a imaginar que o desafio nacional para superar a crise econômica recente reside
em aumentar a produtividade do trabalho. Uma estratégia óbvia passa por redução dos rendimentos do
trabalho (ou reduzir seu aumento abaixo da inflação, reduzindo ganhos reais do
trabalhador). Mas existem outras maneiras.
Provavelmente a mais citada é o
aumento da educação da população. Trata-se de medida governamental (embora
necessite de apoio da sociedade). Portanto está fora da esfera de atuação das
empresas, exceto pelo que estas podem investir na educação corporativa, voltada
para melhorar seu rendimento na sua tarefa específica.
A outra estratégia é investir em
tecnologia (e inovação). Como as pesuqisas têm mostrado, esse tipo de
investimento sofreu pouco com a crise, haja vista estar no planejamento
estratégico como item redutor de custos. Portanto é bem vindo e deve ser
incentivado. Note-se apenas que grande parte desse custo está em dólares. Com
uma redução cambial (desvalorização do real), torna-se mais caro investir nessa
área.
Em momentos como o atual,
programas governamentais que visem à redução da burocracia são muito bem
vindos. Já que a necessidade de aumentar investimentos torna-se premente, deve
o governo incentivá-los por meio da facilitação dos trâmites na burocracia
estatal. Note-se também que esse tipo de incentivo ajuda a reduzir a corrupção,
ao tornar os trâmites internos mais transparentes para a sociedade. Certamente
existem impactos positivos sobre a despesa pública.
Embora o grito por contenção de
despesas seja atrativo em períodos de crise, aumentos de gastos em
infraestrutura têm o condão de atrair mais investimentos. Portanto congelar
gastos nessa área podem mesmo aumentar a crise econômica a médio e longo
prazos.
A concorrência externa, embora
tenha tido impacto negativo sobre a produtividade ao reduzir o numerador da
operação matemática que calcula a produtividade, também pode incentivar seu
aumento, ao obrigar os empresários a melhorarem seus processos produtivos.
Por todo o exposto, pergunta-se:
porque o foco único na redução dos gastos fiscais, enquanto ouvimos tão pouco
sobre medidas macro, com o fito de sairmos da crise mais fortes e mais
produtivos ? Não revelaria uma falta de análises mais sérias sobre a realidade econômica
do país ?
Fontes:
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