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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

GUERRA É EXTORSÃO



By Major General Smedley Butler

https://www.ratical.org/ratville/CAH/warisaracket.html

Guerra é extorsão. Sempre foi.

É possivelmente é o meio mais antigo, facilmente o mais lucrativo, certamente o mais viciante. É o único aceito internacionalmente. É o único em que os lucros são extorquidos em dólares e as derrotas, em vidas.

Uma extorsão é melhor descrita, creio, como algo que não é o que parece ser à maioria das pessoas. Apenas um pequeno grupo de “insiders” sabe do que se trata. É conduzido para o benefício da minoria, paga às expensas da maioria. Por meio de guerra, poucos fazem enormes fortunas.

Na Primeira Guerra Mundial, apenas um punhado apropriou-se dos lucros do conflito. Ao menos 21.000 novos milionários, e bilionários, surgiram nos EUA durante a Grande Guerra. Grande parte reconheceu seus enormes ganhos, resultantes do banho de sangue, em suas restituições de imposto de renda. Muitos outros milionários de guerra falsificaram suas declarações, não de sabe como.

Quantos desses milionários de guerra seguraram um rifle ? Quantos cavaram trincheiras ? 

Quantos souberam o que é ir faminto para um buraco infestado de ratos ? Quantos ficaram sem dormir, noites aterrorizantes, defendendo-se de estilhaços de bombas e tiros de metralhadoras ? Quantos empunharam uma baioneta cara a cara com o inimigo ? Quantos foram feridos ou mortos em guerra ?  

Por meio de guerras, nações adquiriram extensões a mais de terras, se vitoriosas. Elas apenas as tomaram para si. Este território adquirido recentemente é logo explorado por poucas pessoas – aquelas que sugam dólares do sangue da guerra. As pessoas normais apenas pagam a conta.

E qual é a conta ?

Este orçamento tem uma contabilidade terrível. Novas lápides são lançadas. Corpos mutilados. Cabeças destroçadas. Corações e lares destruídos. Instabilidade econômica. Depressão e todas as desgraças que a acompanham. Tributos que lhes quebram as penas por gerações e gerações.    

Por muitos e muitos anos, como soldado, suspeitei de que guerra era extorsão; mas não entendi completamente até que me aposentasse. Agora que vejo nuvens de guerras internacionais ficando mais espessas, neste momento, devo encarar o fato e falar a respeito.   

De novo, estão se escolhendo lados. França e Rússia encontraram-se e concordaram ficar do mesmo lado. Itália e Áustria fizeram o mesmo. Polônia e Alemanha entreolharam-se apaixonadamente, esquecendo-se brevemente de suas disputas pelo Corredor Polonês.

O assassinato do Rei Alexandre da Iugoslávia complicou as coisas. Iugoslávia e Hungria, inimigos há muito, estavam à beira do conflito. A Itália estava quase no mesmo pé. Mas a França aguardava. Também a Tchecoslováquia. Todos vendo uma guerra iminente. Não as pessoas – não aqueles que lutam e pagam com suas vidas – somente aqueles que fomentam guerras e esperam na segurança do lar pelos seus lucros.

Há 40 milhões de soldados, hoje, no mundo, e nossos estadistas e diplomatas têm a temeridade de dizer que guerras não estão a caminho.

Que inferno ! Temos 40 milhões de homens treinando para serem dançarinos ?
Não na Itália, certamente. Premier Mussolini sabe o que eles estão treinando para serem. Ele, ao menos, é sincero o bastante para dizer. Outro dia, Il Duce em “Conciliação Internacional”, uma publicação do Carnegie Endowment para a Paz Internacional, disse:

“E, sobretudo, o fascismo, quanto mais se pensa e se reflete sobre o futuro e sobre a história da humanidade, à parte considerações políticas momentâneas, não acredita nem na possibilidade e nem na utilidade da paz perpétua ... A guerra, por si só, em seu momento de maior tensão, libera toda a energia humana e põe um selo de nobreza nas pessoas que têm a coragem de encará-la.”

Sem dúvidas, Mussolini quis dizer exatamente o que disse. Seu exército bem treinado, sua grande frota de aviões, e mesmo sua marinha pronta para aguerra – ansiosa por isso, aparentemente. Sua recente campanha na fronteira com a Hungria, na recente disputa com a Iugoslávia, mostrou. E a mobilização apressada de sua tropa na fronteira com a Áustria, após o assassinato de Dollfuss, revelou também. Há outros também, na Europa, que anunciam presságios de guerras, mais cedo ou mais tarde.  

Herr Hitler, com sua Alemanha se rearmando e suas constantes demandas por mais e mais armas, é igualmente uma ameaça à paz. A França apenas recentemente aumentou o prazo de serviço militar de seus jovens de um ano para 18 meses.

Sim, em síntese, nações estão movendo suas tropas. Os cachorros loucos da Europa estão soltos. No Oriente, as manobras estão mais hábeis. Em 1904, quando a Rússia e o Japão lutavam, nós defenestramos nossos velhos amigos russos e apoiamos o Japão. Então nossos muito generosos banqueiros internacionais financiaram o Japão. Agora a tendência é nos envenenar contra os japoneses. O que a política “de portas abertas” para a China significa para nós ? Nosso comércio internacional com a China é aproximadamente 90 milhões de dólares por ano. Ou as Filipinas ? Gastamos cerca de 6000 milhões de dólares nas Filipinas por 35 anos e nós (nossos banqueiros, industriais e especuladores) temos investimentos privados lá de menos de 200 milhões.       
Então, para salvar nossos comércio com a China de cerca de 90 milhões e para proteger nossos investimentos de menos de 200 milhões nas Filipinas, nós seremos levados a odiar o Japão e ir à guerra – uma guerra que pode nos custar dezenas de bilhões de dólares, centenas de milhares de vidas de americanos, e muitos mais centenas de milhares de pessoas incapacitadas física e mentalmente.

Com certeza, por essas perdas, deve haver lucro que as compensem – fortunas deverão ser feitas. Milhões e bilhões de dólares serão empilhados. Por poucos. Fabricantes de munições. Banqueiros. Estaleiros. Fabricantes de carne enlatada. Especuladores. Sair-se-ão bem.  

Sim, eles estão prontos para outra guerra. Por que não estariam ? Pagam-se bons dividendos.

Mas o que ganha aquele que morre ? Qual lucro auferem suas mães e irmãs, suas esposas e namoradas ? O que ganham seus filhos ?

O que ganha qualquer um, exceto os muito poucos para quem a guerra significa lucros gordos ?

Sim, e o que ganha a nação ?

Veja nosso caso. Até 1898 não tínhamos um naco de terra fora da América do Norte continental. Àquele tempo nossa dívida nacional era de pouco mais de 1 bilhão de dólares. 
Então nos tornamos internacionalmente prevalentes. Esquecemo-nos, ou deixamos de lado, o conselho do Pai da Nação. Esquecemo-nos o aviso de George Washington sobre “alianças complicadas”. Fomos à guerra. Adquirimos territórios externos. No fim do período da Guerra Mundial, como conseqüência direta de nossa intromissão nas relações internacionais, nossa dívida nacional pulou para 25 bilhões. Nossa balança comercial favorável pelo período de 25 anos foi de 24 bilhões. Portanto, em bases puramente contábeis, ficamos um pouco para trás ano após ano, e esse saldo externo poderia ser nosso sem as guerras.  

Seria muito mais barato (para não dizer mais seguro) para um americano médio, que pagará a conta, ficar de fora das complicações externas. Para muito poucos essa extorsão traz belos lucros, mas o custo dessas operações é sempre transferido para as pessoas – que não lucram com isso.


Smedley Darlington Butler foi um major-general do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, um crítico do aventureirismo militar dos Estados Unidos, e até o momento da sua morte, o marine mais condecorado da história dos Estados Unidos.

2 comentários:

  1. Encontrei algumas anotações sobre esse militar mas não encontrei o livro. Gostaria de ler o mesmo. Se possuires em pdf e me enviar ficarei muito grato. carlmarx373@gmail.com

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    1. Não achei também, comprei em inglês na amazon por R$ ,

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