Matéria publicada no site Vox, em 18 de março de 2016.
Como achei muito bem escrita e fazia algumas previsões, nada melhor que relembrá-la e avaliar suas palavras:
http://www.vox.com/2016/3/18/11260924/petrobras-brazil
ESCÂNDALO DA PETROBRAS EXPLICADO
Na quarta-feira, algo surpreendente e
estranho correu no Brasil: A presidente, Dilma Rousseff, nomeu o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, seu mentor político, para seu gabinete.
No mesmo dia, um juiz brasileiro
pediu a divulgação de uma gravação telefônica de Rousseff – sim, o governo está
grampeando sua presidente – falando com Lula, como é normalmente conhecido.
A gravação sugeria que Dilam havia
nomeado Lula para salvá-lo de um processo em um escândalo multibilionário de
corrupção envolvendo a estatal Petrobras (segundo as leis brasileiras,
ministros respondem perante uma Corte Especial que historicamente não os
condena).
Posteriormente, um outro juiz
suspendeu a ordem de depoimento, sugerindo alguma ilegalidade.
Esse é apenas o último episódio do
House of Cards no escândalo da Petrobras – o maior escândalo, em dólares, em
qualquer democracia na história.
"GUYS,"
HE TOLD PROSECUTORS, "IF I SPEAK, THE REPUBLIC IS GOING TO FALL"
O escândalo está balançando o
establishment brasileiro até suas raízes – e ocorre junto a uma recessão e de
um grande esforço dos seus rivais para impedir a presidente, em função de
irregularidades financeiras não relacionadas ao escândalo da Petrobras.
Milhões de brasileiros foram às ruas
em protesto. O sistema político brasileiro está paralisado, e pode ser levado ao caos caso a presidente
Rousseff seja afastada.
Mas a longo prazo, alguns dizem que
essas investigações podem ser benéficas. O Brasil é assolado por corrupção ao
longo de sua história moderna. Esse escândalo pode sinalizar que a era da
impunidade acabou.Até apenas seis anos atrás, nenhum político eleito foi
processado por corrupção e condenado.
O que estamos vendo pode ser épico:
um dos maiores países do mundo está finalmente pondo um fim num dos seus
maiores problemas. Poém, no momento, está uma grande bagunça.
Aqui vão algumas orientações básicas
sobre o que está ocorrendo, por que é importante e como chegou a esse ponto.
COMO O ESCÂNDALO
FUNCIONAVA
Entre 2004 e 2014, mais ou menos, a
estatal Petrobras – a maior companhia brasileira e uma das maiores do mundo –
esteve envolvida em um dos maiores escândalos de corrupção já descobertos.
Empregados da empresa e seus co-conspiradores imaginaram poder levar a cabo um
esquema que ajuda a demonstrar a que ponto chegou a corrupção no Brasil.
Ninguém sabe quem exatamente iniciou
esse esquema. Mas sabe-se que se iniciou durante o boom de commodities dos anos
2000, quando o preço do petróleo esteve elevado, e envolveu três dos principais
atores: dirigentes da Petrobras, executivos das maiores construtoras do país e
políticos brasileiros.
Funcionava em quatro passos:
1.
Executivos de empreiteiras criaram
secretamente um cartel para manipular contratos em licitações na Petrobras que,
sistematicamente, aumentava custos da companhia.
2.
Um seleto grupo de empregados da
Petrobras fecharam seus olhos, permitindo que tais companhias superfaturassem
contratos em valores chocantes.
3.
Os executivos então embolsavam os
valores decorrentes desses contratos superfaturados e recompensavam seus contatos
internos na Petrobras pagando-lhes grandes propinas.
4.
Algumas das sobras eram enviadas a
políticos-amigos, como regalos pessoais ou doações de campanha. Pelo fato de
ser uma companhia de capital misto, políticos podem nomear executivos que
recompensam tais políticos com propinas.
Grandes somas de dinheiro, de acordo
com o New York Times, teriam sido “entregues por senhores gentis que viajavam
ao redor do mundo com tijolos de dinheiro vivo, prensados e atados dentro de
meias e de roupas grossas”. Às vezes a proprina poderia ser distribuída por
meio de “relógios Rolex, garrafas de vinho de $ 3.000,00, iates, helicópteros e
prostitutas”.
Ao todo, algo em torno de $ 5.3
bilhões mudaram de mãos como parte do esquema.
Por que a corrupção
é tão grande no Brasil ?
É inimaginável que alguém
envolvido nesse esquema pudesse prever algo dessa proporção. Mas a corrupção se
espalhou há muito no Brasil. Para entendê-la, precisamos voltar um pouco no
tempo – aos primeiros dias do descobrimento do país.
Os portugueses começaram a
colonizá-lo no início de 1500, e logo se tornou o principal porto do comércio
atlântico de escravos, deixando para trás até mesmo as colônias que formariam
os EUA. Os portugueses usaram os escravos nas plantações de açúcar e nas minas
de ouro, enriquecendo muito os colonizadores – e formando aquilo que seria um
sistema de castas entranhado na sociedade.
Por volta da época da
independência do Brasil, em 1822, o sistema de castas ficou mais rígido e
delineado – a elite branca era fabulosamente rica, enquanto as pessoas de pele
escura e trabalhadores em geral eram profundamente pobres.
O país aboliu formalmente a
escravidão em 1888 – o último país ocidental a fazê-lo. Mas a hierarquia de
classes permaneceu. A elite brasileira reteve seus privilégios, e usou sua
riqueza para entranhar seu poder na sociedade. Um método comum era fazê-lo por
meio de propinas pagas a funcionários do governo.
“O Brasil é um país caracterizado por sua
desigualdade de renda,” Brian Winter, vice-presidente da Americas Society and
Council on the Americas, disse-me. Winter chama essa desigualdade de “o mais
importante fator estrutural” a encorajar a corrupção brasileira.
"UNTIL
2010, THE CHANCES OF YOU GOING TO JAIL, ESPECIALLY IF YOU WERE A POLITICIAN,
WERE VIRTUALLY NIL"
“Você tem uma elite que sempre achou
que podia fazer qualquer coisa, e muitas vezes faziam,” disse. “A corrupção vem
daí.”
O problema persistiu por toda a
história do Brasil, ao longo de muitos governos e mesmo na ditadura dos anos
1960.
“Havia um presidente
brasileiro que criou o slogan de “varrer a corrupção para fora” nos anos 1950,
“ explicou Matthew Taylor, um pesquisador na American University, que estudou a
corrupção no Brasil. “Ele até carregava uma vassoura consigo ... para mostrar
como falava sério sobre o assunto”.
Com o passar do tempo, a
corrupção foi se normalizando. Por décadas, procuradores e policiais falharam
ao investigá-la, criando um clima de impunidade no qual mesmo grandes casos de
corrupção tornaram-se parte dos negócios.
“Até 2010,” disse Taylor,
“as chances de se ir para trás das grades, especialmente se você fosse um
político, era virtualmente zero.”
Estimativas sugerem que no
Brasil, cerca de “3 a 5 por cento do PIB é perdida para a corrupção,” de acordo
com Taylor.
Importante notar que o
Brasil não é caso único nessa seara: Alguns países latino-americanos, por
exemplo, têm similar problemas de corrupção semelhantes, às vezes usando
métodos semelhantes. Mas o Brasil é um país bem maior – o quinto maior em
população e o sétimo em PIB –, portanto a escala dos problemas também é maior.
A
corrupção na Petrobras, portanto, é o ápice da construção erigida pela
corrupção, mais ou menos não investigada, após várias gerações, em um dos
maiores países do mundo.
A PARTE MAIS LOUCA DO
ESCÂNDALO: COMO ELE FOI DESCOBERTO
O escândalo Petrobras veio à tona
quase que por acidente, em meados de 2013, quando a polícia brasileira deteve
uma pessoa acusada de lavar dinheiro, chamado Alberto Youssef, que já havia
sido preso 9 vezes, em outros casos semelhantes de lavagem.
Mas, dessa vez, Youssef tinha algo
diferente para dizer.
“Pessoal,“ teria dito Youssef, “se eu
falar, a República cai.”
Youssef começou a descrever aquilo
que conhecemos como escândalo da Petrobras. A polícia, como resultado, no
começo de 2014 fez suas primeiras prisões no âmbito da Operação Lava Jato,
assim chamada porque parte do dinheiro foi de fato lavado em um estabelecimento
de lavagem a jato de carros.
O primeiro a cair foi Paulo Roberto
Costa, um ex-funcionário da Petrobras, a quem Youssef havia pago propina por
meio de um Land Rover. A polícia prendeu Costa em Março de 2014, e ele também
cooperou. Com esses dois depoimentos, a polícia tinha informação suficiente
para iniciar investigações contra alguns dos homens mais ricos e poderosos do
Brasil.
A investigação na Petrobras está
sendo chefiada pelo Ministério Público brasilerio, um instituição única criada
pela Constituição. Basicamente, trata-se de um órgão de advocacia-geral
indicado especificamente para casos de amplo interesse público, incluindo crimes
cometidos por membros do governo.
“Algumas pessoas o associam a um
quarto Poder,” explicou Taylor. “O MP tem seu próprio orçamento, e cada um dos
procuradores tem autonomia – não apenas em relação ao Executivo, mas até mesmo
entre si”.
"PETROBRAS
IS A DIFFERENT KIND OF SCANDAL"
Essa instituição existe, de acordo
com Taylor, como resultado direto da longa luta do Brasil contra sua história
de ditaduras.
Em 1964, os militares brasileiros
destituíram o presidente e instituíram uma ditadura que durou mais de 20 anos.
Em 1985, quando o Brasil retornou à democracia e editou uma nova Constituição,
os dirigentes do país sentiram ser necessário um procurador especial que
restaurasse o Estado de Direito e a transparência pública.
Em 1998 o órgão foi fortalecido, e
garantiu-se-lhe a independência de que goza atualmente.
Após 20 anos de ditadura,” disse
Taylor, “o país procurava reparar algumas das consequêcias negativas deixadas
pela ditadura.”
Ao longo do tempo, Estado de Direito
e governos democráticos ganharam importância no país, de maneira mais orgânica.
Polícia e Judiciário tornaram-se mais assertivos e independentes, por exemplo,
assim como os procuradores. Conforme o legado da ditadura se esvanecia e as
instituições citadas se desenvolviam, elas gradualmente tornaram-se fortes e
independentes o suficiente para atacar esquemas relevantes de corrupção que
poderiam, em outros tempos, ser tolerados.
Estes fatos são peças importantes
para entender como se desenvolveram as investigações na Petrobras. Um grupo de funcionários
governamentais ganhou grande expertise investigando e condenando casos de
corrupção.
Trabalhando com um juiz de nome
Sérgio Moro, muito experiente em investigações anti-corrupção, começaram a
explorar os fatos delatados por Youssef em 2013. Mas não tinham idéia do que
desvendariam.
COMO A PETROBRAS
VIROU CRISE NACIONAL
Entre Março de 2014 e Março de 2015,
dezenas de engenheiros, executivos de construtoras e executivos da
Petrobras foram presos como parte da
Operação Lava Jato. Cada prisão permitia aos procuradores juntar mais
evidências, frequentemente por emio de delações premiadas nas quais indiciados
delatam comparsas.
Em Março de 2015, o escândalo
realmente estourou: o STF anunciou que estava investigando 34 políticos por
suspeita de envolvimento no escândalo – um escândalo político.
Desde que iniciou, 86 pessoas foram
condenadas por crimes relacionados à Petrobras, a maioria membros da elite
política e econômica brasileira.
O escândalo enfureceu os brasileiros,
dando início a enormes demonstrações de descontentamento. No último domingo,
algo entre 1 e 3.5 milhões de pessoas participaram de protestos.
“Sempre houve o conhecimento público,
pelos cidadãos, de que havia corrupção,” disse Natasha Borges Sugiyama,
cientista política da Universidade de Wisconsin Milwaukee. “Petrobras é um tipo
diferente de escândalo.”
De acordo com Sugiyama, parte das
causas é a escala: a corrupção cotidiana no Brasil não custa bilhões ao país.
Trata-se também de quem está envolvido na corrupção. Dirigentes da maior
empresa estatal, grandes construtoras e líderes políticos de todo o espectro
político foram fisgadas pelos procuradores. É um indiciamento vergonhoso para
toda a elite do país.
“O escândalo já envolve grandes
estratos da elite,” disse Sugiyama. “Revelou-se inquietação de pessoas com a
elite política.”
Um exemplo revelador, vem da
condenação de Marcelo Odebrecht, o presidente da maior construtora brasileira.
ME Março de 2016, Odebrecht foi sentenciado a 19 anos por pagamento de propina
e lavagem de dinheiro.
"THE
RECESSION IS DRIVING THE ANGER"
Odebrecht antigo na elite: Sua
companhia foi fundada pelo seu avô, na década de 1950. Odebrecht representa
tudo o que os brasileiros odeiam nesse escândalo da Petrobras: um cara rico que
corrompeu o governo brasileiro com o intuito de fazê-lo ainda mais rico.
Para aumentar o ódio, a economia
brasileira está se saindo mal no momento. Anos de altos gastos do governo
ajudaram a criar problemas de dívida pública e inflação. O colapso no preço do
petróleo e de outras commodities reduziu o lucro de algumas das mais lucrativas
empresas brasileiras. Trata-se de uma versão piorada da estagflação americana
dos anos 1970: o Real brasileiro é perdendo valor rapidamente ao mesmo tempo em
que o Brasil está vivendo uma recessão.
As ilegalidades cometidas pela elite
brasileira, portanto, está sendo desvendada ao mesmo tempo em que as pessoas
normais estão enfrentando tempos difíceis. O tradicional anti-elitismo e as
pressões econômicas são a fagulha dessa explosão de ódio.
“A recessão está orientando o ódio,” diz
Winter. “Havia um escândalo de corrupção de pequenas, mas ainda assim épicas
proporções, 10 anos atrás ... e o governo de então sobreviveu, em grande parte
porque a economia ia bem.”
PETROBRAS ESTÁ
PONDO EM RISCO O GOVERNO DA PRESIDENTE ROUSSEFF
O escândalo Petrobras é
realmente um desastre para a presidente Rousseff – pesquisas mostram que cerca
de dois terços dos brasileiros querem seu impeachment.
O problema não é seu
envolvimento direto. “Ninguém crê que Dilma participou disso,” afirma Winter.
Ainda, de 2003 a 2010
Rousseff fez parte da direção da Petrobras. Isso tudo ocorreu sob suas vistas,
aparentemente depondo contra sua capacidade de julgamento e competência.
Também é prejudicial a seu
partido. O PT cultivou uma reputação de lisura, por ficar ao lado das pessoas
normais contra um sistema corrupto. Uma evidência clara do número de políticos
do PT envolvidos no escândalo Petrobras fez esmaecer bastante essa imagem.
“O PT, quando chegou ao Poder, era visto como
o partido da ética, que limparia a política brasileira,” disse Taylor. “Para os
brasileiros, ver o PT de braços dados com políticos comprovadamente corruptos
... foi extraordinariamente frustrante.”
O que nos leva a Lula, o
ex-presidente agora implicado também.
Duas semanas atrás, a
polícia fez buscas na casa de Lula procurando conexão com a Petrobras, e o
deteve temporariamente. Mais tarde no mesmo dia, a polícia soltou um comunicado
dizendo que ele recebeu pessoalmente dinheiro sujo, levando muitos brasileiros
a concluírem que ele seria indiciado em breve.
Isso tudo foi prejudicial a
Roussef também. Lula, presidente entre 2003 e 2011, foi o mentor político de
Rousseff. São frequentemente vistos como unha e carne, para o bem ou para o
mal.
Mas os protestos contra
eles tenderam a partir da classe média ou de outros segmentos mais
privilegiados da sociedade.
“Pesquisas sugerem que os
protestos são compostos por pessoas brancas e de classe média alta,” relata a
BBC. “Uma pesquisa junto aos manifestantes em São Paulo indicou que os manifestantes
eram muito mais ricos que a média e que três quartos eram brancos (comparado à
média nacional de menos do que 50%).”
Isso porque Lula e Rousseff
tornaram os cuidado com os mais pobres, em detrimento dos segmentos mais brancos
da sociedade, alta prioridade. Lula, enquanto presidente, fortaleceu o programa
Bolsa Família, uma iniciativa para mitigar a pobreza, que distribui dinheiro
para cerca de 12 milhões de famílias pobres.
Como resultado, muitos
pobres brasileiros são profundamente leais ao PT, mesmo em face do escândalo
Petrobras. Você pode perceber como isso funciona por meio de uma foto em um recente
protesto: ela mostra um casal branco caminhando para um protesto com seu
cachorro, vestido com as cores da bandeira nacional. Ao lado deles, há uma babá
negra, vestida com uniforme branca de empregada, carregando o bebê em um
carrinho de bebê.
A foto
tornou-se viral e símbolo, para muitos brasileiros, de como as classes médias
mais altas usam politicamente a crise da Petrobras.
O QUE VEM A SEGUIR
?
Não mais gestando
revelações chocantes – as quais eu não deixaria de lado – a grande questão
política futura é se Rousseff sobreviverá para terminar seu mandato, e quais
conseqüências do escândalo atingirão seu sucessor nas eleições de 2018.
No momento, Rousseff se
nega a renunciar a seu mandato. Presidente a Câmara Eduardo Cunha – que está
sendo, ironicamente, investigado como parte do escândalo Petrobras – arquivou pedidos
de impeachmente ano passado, mas os pedidos decorreram de falta de apoio
político.
Entretanto, as novas
evidências contra Lula – assim como o segundo escândalo aobre a tentativa de
Rousseff em nomear Lula para seu gabinete – pode mudar os cálculos do
impeachment. Em 17 de Março, Cunha rearquivou os pedidos de impeachment.
Os pedidos de impeachment
não têm ligação com a Petrobras. Em vez disso, Rousseff é acusada de fraudar a
contabilidade pública para esconder o tamanho do déficit do governo durante a
campanha para sua reeleição.
Mas os parlamentares podem
terminar por apoiar seu impedimento por causa da Petrobras. Se o clamor público
se mantiver alto, os parlamentares podem se sentir pressionados por votar
contra ela.
“A grande pergunta é o que
os protestos de rua pedem,” disse Taylor. “Havia grandes protestos no domingo –
3 milhões – e eles visavam em grande as cercas do Congresso.”
Se Rousseff for impedida,
seu vice-Presidente (que pertence, em razão do sistema político brasilerio, a
outro partido) assume. Mas os danos políticos infringidos ao PT seriam
devastadores. Poderiam até ajudar outro partido em 2018.
Mas partidos de todo o
espectro político estão envolvidos no escândalo. Isso, junto com os problemas econômicos
que se arrastarão ainda, pode fortalecer um partido fraco ou ajudar no
surgimento de um partido inteiramente novo.
“Observe a política em
nosso país; os fatores que permitem aventureiros [políticos] assumirem o Poder
são fortes, atualmente, em todo o mundo,” diz Winter. “Pense no quanto um
aventureiro consegue ser no Brasil, onde as coisas estão ficando realmente
ruins!”
Há outras, até mais
tresloucada maneiras de a Petrobras custar a Rousseff o seu emprego.
Se uma evidência forte
demonstrar que sua campanha eleitoral foi paga com dinheiro sujo da Petrobras,
o que parece provável, um tribunal pode julgar aquela eleição nula. Winter
sugere pensar nessa possibilidade como uma equipe esportiva forçada a devolver
um título após um escândalo.
Esse procedimento, chamado
cassação, criaria ainda mais caos que o impeachment.
Se houver um procedimento
de cassação, ambos, Rousseff e seu vice seriam destituídos do mandato: afinal,
o vice também foi eleito no mesmo momento. Cunha, o presidente da Câmara,
assumiria então. Mas lembrem-se, ele também está sob investigação por suspeita
de envolvimento na Petrobras, portanto sob risco de impedimento.
O sistema político
brasileiro, portanto, está potencialmente à beira do caos. A presidente está a
ponto de ser impedida e pode ser destituída após julgamento – o que significa
que está substancialmente fraca para propor leis que amenizem os problemas
econômicos do Brasil. Pessoas importantes da oposição, assim como líderes seus
antecessores, também enfrentam problemas sérios.
Mas vale lembrar a razão
pela qual o caos político em primeiro lugar: Uma investigação de órgãos do
governo descobriu a parou o maior escândalo de corrupção na história das
democracias modernas.
Não é uma vitória de Pirro.
A investigação de líderes políticos como Lula, e a condenação de líderes
empresariais como Odebrecht, podem sinalizar que séculos de impunidade no
Brasil estão finalmente chegando ao fim.
“Se você tentasse definir em bases concretas se
os custos de tornar-se corrupto diante dos benefícios [antes da Petrobras].” Diz
Taylor, “você se decidiria – facilmente – por tornar-se corrupto.”
Mas a investigação da
Petrobras, e o esforço maior anticorrupção que ela representa, “mudou tais
cálculos,” disse. Isso é, em suas palavras, relevante.
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