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sexta-feira, 2 de março de 2018

INDÚSTRIA MUSICAL: DO CILÍNDRO À NUVEM


A história da indústria da música pode ser retrocedida ao século XIX, com o início da era Tin Pan Alley: reunião de publishers e compositores de músicas de Nova York, que dominavam o cenário da música popular nos EUA, no final do século XIX. O nome faz referência ao endereço em que se localizava o prédio que reunia tais profissionais, no Flower District de Manhattan. Naquele momento, quando ainda não existiam aparelhos de reprodução musical disponíveis no mercado, a força da associação eram as partituras; a associação procurava fazerem valer seus direitos sobre suas criações musicais.

Contudo, em 1877, Thomas Edison desenvolveu um cilindro de alumínio, rotacionado com as mãos, fazendo nascer assim o primeiro aparelho de reprodução musical na história. Evidentemente sua qualidade não era impressionante: o som era pobre e o cilindro somente permitia uns poucos usos antes de se deteriorar completamente, forçando sua substituição e elevando o custo de se ouvir músicas nesse aparelho às alturas.

Mas era apenas o início de uma corrida tecnológica de final imprevisível. Outros inventores aperfeiçoaram a ideia, pondo uma proteção de cera sobre o cilindro: nascia aí o protótipo da jukebox, cujo processo de se depositar uma moeda e ouvir a música que você deseja se tornou moda da época.

Os maiores produtores dessas máquinas eram: Victor, Columbia e Edison. O processo industrial era de tal forma complexo que o custo de entrada nesse mercado era proibitivo a quem não tivesse muitos recursos.

O próximo salto tecnológico ocorreu no processo de impressão da mídia master. Várias milhares de cópias poderiam ser impressas a partir do master. O custo de produção das cópias caiu sensivelmente, pois os músicos já não precisavam passar muito tempo nos estúdios, portanto passaram a receber menos.

Com a redução dos custos de produção, pulularam o mercado novas firmas voltadas para a gravação de discos e para a produção de aparelhos reprodutores de faixas musicais. Gravadoras menores passaram a investir em mercados específicos, levando algumas a investirem em músicos negros, tendo alguns deles alcançado enorme popularidade.

O nascimento do rádio e dos processos de gravação elétricos na década de 1920 levaram a melhorias futuras na reprodução de músicas. Na verdade, quando o rádio atingiu o status de aparelho de entretenimento das massas, músicos e compositores objetaram imediatamente a idéias de alguém tocar suas músicas no ar. Ao utilizar músicas em mídia, conseguidas quase que gratuitamente, os músicos entenderam que as estações de rádio estavam destruindo seus meios de subsistência. Por seu turno, os donos das estações argumentavam que haviam comprado as gravações reproduzidas nas estações, e esse fim era legítimo, sem que devessem pagar nada mais para os compositores.

Esse embate levou ao sistema de pagamento de royalties, quando a ASCAP – American Society os Composers, Authors and Publishers – levou o caso aos Tribunais. Proprietários dos Copyrights receberam então pagamentos a cada vez que suas obras eram executadas.

Ao lado dessa renda que agora surgia, logo músicos e compositores perceberam o impacto que as rádios tinham na divulgação de seus trabalhos.

O período de 1930 a 1945 foi marcado pelo total marasmo no mercado musical. A Grande Depressão e a II Guerra Mundial fizeram diminuir a demanda por discos. Entretanto, no pós-guerra, o desenvolvimento de gravações em fitas e a criação do Long Play (LP) de vinil de 12 polegadas iniciaram uma enorme onda de crescimento da indústria musical.

Agora, por um investimento singelo de uns poucos milhares de dólares poderia-se adquirir um excelente gravador de fitas. Como resultado, entre 1949 e 1954 o número de gravadoras de LP estadunidenses saltou de 11 para quase 200. Agora, gravadoras independentes poderiam competir de igual para igual contra as gigantes RCA, Columbia e Decca. Os independentes agora estavam investindo em jazz tradicional, ritmos do Sul e blues, estilos musicais derivados do gospel e no rock`n roll, trazendo-os para a cena principal.
Mas o crescimento mais espetacular ocorreu na segunda metade da década de 1960, quando a Universal introduziu no mercado as gravações em som estereo hi-fi truer-to-life, ao memso tempo em que os baby boomers do pós-guerra estavam sendo atraídos cada vez mais pelo gênero rock`n roll em franca expansão.

Ao longo dos anos 1970, a taxa de rápido crescimento foi inflada ainda mais pela invenção dos tocadores de fita cassete portáteis (mais conhecidos por Walkman), pouco após padronizados. Inventado pela Sony nos idos dos anos 1970, esse aparelho rendeu à gigante japonesa cerca de 50% do mercado americano destes aparelhos. Ao juntar num só aparelho um reprodutor de fitas e fones de ouvido, o mercado musical foi mais uma vez posto de ponta cabeça, podendo agora as pessoas ouvirem músicas o tempo todo – as 30 mil unidades vendidas no seu lançamento prediziam o sucesso estrondoso de mais de 400 milhões deles postos no mercado nas décadas seguintes.

Ainda assim, os anos de 1980 viram uma estagnação inesperada do mercado musical. Especialistas apontavam tanto o desinteresse pelos lançamentos quanto a qualidade sofrível dos vinis produzidos como razões para o declínio do mercado.

Esta tendência  somente começou a ser revertida em 1983, com a introdução dos compact discs – CDs. Essa inovação trouxe um novo crescimento, que se manteve pelos 20 anos seguintes.

O movimento disruptivo seguinte atendeu pelo nome de Napster. Em maio de 1999, Shawn Fanning fundou seu serviço de distribuição de músicas em meio digital, gratuito e sem qualquer preocupação com leis de direitos autoriais.

Embora a resposta da indústria tenha sido imediata e bastante forte, a inovação prosperou por meio de outros serviços semelhantes. Já em 2001 a venda de CDs declinou pela primeira vez. Também em 2001 foi lançado o IPod e o serviço da loja musical iTunes, da Apple.

O sucesso estrondoso de ambas as iniciativas de Steve Jobs, particularmente bem sucedidas devido ao nascimento dos players de MP3, uma loja virtual associada a ele, sem falar na expansão da internet de alta velocidade e das conexões wi-fi, levaram a mais uma cambalhota do mercado musical. Atualmente a indústria musical em meio digital responde por mais de 50% do mercado.       

E assim, a Tin Pan Alley, nascida na época da comercialização de partituras, hoje tenta sobreviver negociando com Spotify e quetais...


Rubem L. d e F. Auto

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