A primeira eleição direta para Presidente no Brasil
aconteceu em março de 1894. Foi vencida pelo paulista Prudente de Morais, com
88,5% dos votos. Mas sua chegada à capital federal foi das mais desanimadoras:
ninguém o aguardava. O próprio marechal Floriano, detentor do poder até então,
preferiu ficar em casa cuidando das rosas de seu jardim.
O teatrólogo Artur Azevedo, florianista até os ossos, criou
uma quadrilha na qual cobrava postura à altura do novo chefe da nação:
“Vai-se o marechal ingente,
Vai-se o grande alagoano.
E eu, leitor,
Digo somente:
Floriano foi prudente.
Seja o Prudente um Floriano.”
Prudente não viveria dias pacatos no cargo. Seu vice,
golpista desinibido, Manuel Vitorino, não era confiável. Além disso, estourou a
Revolta de Canudos, na Bahia, exigindo atitudes enérgicas de Morais. Então ele
fez a única coisa em que conseguiu pensar: tirou licença médica e foi cuidar da
saúde.
Manuel Vitorino assumiu a Presidência com ares de quem não
mais devolveria a faixa a Prudente. Trocou um monte de Ministros, nomeou um novo
comandante para enfrentar Canudos e mudou a sede do governo. Até então ocupando
o Palácio do Itamaraty, em fevereiro de 1897 houve a transferência da sede do
governo nacional para o Palácio do Catete. Esse evento foi marcado por uma
festa de arromba, comparável à que fechou o período monárquico, o “último baile
do Império”.
Uma semana após o “primeiro baile da República”, Prudente de
Morais deixa a convalescência e reassume o governo, em plena Quarta-Feira de
Cinzas. E suas medidas mais incisivas foram contra a Revolta, que já se
mostrava mais resistente do que se poderia imaginar inicialmente.
O fim do Arraial de Canudos (rebatizado para Belo Monte
ainda antes dos enfrentamentos com as tropas do governo) foi lembrado em livros
e músicas. A canção mais famosa foi composta por Edu Lobo e Cacaso.
Em 1898, assumiu a Presidência Campos Sales. Este,
notabilizou-se pela criação da infame Política dos Governadores, o início do
famoso “toma lá, dá cá” entre governantes locais (que controlavam os votos da
população que governavam) e federais. Essa política foi ironizada por Cadete e
Baiano na música “Cabala Eleitoral”:
“- Desejo, prezado amigo,
Com grande satisfação,
De ter o vosso votinho
Na próxima eleição.
- Não posso, meu coroné,
O voto de graça eu não dou.
É breve lição do meu pai,
Conselho do meu avô.
- Eu prometo, meu amigo,
De lhe dar colocação
Se vancê votar comigo
Ao menos nesta eleição.
- Já tenho calo na sola
Meu ladino coroné,
Hoje você me dá tudo
Amanhã me mete o pé.
- Eu vos quero muito bem,
Meu caro eleitor amigo.
Não seja tão emperrado,
Venha cá votar comigo.
- Vai armar pra quem quiser,
Coroné, sua arapuca.
Eu cá sou macaco velho,
Não meto a mão na cumbuca.”
Campos Sales foi logo apelidado de “Campos Selos”: criara a
Lei do Selo, criando cobrança de tributos sobre a circulação de mercadorias. O
compositor Eduardo das Neves protestou:
“A Lei do Selo, senhores,
É poderosa e viril,
Sacrifica o povo calmo,
São progressos do Brasil.
E viva a calma do povo
Que gemeu, pagou... pagou.
Que venha agora um carinho,
Para quem tal lei decretou.”
Nesse mesmo ano, a maestrina Chiquinha Gonzaga compunha
a primeira marchinha composta para o
carnaval, “Ô Abre Alas”. A composição foi realizada para o cordão Rosa de Ouro,
do bairro do Andaraí, no Rio de Janeiro. A marchinha seria um ritmo de imenso
sucesso entre as décadas de 1920 e 1960.
A campanha que elegeu Rodrigues Alves para o mandato
seguinte teve lançamento majestoso no imponente Cassino Fluminense. Eram anos
da “belle époque”, quando a língua francesa se tornou a língua da elite, era
ensinado nas escolas. Ainda na década de 1930, o samba “De babado”, de Noel
Rosa e João Mina explorava as idiossincrasias do período:
“Brasileiro diz meu bem
E francês diz mon amour,
Você diz: “Vale quem tem
Muito dinheiro pra pagar meu point-ajour.
(Eu ando sem l`argent tourjours!)”
Um dos símbolos da administração Rodrigues Alves foi a
reforma da cidade do Rio de Janeiro, cujo prefeito era o engenheiro Pereira
Passos. Ainda com ares de cidade colonial, o Rio precisava ser modernizado. E
essa modernização se deu por meio dos braços dos operários negros, mestiços e
brancos pobres que para lá acorriam.
O efeito colateral do “bota-abaixo” modernizante foi a remoção
dos mais pobre, empurrados que foram para favelas e periferias, distantes dos
locais com que se identificavam até então. O compositor Paulo Portela foi uma
das vítimas desses tempos, quando teve de deixar o bairro da Saúde, no centro
da cidade, com destino ao bairro de Oswaldo Cruz, na zona norte. Escreveu então
na sua canção “Cidade mulher”:
“Cidade, quem te fala é um sambista,
Anteprojeto de artista,
Teu grande admirador.
Me confesso boquiaberto
De manhã, quando desperto
Com tamanho esplendor.”
Em 1905 foi inaugurada a grande obra daqueles anos: a
Avenida Central. As filhas do presidente de então, Afonso Pena, escolheram
aquela obra viária como passarela para o desfile de corso daquele carnaval.
Fantasiadas e jogando serpentina nas pedestres, seduziram outros motoristas a
fazerem o mesmo. Mas aquela era a diversão dos da elite. O povão curtia outra
festa, que ocorria na praça Onze, localizada na Cidade Nova, não muito distante
dali.
Aquele era o local de residência das famosas “tias baianas”.
Elas eram as manda-chuvas do lugar: davam suporte material e espiritual aos
afrodescendentes que afluíam à cidade, vindos das mais diversas partes. Eram
mães de santo, doceiras, costureiras... Por tudo isso e muito mais, também eram
essas tias que costuravam as alianças com as elites cariocas.
Com esse cenário de fundo, a praça Onze se tornou o berço do
samba e palco das escolas de samba do Rio no início do século XX. O compositor
Zé Kéti eternizou aquele período em “Praça Onze, berço do samba”:
“Queriam ver a Portela,
Mangueira, Estácio de Sá,
E a favela, com suas baianas tradicionais,
Brilhavam mais do que a luz do antigo lampião a gás.”
Um dos símbolos mais propagandeados do samba, o pandeiro foi
eternizado pelo músico João da Baiana, herdeiro de outra tia, a tia
Prisciliana. Músico predileto do poderosíssimo senador Pinheiro Machado,
conta-se que certa feita João foi convidado pelo senador para apresentar-se
numa recepção em seu palácio. A caminho do encontro, João foi abordado por
policiais, que o prenderam por portar um pandeiro, instrumento proibido.
No dia seguinte, informado do ocorrido, o senador mandou
soltar o músico e o presenteou com um pandeiro novinho, onde escreveu: “A minha
admiração, João da Baiana – senador Pinheiro Machado.” Foi o fim dos problemas
do saudoso João da Baiana.
Em 1910, apenas uma semana após a posse do novo Presidente,
Hermes da Fonseca, o Rio de Janeiro se viu sob a mira de quatro encouraçados,
cujo comando havia sido tomado por marinheiro revoltosos, que se rebelaram
contra os maus tratos que sofriam de seus oficiais; isto é, chibatadas como
punição por mau comportamento, como nos anos da escravidão. Era a Revolta da
Chibata.
Liderados por João Cândido, os marinheiro conseguiram fazer
o governo prometer-lhes atender a seus pedidos. No fim, a promessa foi
quebrada, os revoltosos foram expulsos da Marinha, presos e exilados. João
Cândido foi um dos marinheiros punidos com mais virulência: após sobreviver
milagrosamente à prisão, foi internado num hospício, embora sem qualquer
problema mental. Foi solto em 1914 e viveu até a década de 1960, morando numa
favela carioca. Os compositores Aldir Blanc e João Bosco compuseram “O
mestre-sala dos mares”, uma bela homenagem ao injustiçado Navegante Negro:
“Há muito tempo, nas águas da Guanabara,
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu.”
Hermes da Fonseca, antes de ser Presidente, protagonizou triste
episódio, ao proibir que bandas militares tocassem maxixe. Já no cargo máximo
da República, mostrou-se mais afetuoso com nossos ritmos. Em 1911, quando ainda
era casado com dona Orsina, convidou o rancho (espécie de proto-escola de
samba) Ameno Resedá, o mais famoso do país então, a se apresentar no palácio
Guanabara, residência do Presidente da República, para si e sua família. A
música mais famosa do grupo era o enredo Corte de Belzebu.
Após esse episódio, agora casado com a caricaturista Nair de
Teffé, foi a vez de Chiquinha Gonzaga, convidada para tocar ao violão o seu
sucesso “Corta Jaca, no palácio do Catete”, a convite de Nair, para quem foi
composta a canção.
Mas o marechal tinha opositores políticos empedernidos,
dentre eles Rui Barbosa, que fez forte campanha contra a canção, maneira de expressar seu
descontentamento político – afinal, Rui era fã do pianista Ernesto Nazareth,
também bastante popular e notável compositor de tangos, choros e maxixes, como
Chiquinha.
Hermes era notório “pé-frio”. Um dos episódios mais contados
se deu quando pegou dinheiro emprestado com um banco inglês para aplicar num
banco russo. Logo após deu-se a Revolução Russa e todo seu capital aplicado foi
confiscado pelos revolucionários – sim, o grande anticomunista ajudou a
financiar a revolução comunista...
Com tudo isso em mente, o compositor J. Carvalho compôs “Ai,
Philomena”, de 1915:
“Ai, Philomena,
Se eu fosse como tu,
Tirava a urucubaca
Da careca (cabeça) do Dudu.
(...)
Ai, Philomena,
(...)
Dudu tem uma casa,
E com chave de ouro.
Quem lhe deu foi o conde
Com os cobres do Tesouro.
(...)
Ai, Philomena,
(...)
Se o Dudu sai a cavalo,
O cavalo logo empaca,
Só começa a andar
Ao ouvir o “Corta Jaca”.”
Por conta da polêmica com a canção “Corta Jaca”, Hermes
ticara conhecido como Dudu Corta Jaca.
Na eleição seguinte, saiu-se vencedor Venceslau Brás, vice
do “Dudu Corta Jaca”. Recebera uma chuva de votos, mas carregava um problema
consigo: tinha uma ferida na perna que não cicatrizava por nada, mesmo tendo
sido tratado pro diversos médicos.
Como derradeira tentativa, buscou o auxílio dos orixás da
tia Ciata, uma daquelas famosas tias baianas da praça Onze. E funcionou!
Curado, o presidente retribuiu os cuidados nomeando João Batista, esposo de
Ciata, chefe da polícia no Rio.
Tia Ciata é notável também por outro feito: em sua casa, na
Cidade Nova, foi compsoto p lendário samba “Pelo telefone”. Embora o “samba”
fosse bem mais antigo, o samba urbano, moderno, nasceu no Rio e foi
popularizado pelo rádio. E sua certidão de nascimento foi lavrada naquela casa,
na Cidade Nova, por Donga e Mauro de Almeida, em 1916. Foi gravado em 1917 e cantava
mais ou menos assim:
“O chefe da folia
Pelo telefone manda me avisar
Que com alegria
Não se questione para se brincar.”
Naquele mesmo ano, outro compositor, Sinhô, fez um sambinha
para o presidente Venceslau Brás, chamado de “São Brás”:
“Sobem a carne e o feijão,
Desce o brio da nação.
E o povo anda casmurro,
Pagando imposto pra burro.
Sim sinhô, ué
Sim sinhô uá
E o povo anda casmurro,
Pagando imposto pra burro.
Meu milagroso são Brás,
Não aperte tanto o nó,
Pense no mal que nos faz,
Do Zé Povo tenha dó.”
O Brasil se manteve neutro durante a maior parte da I Guerra
Mundial mas, em 1917, Venceslau teve de declarar guerra às nações da Tríplice
Aliança e se juntar à Tríplice Entente, conformada por Inglaterra, França e
Rússia. Este episódio foi trabalhado pelo compositor Caninha, em 1919, em “Kaiser
em fuga”, em comemoração à derrota do Kaiser Guilherme II, imperador alemão:
“Monsieur, cadê ele?
O Kaiser já fugiu.
Já sumiu-se pra bem longe,
Que o inimigo não viu.”
O fim do embate na Europa marcou o início de outra guerra, agora
no front interno: a gripe espanhola. O Rio de Janeiro e diversas outras zonas
portuárias no Brasil foram os alvos da peste. Só no Rio morreram 17 mil pessoas
em dois meses. Os cemitérios ficaram lotados, as ruas estavam vazias, repartições
foram fechadas, óperas foram canceladas e o comércio estava em frangalhos.
Chegou-se a empregar presidiários como coveiros. Os corpos eram transportados
nos bondes. Apesar dessa tristeza toda, um motivo de alegria houve: o maxixe “Gripe
espanhola”, de Caninha, sucesso na festa da Penha:
“A espanhola está aí!
A coisa não está brincadeira.
Quem tiver medo de morrer não venha
Mais à Penha”
1918 viu a segunda eleição de Rodrigues Alves, e sua morte logo
em seguida, vítima que foi a gripe espanhola. Quem assumiu a cadeira foi Delfim
Moreira, porém sem o carisma do finado. Eduardo Souto e K.K. Reco compuseram “Seu
Derfim tem que vortá”, no qual pediam que o mandatário voltasse para sua Minas
Gerais, fazendo troça de sua falta de aptidão para o poder: “O trem apita,
chegou a hora.”
De fato, Delfim governou por breves oito meses. Tinha
hábitos excêntricos, como o de ficar observando as pessoas escondido atrás da
cortina. Rui Barbosa, quando se viu sendo observado pelo presidente, saiu do
palácio gritando as quatro ventos: “Até maluco é presidente da República, menos
eu, menos eu.”
Falando em Rui Barbosa e em eleições por ele perdidas, este
concorreu mais uma vez, sendo agora derrotado por Epitácio Pessoa, diga-se, estando
este ausente do Brasil, por estar representando o Brasil na Conferência de Paz
de Paris. Sinhô, em clara provocação ao baiano, compôs “Fala meu louro”:
“A Bahia não dá mais coco
Pra botar na tapioca,
Pra fazer o bom mingau,
Pra embrulhar o carioca.
Papagaio louro do bico dourado,
Tu falavas tanto,
Qual a razão que vives calado?
Não tenhas medo,
Coco de respeito,
Quem quer se fazer não pode.
Quem é bom já nasce feito.”
Mas, em 1966, Rui recebeu outro tipo de homenagem, agora na
forma de samba-enredo da escola Império Serrano, em “Glória e graças da Bahia”.
Neste, era posto ao lado de grandes personalidades vindas da Bahia, como Maria
Quitéria, Ana Neri e Castro Alves.
O discurso de posse de Epitácio Pessoa, em 1922, foi
transmitido pelo serviço de telefonia, podendo o povo ouvi-lo por meio de
altos-falantes espalhados pelas ruas da cidade. Era o início da era do rádio, com
suas músicas, novelas, programas de humor e, óbvio, muita propaganda política.
Mas o clima das eleições presidenciais logo descambou para a
polarização. O candidato mineiro Artur Bernardes, conhecido pelo apelido de Seu
Mé, enfrentou o candidato campista Nilo Peçanha. Quando estava na avenida Rio
Branco, Seu Mé olhou a multidão ao seu redor e, imediatamente foi surpreendido
por um longo coro de vaias. A multidão então emendou a marchinha “Seu Mé”, de
Freire Júnior e Careca.
“Ai, Seu Mé! Ai, Seu Mé!
Lá no palácio das Águias, olé,
Não hás de pôr o pé.O queijo de Minas está bichado, Seu Zé.”
Pois bem. Contra todos os prognósticos, Seu Mé saiu-se
vitorioso; e o pior: era vingativo. Ainda com o episódio da Rio Branco fresco
na memória, pediu ao chefe de polícia que chamasse os dois compositores da
marchinha às falas. Depois da conversa na delegacia, Freire Júnior foi preso
diversas vezes e Careca teve de morar fora do Rio de Janeiro por vários anos.
O último presidente da República velha, o paulista
Washington Luís, ficou marcado pela sua personalidade ímpar naquelas décadas:
era boêmio, bem humorado, sabia diversas marchinhas de memória e gostava de
futebol – e era presença certa em bailes de carnaval. Eduardo Souto já brincava
com esses detalhes no seu samba “É sim, senhor”:
“Ele é paulista?
É, sim senhor.
Falsificado?
É sim, senhor.
Cabra farrista?
É sim, senhor.”
Washington Luís tinha como lemas de seu mandato “abrir
estradas” e foi quem criou uma nova moeda nacional, o cruzeiro.
Em 1929, Washington Luís viu o Brasil afundar na Grande
Depressão. Com a falência de bancos e indústrias, milhões de pessoas perderam
seus empregos no mundo todo. Com a perda de renda, até comprar roupas novas
passou a ser artigo de luxo. Foi então que o compositor de Vila Isabel Noel
Rosa gravou seu primeiro hit, “Com que roupa?”:
“Agora vou mudar minha conduta,
Eu vou pra luta,
Pois eu quero me aprumar.
Vou tratar você com força bruta
Pra poder me reabilitar,
Pois esta vida não está sopa.
E eu pergunto: com que roupa?
Com que roupa eu vou
Pra samba que você me convidou?”
Na última eleição da República Velha, uma crise se desdobrou
em quebra da ordem democrática. O paulista Júlio Prestes, apoiado por
Washington Luís, enfrentou o candidato gaúcho Getúlio Vargas.
A decisão de apoiar Prestes já havia levado a uma cisão no
núcleo dos acordos políticos daquelas décadas. O Rio Grande do Sul de Vargas,
as Minas Gerais de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e a Paraíba de João Pessoa
realizaram o acordo que ficou conhecido como Aliança Liberal – seu candidato
era Vargas.
Sinhô, vendo tudo de longe, compôs a marchinha “Seu Julinho”:
“Eu ouço falar
Que, para nosso bem,
Jesus já designou
Que seu Julinho é que vem.”
De fato Julinho sagrou-se vencedor no pleito, mas não levou.
O assassinato de João Pessoa, além de governador da Paraíba candidato a vice
derrotado na chapa de Vargas, levou ao enfrentamento armado. Nas palavras do
governador de Minas: “Façamos a revolução antes que o povo a faça.”
O resultado foi a deposição de Washington Luís, como já
cantava a marchinha-embolada de G. Ladeira e Doutor Boato – ambos pseudônimos
de Lamartine Babo – “O barbado foi-se”:
“A Paraíba,
Terra santa, terra boa,
Finalmente está vingada,
Salve o grande João Pessoa,
Doutor Barbado
Foi-se embora,
Deu o fora,
Não volta mais!”
O embate entre as duas forças políticas inspirou Wilson
Batista a fazer uma descrição dos acordos que se desenrolavam por debaixo dos
panos nos morros cariocas na música “Rei Chicão”:
“Ajudou a vencer a revolução.
As autoridades lhe entregaram o morro,
Ele então coroou-se Rei Chicão.”
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “A República cantada: do choro ao funk...”
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