Ele poderia ser chamado de Barack Obama brasileiro, sem medo
de se incorrer em erro. Nilo Procópio Peçanha foi deputado, senador e
governador do Rio de Janeiro, além de ter ocupado a Presidência da República, a
despeito de sua afrodescendência.
Foi Nilo quem criou o Serviço de Proteção ao Índio, cuja
direção foi delegada a Cândido Rondon. Foi também quem fundou a Escola de
Aprendizes Artífices em Campos, que precedeu o Centro Federal de Educação
Tecnológica local. Foi quem assinou a primeira Legislação Nacional de Trânsito.
Nilo também apoiou a política de diversificação de culturas agrícolas no país,
para diminuir nossa dependência externa.
Também conhecido pelo apelido de “Mestiço do Morro do Coco”,
sua descendência africana foi discutida por Gilberto Freyre em Casa Grande e
Senzala.
Nilo nasceu em Campos dos Goytacazes, no estado do Rio, em 2
de outubro de 1867. Era filho de Sebastião de Souza Peçanha, um mulato descendente
de escravos que trabalhava fabricando pães, daí ser mais conhecido pelo
apelido: Sebastião da Padaria. Sua mãe se chamava Joaquina Anália de Sá Freire,
pertencente a uma família abastada da região, mas que fugiu de casa para viver
seu amor ao lado de Sebastião.
Nilo era advogado e jornalista e passou a defender tanto a
abolição da escravidão quanto a implantação da República. Em 1890, foi eleito
deputado da Assembléia Nacional Constituinte pelo Partido Republicano. Após,
foi duas vezes eleito deputado estadual pelo Rio de Janeiro entre 1891 e 1903.
Foi eleito Presidente do Rio de Janeiro (antiga denominação para governador) em
1903, ocasião em que inaugurou o palácio do Ingá, em Niterói.
Análises posteriores sobre seu período à frente do governo
estadual classificaram-na como impecável.
Em 1906 foi eleito Vice-Presidente da República, na chapa de
Afonso Pena. Em 1909, com o falecimento do Presidente, Nilo assumiu o mandato.
Interessante notar que no período em que esteve como chefe do Executivo, outro
afrodescendente ocupavam posição de destaque na Administração Pública: Joaquim
Pedro Lessa era Ministro do STF desde 1907.
Nilo foi também Ministro das Relações Exteriores do Brasil.
Faleceu em 31 de março de 1924.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “Ilustrres Afrodescendentes na História do
Brasil”
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