O período entre 1715 e 1725 ficou conhecido como a Era de
Ouro da Pirataria. Cerca de 20 comodoros bem conhecidos entre si, acompanhados
de alguns milhares de tripulantes foram capazes de empreender essa façanha:
durante esses 10 anos, nenhuma potência europeia, Inglaterra, França ou Espanha
foi capaz de aportar em suas colônias. O Caribe ficou absolutamente isolado da
Europa e qualquer navio que se aproximasse seria logo alvo de piratas.
Os piratas eram, em geral, ingleses ou irlandeses, embora
fossem também numerosos os escoceses, franceses, africanos. Poderiam encontrar-se
também holandeses, dinamarqueses, suecos e índios americanos. Embora proviessem
de nacionalidades e culturas diversas, a pirataria criou uma espécie de
amálgama, uma cultura comum. Ainda que um navio pirata estivesse tripulado
apenas por ingleses, este partiria imediatamente em socorro de outro navio
pirata, ainda que este outro se encontrasse tripulado apenas por franceses.
O regime de governo vigente nos navio piratas era a
democracia: os capitães eram nomeados e depostos por voto; os ganhos de suas
ações eram repartidos igualitariamente entre todos; as decisões mais
importantes eram tomadas por conselho aberto; marinheiros acidentados e
incapacitados para o trabalho recebiam auxílio pecuniário. Tudo isso criava um
mundo idílico para marinheiros que vivenciavam o ambiente de tirania, humilhação
e enforcamento vigente nas marinhas daquela época.
Os piratas são antigos na história do mundo. Estavam na
Grécia, em Roma, na Europa Medieval, na China dos Qing – mesmo hoje são
inúmeros os piratas que atacam navios e, por vezes, matam sua tripulação.
Deve-se deixar claro, contudo, que corsários e piratas são
categorias diversas. Os corsários agem em tempos de guerra e com autorização –
ou sob ordens – do Estado. Foi o caso de sir Francis Drake, ou de sir Henry
Morgan. Ambos foram condecorados; Morgan foi nomeado vice-governador da
Jamaica. William Kidd traçou uma história mais incomum: corsário, nascido rico,
tornou-se pirata após desentendimentos com os diretores da Companhia das Índias
Orientais, a maior empresa inglesa do período.
Os piratas do século XVIII eram bandidos conhecidos, criminosos
procurados por todas as nações. Envolviam-se frequentemente em revoltas sociais
e políticas. Anteriormente, eram marinheiros, servos, escravos fugidos...
A rotina sádica e brutal, sempre injusta, vigente nos navios
mercantes levava à debandada total dos marinheiros sempre que um navio pirata
os atacava.
Escravos fugindo da sua condição subumana buscavam a
república bucaneira logo que souberam de navios piratas atacando navios
negreiros e chamando a tripulação para se juntar a eles com plena igualdade.
Alguns mulatos chegaram a capitães, inclusive. E assim foi se formando um
bastião de liberdade no seio de uma zona marcada pelo trabalho escravo.
No auge dos ataques, Grã-Bretanha, França e Espanha ficaram
isoladas de suas colônias americanas, as rotas comerciais restaram
interrompidas, rotas de fornecimento de escravos não mais operavam, informações
sobre a administração local não eram mais expedidas. Mesmo embarcações
fortemente armadas demonstravam pavor de cruzar com embarcações piratas.
A força de coerção era tamanha que agora eles não ameaçavam
não apenas navios, mas colônias inteiras. Piratas ocuparam a ilha britânica de
Sotavento, ameaçaram as Bermudas, bloquearam o acesso à Carolina do Sul – em diversas
ocasiões. Fortunas imensas foram acumuladas por piratas.
Mas, um homem chamado Woodes Rogers, poria um fim a esse
interessante episódio da história. Ex-pirata, lagou o botim para servir como corsário
na guerra travada pela Inglaterra contra França e Espanha. Rogers chegou a liderar
um cerco contra uma cidade espanhola, havia saído muito ferido numa batalha
contra um galeão espanhol no Pacífico e, não menos significativo, foi um dos
primeiros navegadores a circunscreverem o globo.
Foi quando chegou ao fim a era dos bucaneiros da República
dos Piratas na América Central.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “A República dos Piratas – A verdadeira
história dos Piratas do Caribe”
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