Pesquisar as postagens

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

10-43 SEGUNDOS... O COMEÇO DE TUDO!


10-43 SEGUNDOS... O COMEÇO DE TUDO!

Há cerca de 14 bilhões de anos, aquilo que chamamos de tudo, ou de universo, ou de toda a matéria existente cabia numa cabeça de alfinete. Tudo, todas as forças básicas da natureza estavam concentradas num ponto cuja temperatura alcançava inimagináveis 1030 graus Celsius. Este estado de coisas persistiu até o instante 10-43 segundos (1 dividido por 1, seguido de 43 zeros). Este instante foi o momento a partir do qual todas as leis da matéria passaram a fazer sentido.
Nesse momento, buracos negros surgiam espontaneamente, desapareciam e voltavam a surgir a partir da energia, mantida no interior de um campo de força unificado (reunia todas as forças da natureza em si). Toda essa energia contida formava uma estrutura esponjosa e espumante que, ao borbulhar, tornou a estrutura do espaço-tempo curvada. Ainda não era possível distinguirem-se os fenômenos da teoria da relatividade geral (válida para grandes corpos) e da mecânica quântica (que estuda as estruturas subatômicas).
Ao se expandir ainda mais, o Universo esfriou, o que fez a força da gravidade se destacar das demais. Um pouco mais tarde, as forças nuclear forte e a eletrofraca (ambas mantém os núcleos dos átomos coesos) se separaram. Tal fenômeno liberou uma enorme quantidade de energia. A expansão resultante foi uma rápido aumento de dez vezes na qüinquagésima potência no tamanho do universo. Essa inflação do universo foi de tal monta que esse período do nosso Universo foi batizado de “época da inflação”. Essa expansão estendeu e suavizou a matéria e a energia. A partir de então, as diferenças de densidade entre pontos distintos do Universo foi reduzida para menos de 1 por cem mil.
Todo o cenário até aqui descrito é declaradamente especulativo. A partir de agora, todos os fenômenos descritos foram confirmados em laboratórios.
O universo ainda era quente, muito quente. Ao ponto de fótons converterem sua energia em pares de matéria-antimatéria. Esse pares, pouco após, colidiam e voltavam a se tornarem fótons. Interessante notar que a separação das forças, no período anterior, não manteve a simetria entre matérias e antimatérias, o que levou a um excesso de matérias em relação às antimatérias: 1 a mais a cada 1 bilhão de pares.
Foi justamente esse desequilíbrio que permitiu a criação do Universo como ele é. Caso contrário, o Universo seria composto apenas de luz e nada mais.
Conforme o Universo esfriava, a força eletrofraca se dividiu em força eletromagnética e em força nuclear fraca. A queda da energia dos fótons levou à cessação da criação de pares de partículas matéria-antimatéria a partir dos fótons que já existiam.
Durante um período crucial de apenas 3 minutos, a matéria se transformou em prótons e nêutrons. Muitas desses prótons e nêutrons se combinaram e formaram núcleos atômicos simples. Elétrons, que perambulavam livremente, dispersaram os fótons, o que reduziu a luz, dando origem a uma espécie de sopa opaca composta por matéria e energia.
Mais algum tempo, e o Universo esfriou até uns milhares de graus Celsius – ainda um pouco mais quente do que um alto-formo -, o que permitiu que os elétrons se movessem mais lentamente, permitindo-se assim que eles fossem capturados por núcleos atômicos que deles se aproximassem. Assim nasceram os primeiros átomos de hidrogênio, hélio e lítio.
O Universo era agora transparente à luz visível. Esses primeiros fótons, capazes de atravessar o Universo livremente, formam a radiação cósmica de fundo, observável em micro-ondas.
Os primeiros bilhões de anos do Universo foram marcados por expansão e esfriamento. A matéria gravitava e se concentrava, dando origem às galáxias. Bilhões de galáxias, compostas por bilhões de estrelas, cada qual passando por fusão nuclear extrema em seu núcleo. As fusões nucleares ocorridas em estrelas com massa superior a 10 vezes a massa do Sol forma capazes de originar dezenas de elementos essenciais à vida. As explosões das estrelas em supernovas espalharam esses elementos por todo a galáxia, enriquecendo-as quimicamente.
Cerca de 7 a 8 bilhões de anos após as primeiras supernovas, surgiu uma estrela medíocre, o nosso Sol, numa região medíocre (o braço de Órion), de galáxia medíocre (a nossa Via Láctea), numa região medíocre do Universo (a periferia do superconglomerado de Virgem).
A nuvem de gás a partir da qual surgiu o nosso Sol era pesada, a ponto de reunir matéria suficiente para gerar planetas, asteróides e cometas, aos montes. Essa matéria, contida na imensa nuvem de gás, foi se aglomerando e se condensando enquanto circundava o Sol.
Ao longo dE centenas de milhões de anos posteriores, cometas de alta velocidade e outros corpos se chocaram contra os planetas, impedindo assim que surgissem moléculas complexas vida em suas superfícies, originando a vida. Com a redução dos corpos cósmicos, os planetas se esfriaram.
Um deles, que chamamos de Terra, nasceu numa órbita capaz de sustentar oceanos em sua forma líquida. Um pequeno deslocamento adiante ou atrás, originaria vapor de água ou montanhas de gelo. Evidentemente, desprovida de vida.
Os oceanos líquidos e quimicamente ricos, em função de um fenômeno ainda desconhecido, surgiram bactérias anaeróbicas simples, capazes de converterem a imensa quantidade de dióxido de carbono na atmosfera em oxigênio. Este oxigênio sustentou a vida aeróbica que se formou, evoluiu e dominou os oceanos e, posteriormente, os continentes.
Os pares de átomos de oxigênio que formaram o dióxido de carbono, eventualmente, apresentavam-se em trio: o ozônio que, capturado na atmosfera superior, protege a Terra dos fótons ultravioletas emitidos pelo Sol e que são prejudiciais às nossas moléculas.
Toda a diversidade que conhecemos é produto da incrível plasticidade dos átomos de carbono, capazes de se combinarem com uma imensidade de outros, em moléculas simples e complexas.
Quanto aos choques da Terra com objetos cósmicos, embora com freqüência reduzida, ainda ocorre. Há apenas 65 milhões de anos (menos de 2% do que se passou até aqui, desde o Big Bang), um asteróide de 10 trilhões de toneladas atingiu a Península de Yucatán, no México. Mais de 70% da flora e da fauna terráqueas foram eliminadas: todos os dinossauros, entre eles.
Desde então, os mamíferos passaram a contar com um nicho ecológico possível. Um ramo desses mamíferos, os primatas, deu origem a uma espécie, os Homo Sapiens, que evoluiu a um nível de inteligência que o capacitou a criar aquilo que chamamos de ciência.. e a querer saber como chegamos até aqui.


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “Origens: catorze bilhões de anos de evolução”    

Nenhum comentário:

Postar um comentário