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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

QUANDO ACENDER AS VELAS PARA UM MORTO VIRA ATO COTIDIANO – ZÉ KETI


Acender as Velas
Zé Keti
 
Acender as velas
Já é profissão
Quando não tem samba
Tem desilusão
É mais um coração
Que deixa de bater
Um anjo vai pro céu
Deus me perdoe
Mas vou dizer
O doutor chegou tarde demais
Porque no morro
Não tem automóvel pra subir
Não tem telefone pra chamar
E não tem beleza pra se ver
E a gente morre sem querer morrer



RUBEM L. DE F. AUTO

NÃO CONFIO NELES, NÃO DEFENDO O PAÍS DELES - PUBLIC ENEMY

Can't Truss It - Public Enemy

Bass in your face
Not an eight track
Gettin' it good to the wood
So the people
Give you some a dat
Reactin' to the fax
That I kick and it stick
And it stay around
Pointin' to the joint, put the Buddha down
Goin', goin', gettin' to the roots
Ain't givin' it up
So turn me loose
But then again I got a story
That's harder than the hardcore
Cost of the holocaust
I'm talin' 'bout the one still goin' on
I know
Where I'm from, not dum diddie dum
From the base motherland
The place of the drum
Invaded by the wack diddie wack
Fooled the black, left us faded
King and chief probably had a big beef
Because of dat now I grit my teeth
So here's a song to the strong
'Bout a shake of a snake
And the smile went along wit dat
Can't truss it
Kickin' wicked rhymes
Like a fortune teller
'Cause the wickedness done by Jack
Where everybody at
Divided and sold
For liquor and the gold
Smacked in the back
For the other man to mack
Now the story that I'm kickin' is gory
Little Rock where they be
Dockin' this boat
No hope I'm shackled
Plus gang tackled
By the other hand swingin' the rope
Wearin' red, white and blue Jack and his crew
The guy's authorized beat down for the brown
Man to the man, each one so it teach one
Born to terrorize sisters and every brother
One love who said it
I know Whodini sang it
But the hater taught hate
That's why we gang bang it
Beware of the hand
When it's comin' from the left
I ain't trippin' just watch ya step
Can't truss it
An I judge everyone, one by the one
Look here come the judge
Watch it here he come now
I can only guess what's happ'nin'
Years ago he woulda been
The ships captain
Gettin' me bruised on a cruise
What I got to lose, lost all contact
Got me layin' on my back
Rollin' in my own leftover
When I roll over, I roll over in somebody else's
90 F--kin' days on a slave ship
Count 'em fallin' off 2, 3, 4 hun'ed at a time
Blood in the wood and it's mine
I'm chokin' on spit feelin' pain
Like my brain bein' chained
Still gotta give it what I got
But it's hot in the day, cold in the night
But I thrive to survive, I pray to god to stay alive
Attitude boils up inside
And that ain't it (think I'll every quit)
Still I pray to get my hands 'round
The neck of the man wit' the whip
3 months pass, they brand a label on my ass
To signify
Owned
I'm on the microphone
Sayin' 1555
How I'm livin'
We been livin' here
Livin' ain't the word
I been givin'
Haven't got
Classify us in the have-nots
Fightin' haves
'Cause it's all about money
When it comes to Armageddon
Mean I'm getting mine
Here I am turn it over Sam
427 to the year
Do you understand
That's why it's hard
For the black to love the land
Once again
Bass in your face
Not an eight track
Gettin' it good to the wood
So the people
Give you some a dat
Reactin' to the fax
That I kick and it stick
And it stay around
Pointin' to the joint, put the Buddha down
Goin', goin', gettin' to the roots
Ain't givin' it up
So turn me loose
But then again I got a story
That's harder than the hardcore
Cost of the holocaust
I'm talin' 'bout the one still goin' on
I know
Where I'm from, not dum diddie dum
From the base motherland
The place of the drum
Invaded by the wack diddie wack
Fooled the black, left us faded
King and chief probably had a big beef
Because of dat now I grit my teeth
So here's a song to the strong
'Bout a shake of a snake
And the smile went along wit dat
Can't truss it

O baixo no seu rosto
Não é um de oito cordas
Soa bem na madeira

Então as pessoas
Te dão um pouco disso
Reagindo ao fax
Que eu chuto em sua direção
E permanece
Olhando para o baseado, desçam o Buda
Vai, vai, vai até a raiz
Não vou desistir
Então me deixe só

Mas, novamente, tenho uma história
Isso é mais difícil do que o alto custo
Do Holocausto
Falo sobre aqueles que ainda continuam
Eu sei
De onde sou, não sou burro
Da primeira pátria
Terra do tambor
Invadida por psicopatas
Foderam os pretos, nos deixaram na pior
Reis e patrões provavelmente comiam belos bifes
Por causa disso, agora, eu ranjo meus dentes
Então aí vai uma música para os fortes
Sobre o balançar de um cobra
E o sorriso junto a ela
Não posso confiar nisso

Gritando versos pervertidos
Como um contador de histórias
Por causa da perversidade de Jack
Onde todos
Lá divididos e vendidos
Por bebidas e ouro
Beijado nas costas
Por outro cara a lhe currar
Agora, a história que apresento é sangrenta
Little Rock, onde eles estão
Velejando seus barcos
Sem chances de me algemar
Nem me levar para uma gangue

Com a outra mão, sacode o chicote
Vestindo vermelho, branco e azul, Jack e seus subordinados
Os caras autorizaram mulatos a chicotearem
Homem a homem, cada um ensina o outro
Nascidos para aterrorizar irmãs e irmãos
Alguém adora quem diz isso
Eu sei, Whodini cantou isso
Mas quem odeia ensina ódio
Por isso nos revoltamos contra tudo isso
Cuidado com a mão   
Quando vem da esquerda
Impossível pará-la, apenas cuidado onde pisa
Não posso confiar nisso

E julgou todos, um a um
Olhe, lá vem o juiz
Olhe-o aqui, aqui está
Posso apenas tentar adivinhar o que está acontecendo
Anos atrás ele seria  
O capitão do navio
Me torturando naquela viagem
O que tinha, perdi, perdi todo o passado
Me peguei deitado de costas
Rolando sobre o que restou de mim
Quando rolo no chão, rolo sobre alguém
90 dias de merda num navio negreiro
A contagem seguindo, 2, 3, 400 de uma vez
Sangue na madeira, e é meu
Estou sufocado e sentindo dores
Como meu cérebro sendo acorrentado
Ainda tenho que dar um pouco do que recebi
Mas é quente de dia e frio à noite
Mas eu insisto em sobreviver, eu rezo a Deus para permanecer vivo
A atitude ferve por dentro
Não é assim (nem pense que vou parar)
Ainda rezo para pôr minhas mãos no
Pescoço do cara que segura o chicote

3 meses atrás, puseram um rótulo na minha bunda
Que significa
Propriedade

Estou ao microfone
Dizendo 1555
Como estou vivendo
Estamos vivendo aqui
Vivendo não é bem a palavra
Estou dando
O que não recebi
Nos classificam como os que não têm
Lutando contra os que têm
Por que é tudo sobre dinheiro
Quando chegar o Armageddon
Significa que eu estou sendo apenas meu
Aqui estou, desligue isso Sam
427 no ano

Você entende?
É por isso que é difícil
Aos negros, amar esta terra

Mais uma vez
Baixo na sua cara
Não é um de oito cordas
Soa bem com a madeira
Então as pessoas
Te dão um pouco disso
Reagindo ao fax
Que eu chuto para você
E permanece
Olhando para o baseado, desça o Buda
Vai, vai, vai até a raiz
Não vou desistir
Então me deixe só
Mas, novamente, tenho uma história
Isso é mais difícil do que o alto custo
Do Holocausto
Falo sobre aqueles que ainda continuam
Eu sei
De onde sou, não sou burro
Da primeira pátria
Terra do tambor
Invadido por psicopatas
Foderam os pretos, nos deixaram na pior
Reis e patrões provavelmente comiam grandes bifes
Por causa disso agora eu ranjo meus dentes
Então vai uma música para os fortes
Sobre o balançar de um cobra
E o sorriso se juntou a ela
Não posso confiar nisso




Rubem L. de F. Auto

terça-feira, 28 de novembro de 2017

NOTE A TRANSFORMAÇÃO – MV BILL E PUBLIC ENEMY


Transformação (Mv Bill e Chuck D)

Sou da terra de ninguém
Onde quem tem manda em quem não tem
Meu país é rico, só divide mal sua riqueza
Muitos com pouco, poucos com muito,
E tratam com frieza quem é de origem favelada,
Vida abalada, dura caminhada
Nosso país com dimensões continentais
Quem não tem quer ter,
Quem tem, quer ter mais
Deixa tudo desigual,
Gente analfabeta no cenário atual
Não pode ser normal ver
Muita adolescente sendo mãe fora de hora
Marca sua vida com o pai que vai embora
É comum do lado de cá
A escola abandonada
Por quem tem que trabalhar
Desiguala, a minoria rica não se abala,
Vive trancada, escondida num condomínio
Assistindo da aera VIP um extermínio
De um povo que luta
Sem as armas adequadas,
Várias vidas foram dizimadas,
Histórias apagadas,
Relações de conflitos foram geradas,
Quem é preto como eu
Fica indignado quando vê o boy
Tomando o espaço que é seu
Quem não se indigna
Não vai fugir da cerca,
E vai seguir permitindo
A mão que assassina.

[REFRÃO]
Transformação quando visto meu manto
Hora do combate,
Então enxugue o seu pranto
Vivo o que canto,
Meu orgulho talvez cause espanto,
Balanço e levanto,
Por isso eu to de pé.
Reto e direto pra quebrar o encanto
Em cada canto,
Depende da sua fé,
É nós que ta, pra mudar por enquanto
Só no adianto.

O tempo não para,
Tem gente que apanha
E não toma vergonha na cara
Ficaram parados no tempo
Envaidecidos dividiram o movimento
Veja só o rap,
Virou o partido da cara feia
Estão mais preocupados
Em cuidar da vida alheia,
Com grandes bonés,
Pequenas idéias,
Falso reinado, coroa de rei,
Castelo de areia,
O discurso envelheceu
Até a favela no meio da miséria cresceu
Tem vídeo game de última geração,
Tênis bom,
Na velocidade que ta no momento
Não da pra manipular
Com esse tipo de pensamento
Que vem de dentro
Da favela ao centro
Existe um lamento
Embutido no sentimento
Que não deixa calar
A Voz que ta no ar
A chama combativa não pode se apagar
Há muita coisa a ser mudada
Não quero fazer parte do bonde
Dos que só falam e não fazem nada,
Sem se mover, cada um no seu lugar,
Perderam a capacidade de se indignar
Só tem força quando é nós contra nós
Na frente do opressor baixa cabeça
E perde a voz,
O mesmo opressor é
Aquele que faz as leis,
Desfavorece nós pra não chegar a nossa vez
Sem timidez, não me canso
Enquanto não tiver avanço,
Com poucos aliados
Pois nosso povo é manso,
Só vira bicho quando o assunto é futebol
Nudez no carnaval, latinha de Skol,
É tipo cirurgia sem anestesia,
Bebendo do veneno entorpecente
Todo dia, seguindo a cartilha
Que aprisiona a mente,

Parece que essa gente está doente.


Rubem L. de F. Auto

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

LÚCIFER TAMBÉM AMA – BY BLACK SABBATH


N.I.B. – BLACK SABBATH

Oh yeah
Some people say my love cannot be true
Please believe me, my love, and I'll show you
I will give you those things you thought unreal
The sun, the moon, the stars all bear my Seal

Algumas pessoas dizem que meu amor não pode ser de verdade
Por favor, acredite em mim, meu amor, e te mostrarei
Darei aquelas coisas que você pensou que não fossem reais
O sol, a lua, as estrelas todas carregam meu sinal

Oh yeah
Follow me now and you will not regret
Leaving the life you led before we met
You are the first to have this love of mine
Forever with me 'till the end of time

Siga-me agora e você não se arrependerá
Deixando a vida que você levou antes que nos conhecêssemos
Você é a primeira a ter meu amor
Para sempre comigo, até o fim dos tempos

Your love for me has just got to be real
Before you know the way I'm going to feel
I'm going to feel
I'm going to feel

Seu amor por mim se tornou real
Antes que você saiba como eu sentirei
Como sentirei
Como sentirei

Oh yeah
Now I have you with me, under my power
Our love grows stronger now with every hour
Look into my eyes, you'll see who I am
My name is Lucifer, please take my hand

Agora eu tenho você comigo, sob meu poder
Nosso amor se fortalece agora, a cada hora
Olhe em meus olhos, você verá quem eu sou
Meu nome é Lúcifer, por favor pegue minha mão

Oh yeah
Follow me now and you will not regret
Leaving the life you led before we met
You are the first to have this love of mine
Forever with me 'till the end of time

Siga-me agora e você não se arrependerá
Deixando a vida que você levou antes que nos conhecêssemos
Você é a primeira a ter meu amor
Para sempre comigo, até o fim dos tempos

Your love for me has just got to be real
Before you know the way I'm going to feel
I'm going to feel
I'm going to feel

Seu amor por mim se tornou real
Antes que você saiba como eu sentirei
Como sentirei
Como sentirei

Oh yeah 
Now I have you with me, under my power
Our love grows stronger now with every hour
Look into my eyes, you'll see who I am
My name is Lucifer, please take my hand

Agora eu tenho você comigo, sob meu poder
Nosso amor se fortalece agora, a cada hora
Olhe em meus olhos, você verá quem eu sou
Meu nome é Lúcifer, por favor pegue minha mão


Rubem L. de F. Auto


sexta-feira, 24 de novembro de 2017

FAÇA COMO O UNIVERSO, FIQUE FRIO


Enquanto nosso Universo se expande, a energia carregada pelos fótons decresce. Cerca de 380 mil anos após o Big Bang, sua temperatura ficou abaixo dos 3 mil graus, permitindo que prótons e o núcleos de hélio podiam capturar elétrons, introduzindo átomos do Universo. Com isso, os fótons passaram a contar com espaço suficiente para viajar sem se chocar com nada. O Universo finalmente ficou transparente, e assim surgiu o fundo cósmico de luz visível.

Este fundo ainda persiste, trata-se do resto da luz remanescente de um universo em desenvolvimento.
Os fótons, todos, viajam à mesma velocidade no vácuo: 300 mil km/s, a velocidade da luz. Aqueles que têm comprimentos de onda mais curtos, possuem maior freqüência, o que significa que possuem mais energia. Os fótons produzidos na parte do espectro dos raios gama e X se transformaram em fótons ultravioleta, luz visível e infravermelho. Conforme o comprimento de onda se alongava, eles ficavam mais frios e com menos energia.

Atualmente, 13,7 bilhões de anos depois, os fótons de fundo cósmico se deslocaram pelo espectro em direção às micro-ondas – daí a denominação comumente usada pelos astrônomos, “fundo cósmico de micro-ondas”. Mas a denominação que tem se firmado é “radiação cósmica de fundo”, ou CBR (cosmic background radiation). Futuramente, provavelmente será algo como “fundo cósmico de ondas de rádio”, em razão da redução ainda maior de suas freqüências.

Quando partes diferentes do universo se separam, os comprimentos de onda dos fótons na CBR devem aumentar: o cosmos estica essas ondas dentro do tecido elastano do espaço e tempo. Todos os fótons que circulam livremente perderão metade de sua energia original cada vez que o cosmos dobrar de tamanho.

O pico de produção de radiação de fundo cósmico ocorre num comprimento de onda de cerca de 1 milímetro, dentro da região de micro-ondas do espectro. A estática que se ouve num aparelho eletrônico provem de interferências de micro-ondas do ambiente, mas apenas uma pequena parte é CBR. As demais ondas são irradiadas pelo sol, por telefones celulares, por radares da polícia etc.    

O físico George Gamow e seus colegas previra a CBR na década de 1940. Dois físicos americanos, Ralph Alpher e Robert Herman, colaboradores de Gamow, estimaram pela primeira vez a temperatura do fundo cósmico.

O raciocínio desenvolvido surpreende por ser simples: o tecido do espaço-tempo era menor no passado, portanto mais quente. Estudando em retrospectiva, o Universo era tão quente que todos os núcleos atômicos ficaram desprovidos de elétrons, por estarem eles o tempo todo entrando em colisão com os fótons. Os cientistas perceberam que seria impossível aos fótons viajar livremente – para tal seria necessário ocorrer um prévio resfriamento do cosmos. Tendo esfriado, agora os elétrons poderiam ocupar uma órbita em torno dos núcleos atômicos – os átomos completos.

Em 1964, a CBR foi descoberta por Arno Penzias e Robert Wilson, da Bell Labs – futuramente agraciados com o Prêmio Nobel. Na década de 1960, o conhecimento das micro-ondas já era vulgar, mas não existiam antenas capazes de detectá-las. A Bell tinha uma dessas antenas, enorme e em forma de chifre, capaz de detectar micro-ondas provenientes de qualquer aparelho na Terra ou do espaço.

Penzias e Wilson tentavam criar um novo canal de comunicação para a Bell, para tanto procuravam mecanismos para filtrar os sinais, de forma a evitar qualquer interferência externa. Primeiro procuraram mapear a quantidade de interferência vinda do Sol, depois do centro da galáxia, de fontes terrestres etc. Essa medição-padrão buscava detectar sinais de micro-ondas.  

Mediram e corrigiram os dados de todas as fontes conhecidas de interferências. Mas sempre restava um ruído de fundo que nunca desaparecia. O ruído parecia vir de toda parte e não mudava com o tempo. Ao observar a antena gigantesca que usavam, viram alguns ninhos feitos por pombas dentro da antena. Limparam tudo, mas o sinal melhorou apenas um pouco. O artigo que publicaram em 1965 se referia mais ao inexplicável aumento de temperatura da antena do que ao sinal detectado sem explicação da fonte.
Outra equipe de pesquisadores, da Universidade de Princeton, simultaneamente construía um detector especificamente projetado para detectar a CBR, prevista por Gamow, Alpher e Herman. Mas, ao ler o artigo dos engenheiros do Bell Labs, os pesquisadores de Princeton puderam compreender do que se trata a tal “temperatura excessiva na antena”. Tudo fazia sentido agora: a temperatura, o fato de o sinal vir de todas as direções e com a mesma energia, o fato de não estarem sincronizados com a rotação e a translação da Terra...

E essas observações foram testadas? O composto chamado cianogênio – carbono + nitrogênio -, componente químico mortal usado em câmaras de gás, fica excitado quando em contato com as micro-ondas. São, portanto, termômetros cósmicos. Quanto mais quente a galáxia em relação à nossa, mais excitado fica o cianogênio que lá existe. Quanto mais jovem a galáxia, mais quente fica o cianogênio. E as medições feitas correspondem aos cálculos previstos.

Portanto sondar a radiação cósmica de fundo nos explica como surgiram as galáxias e os superaglomerados de galáxias. É possível até mesmo inferir a força da gravidade do Universo primitivo, apenas comparando as temperaturas e os tamanhos das áreas mais quentes e mais frias do Universo.

Assim, deduz-se quanta matéria comum, matéria escura e energia escura existe no Universo. Por curiosidade, os números são 4, 23 e 73 respectivamente. A matéria escura é uma substância de natureza desconhecida que produz gravidade, mas não interage com a luz. A energia escura induz a aceleração da expansão cósmica do Universo.

O mapa completo da CBR foi feito inicialmente para pequenos trechos do Universo por meio de balões telescópicos no pólo sul. Mais tarde, o mapa foi expandido para todo o céu, por meio de um satélite chamado Sonda de Anisotropia de Micro-Ondas Wilkinson – WMAP.    

Sim, estudar o Universo é uma ciência experimental.   
  

Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “Origens: catorze bilhões de anos de evolução”    


MATÉRIA, ANTIMATÉRIA E ENERGIA – INGREDIENTES PARA FAZER UM UNIVERSO


Partículas de nomes exóticos, como squarks, fostinos, gravityinos, glúons, bósons, múons, formam aquilo que é chamado coletivamente de antimatérias.

Elas podem nascer juntas, a partir de pura energia, e assim podem também desaparecer, ao juntarem suas massas e a converterem em energia (lembre-se, E = m.c2).

A descoberta das antimatérias começou em 1932, quando o físico norte-americano Carl David Anderson descobriu o antielétron, também chamado de pósitron. Desde então a criação de antimatérias tem sido um experimento freqüente nos laboratórios de todo o mundo.

Já a criação de átomos inteiros de antimatéria é algo recente, que remonta a 1996, quando Walter Orlert liderou seu grupo na criação de um átomo de anti-hidrogênio (antielétron + antipróton). O fato se deu no CERN, na Suíça.

De fato, a existência teórica dessa partícula foi predita pelo físico britânico Paul Dirac poucos anos antes.
O método é conhecido: criam-se entielétron e antiprótons, unem-nos e esperam que se combinem em novos átomos, à temperatura e densidade adequadas. O grande obstáculo a tais experimentos é que a antimatéria tem a característica inerente de se extinguir quando em contato com a matéria. Num mundo dominado por matérias, a vida da antimatéria é bastante exígua – os átomos de anti-hidrogênio sobreviveram por meros 40 nanossegundos.

As partículas subatômicas têm massa e carga elétrica mensuráveis. Com exceção da massa, as demais características das antimatérias são opostas à da matéria a que se relaciona. Um caso interessante é o dos nêutrons: como estas partículas não têm carga, poderia-se imaginar que também não tem antipartícula. Ledo engano, eles as têm: os antinêutrons, de carga zero e oposta à dos nêutrons. Mindblowing? Não. Os nêutrons são formados por três quarks de cargas: -1/3, -1/3 e +2/3. Os antinêutrons têm carga 1/3, 1/3 e -2/3. São ambos zerados energeticamente, mas de cargas opostas.

Se possuírem energia alta suficiente, os fótons dos raios gama podem se transformar em pares elétron-pósitron. Toda a enorme quantidade de energia intrínseca seria transformada em pequena massa, respeitando a equação E = m.c2.

Se matéria e antimatéria, ao colidirem, se aniquila, deveríamos nos preocupar com uma possível colisão entre galáxia e antigaláxia? Ou estrela x antiestrela? Até o momento parece que nosso Universo é dominado por matérias, não por antimatérias, o que reduz muito qualquer evidência nesse sentido.

Enfim, existe muita verdade por ser descoberta lá fora...  


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “Origens: catorze bilhões de anos de evolução”    


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

PEGUEM SEUS QUARKS, HÁDRON E BÓSONS E FAÇAM BOM PROVEITO!


Desenvolver uma explicação lógica que trace o desenvolvimento do espaço, tempo, matéria e energia, desde o Big Bang, há cerca de 13,7 bilhões de anos é um dos maiores “tour de force” intelectuais já empreendidos pelos humanos.

Tal empreitada deve unir em uma só explicação as quatro forças fundamentais da natureza: gravidade, eletromagnetismo e forças nucleares forte e fraca. Estas devem ser capazes de interagirem, combinarem-se e mesmo se unirem numa única força: a metaforça. A explicação da origem de tudo também deve ser capaz de unir dois ramos da física atualmente incompatíveis: mecânica quântica e relatividade geral.  

O grande obstáculo dos pretendentes ao trono de “explicador da humanidade” é um período, a princípio infinitesimalmente pequeno, conhecido como “era de Planck”: os primeiros 10-43 segundos de existência do Universo (o primeiro décimo de milionésimo de trilionésimo de trilionésimo de segundo), após o Big Bang.

O limite de velocidade a que a informação pode viajar é a barreira da velocidade da luz: 3 X 108 metros por segundo. Por conseqüência, um observador localizado em qualquer ponto do Universo, naquele período, veria somente 3 X 10-35 metros à sua frente (10-43 s X 3 X108 m/s), ou seja, trezentos bilionésimos de trilionésimos de trilionésimo de metro). O monumental físico alemão Max Planck, considerado o pai da mecânica quântica, foi o responsável pela introdução desses conceitos impressionantemente diminutos, além de ter criado o conceito de energia quantizada em 1900.

O fim da era de Planck foi marcado pelo descolamento da força da gravidade das demais. O instante 10-35 segundo viu o descolamento das forças eletrofraca e nuclear forte. Mais tarde, foi a vez da força eletrofraca se dividir em forças eletromagnéticas e nuclear fraca. Agora, a força fraca controla a desintegração radioativa, a força forte une as partículas localizadas no núcleo atômico e a força eletromagnética mantém os átomos unidos em moléculas. A gravidade une matérias com massa relevante.

Em apenas um trilionésimo de segundo, o cosmos reunia todas as propriedades fundamentais, tendo cada um dos ramos da física seu livro-texto próprio, à espera de uma teoria que as una.

Quando a separação das forças forte e eletrofraca, o universo era um oceano de quarks, léptons e suas contrapartes antimatérias, ao lado de bósons (partículas que tornaram essas outras partículas capazes de interagir umas com as outras), nenhuma delas divisível.

Os fótons pertencem à família dos bósons. Os léptons mais famosos são os elétrons e os neutrinos. Os quarks vivem dentro dos núcleos atômicos e possuem nomes abstratos como: up e down; strange e charmed; top e bottom.

O nome “bóson” é derivado do nome do físico indiano Satyendranath Bose. Lépton vem de “leptos”, pelavra grega para leva, pequeno. Já quark vem da frase “Three quarks for Muster Mark”, da obra Finnegans Waje, de James Joyce.

A era quark-lépton do Universo, o primeiro trilionésimo de segundo do Cosmos promoveu a descoberta de um outro estado da matéria: a sopa de quarks, assim batizado em 2002. Foi uma era em que quarks adensavam o Universo.

Alguma das separações de força que vimos deu origem a uma assimetria cósmica, na qual partículas de matéria eram mais numerosas do que partículas de antimatéria. Esse pequeno desequilíbrio (1 partícula a cada bilhão), é o que permite que existamos hoje. Caso esse desequilíbrio não existisse, toda a massa do universo teria sido aniquilada antes do primeiro segundo da existência do Universo; somente restariam fótons, ou seja, luz e nada mais.

Após mais um período de inflação, a temperatura do Universo se reduziu abaixo de 1 trilhão de graus Kelvin. Passara-se um milionésimo de segundo desde o Big Bang, e o Universo não tinha mais temperatura ou densidade suficiente para cozinhar quarks. Agora era possível a união entre essas partículas, dando origem aos hádrons (da palavra grega hadros, que significa grosso). A transição quark para Hádron produziu prótons e nêutrons, além de outras mais pesadas – todas elas combinações de quarks.  

Durante a era hádron, os fótons não tinham mais a energia necessária para formar novos pares quark-antiquark – Sua E era menor do que a mc2 dos pares a serem criados, conforme a equação E = mc2 de Einstein. O mesmo ocorreu quanto à criação de pares hádron-anti-hádron. A cada 1 bilhão de aniquilações de quarks gerava 1 bilhão de fótons, mas apenas um hádron sobrevivia. Estes hádrons deram origem a galáxias, estrelas e planetas – e pessoas, claro.

Então o processo anterior se repetiu para os elétrons e pósitrons, que se aniquilavam e davam origem aos 1 elétron em 1 bilhão. O Universo era invadido por um mar ainda maior de fótons, ao passo que os demais elétrons e pósitrons morriam.

Enquanto o cosmos esfriava, com temperaturas que ficavam abaixo de 100 milhões de graus, prótons se uniam a prótons e nêutrons, formando núcleos atômicos. O Universo criado era composto de 90% de núcleos de hidrogênio e 10% de hélio (havia também deutério, trítio e lítio).

Passaram-se até aqui dois minutos da criação. Pelos 380 mil anos seguintes quase nada muda. Os elétrons tinham ampla liberdade para vaguear entre fótons, até que a temperatura do universo reduziu abaixo de 3 mil graus Kelvin (cerca de metade da temperatura da superfície do Sol). Foi então que os elétrons assumiram posição em órbitas ao redor dos núcleos atômicos. Nasciam os átomos como os conhecemos. Tais átomos estavam inseridos em meio a fótons. Foi assim que partículas e átomos formaram o universo primordial.

Atualmente, em qualquer parte do Universo existe a impressão digital cósmica de fótons de micro-onda à temperatura de 2,73 graus, uma redução de mil vezes nas energias dos fótons desde o nascimento dos átomos.

Mas resta o grande questionamento: O que existia antes do início? Os religiosos tendem a crer que alguém deu o chute inicial em tudo, dando início à cadeia de fenômenos que se sucedeu. Para eles, a resposta é Deus, seja ele qual for.

Para a ciência, talvez tudo já estivesse aí, desde sempre... enfim, resta “apenas” achar evidências, provas...   
   

Rubem L. de F. Auto


Fonte: livro “Origens: catorze bilhões de anos de evolução”    

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

10-43 SEGUNDOS... O COMEÇO DE TUDO!


10-43 SEGUNDOS... O COMEÇO DE TUDO!

Há cerca de 14 bilhões de anos, aquilo que chamamos de tudo, ou de universo, ou de toda a matéria existente cabia numa cabeça de alfinete. Tudo, todas as forças básicas da natureza estavam concentradas num ponto cuja temperatura alcançava inimagináveis 1030 graus Celsius. Este estado de coisas persistiu até o instante 10-43 segundos (1 dividido por 1, seguido de 43 zeros). Este instante foi o momento a partir do qual todas as leis da matéria passaram a fazer sentido.
Nesse momento, buracos negros surgiam espontaneamente, desapareciam e voltavam a surgir a partir da energia, mantida no interior de um campo de força unificado (reunia todas as forças da natureza em si). Toda essa energia contida formava uma estrutura esponjosa e espumante que, ao borbulhar, tornou a estrutura do espaço-tempo curvada. Ainda não era possível distinguirem-se os fenômenos da teoria da relatividade geral (válida para grandes corpos) e da mecânica quântica (que estuda as estruturas subatômicas).
Ao se expandir ainda mais, o Universo esfriou, o que fez a força da gravidade se destacar das demais. Um pouco mais tarde, as forças nuclear forte e a eletrofraca (ambas mantém os núcleos dos átomos coesos) se separaram. Tal fenômeno liberou uma enorme quantidade de energia. A expansão resultante foi uma rápido aumento de dez vezes na qüinquagésima potência no tamanho do universo. Essa inflação do universo foi de tal monta que esse período do nosso Universo foi batizado de “época da inflação”. Essa expansão estendeu e suavizou a matéria e a energia. A partir de então, as diferenças de densidade entre pontos distintos do Universo foi reduzida para menos de 1 por cem mil.
Todo o cenário até aqui descrito é declaradamente especulativo. A partir de agora, todos os fenômenos descritos foram confirmados em laboratórios.
O universo ainda era quente, muito quente. Ao ponto de fótons converterem sua energia em pares de matéria-antimatéria. Esse pares, pouco após, colidiam e voltavam a se tornarem fótons. Interessante notar que a separação das forças, no período anterior, não manteve a simetria entre matérias e antimatérias, o que levou a um excesso de matérias em relação às antimatérias: 1 a mais a cada 1 bilhão de pares.
Foi justamente esse desequilíbrio que permitiu a criação do Universo como ele é. Caso contrário, o Universo seria composto apenas de luz e nada mais.
Conforme o Universo esfriava, a força eletrofraca se dividiu em força eletromagnética e em força nuclear fraca. A queda da energia dos fótons levou à cessação da criação de pares de partículas matéria-antimatéria a partir dos fótons que já existiam.
Durante um período crucial de apenas 3 minutos, a matéria se transformou em prótons e nêutrons. Muitas desses prótons e nêutrons se combinaram e formaram núcleos atômicos simples. Elétrons, que perambulavam livremente, dispersaram os fótons, o que reduziu a luz, dando origem a uma espécie de sopa opaca composta por matéria e energia.
Mais algum tempo, e o Universo esfriou até uns milhares de graus Celsius – ainda um pouco mais quente do que um alto-formo -, o que permitiu que os elétrons se movessem mais lentamente, permitindo-se assim que eles fossem capturados por núcleos atômicos que deles se aproximassem. Assim nasceram os primeiros átomos de hidrogênio, hélio e lítio.
O Universo era agora transparente à luz visível. Esses primeiros fótons, capazes de atravessar o Universo livremente, formam a radiação cósmica de fundo, observável em micro-ondas.
Os primeiros bilhões de anos do Universo foram marcados por expansão e esfriamento. A matéria gravitava e se concentrava, dando origem às galáxias. Bilhões de galáxias, compostas por bilhões de estrelas, cada qual passando por fusão nuclear extrema em seu núcleo. As fusões nucleares ocorridas em estrelas com massa superior a 10 vezes a massa do Sol forma capazes de originar dezenas de elementos essenciais à vida. As explosões das estrelas em supernovas espalharam esses elementos por todo a galáxia, enriquecendo-as quimicamente.
Cerca de 7 a 8 bilhões de anos após as primeiras supernovas, surgiu uma estrela medíocre, o nosso Sol, numa região medíocre (o braço de Órion), de galáxia medíocre (a nossa Via Láctea), numa região medíocre do Universo (a periferia do superconglomerado de Virgem).
A nuvem de gás a partir da qual surgiu o nosso Sol era pesada, a ponto de reunir matéria suficiente para gerar planetas, asteróides e cometas, aos montes. Essa matéria, contida na imensa nuvem de gás, foi se aglomerando e se condensando enquanto circundava o Sol.
Ao longo dE centenas de milhões de anos posteriores, cometas de alta velocidade e outros corpos se chocaram contra os planetas, impedindo assim que surgissem moléculas complexas vida em suas superfícies, originando a vida. Com a redução dos corpos cósmicos, os planetas se esfriaram.
Um deles, que chamamos de Terra, nasceu numa órbita capaz de sustentar oceanos em sua forma líquida. Um pequeno deslocamento adiante ou atrás, originaria vapor de água ou montanhas de gelo. Evidentemente, desprovida de vida.
Os oceanos líquidos e quimicamente ricos, em função de um fenômeno ainda desconhecido, surgiram bactérias anaeróbicas simples, capazes de converterem a imensa quantidade de dióxido de carbono na atmosfera em oxigênio. Este oxigênio sustentou a vida aeróbica que se formou, evoluiu e dominou os oceanos e, posteriormente, os continentes.
Os pares de átomos de oxigênio que formaram o dióxido de carbono, eventualmente, apresentavam-se em trio: o ozônio que, capturado na atmosfera superior, protege a Terra dos fótons ultravioletas emitidos pelo Sol e que são prejudiciais às nossas moléculas.
Toda a diversidade que conhecemos é produto da incrível plasticidade dos átomos de carbono, capazes de se combinarem com uma imensidade de outros, em moléculas simples e complexas.
Quanto aos choques da Terra com objetos cósmicos, embora com freqüência reduzida, ainda ocorre. Há apenas 65 milhões de anos (menos de 2% do que se passou até aqui, desde o Big Bang), um asteróide de 10 trilhões de toneladas atingiu a Península de Yucatán, no México. Mais de 70% da flora e da fauna terráqueas foram eliminadas: todos os dinossauros, entre eles.
Desde então, os mamíferos passaram a contar com um nicho ecológico possível. Um ramo desses mamíferos, os primatas, deu origem a uma espécie, os Homo Sapiens, que evoluiu a um nível de inteligência que o capacitou a criar aquilo que chamamos de ciência.. e a querer saber como chegamos até aqui.


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “Origens: catorze bilhões de anos de evolução”